Nuclear Blaze (PS5) – Review

Há pouco mais de um ano, mais especificamente em abril de 2023, chegava ao Playstation 4 um jogo que recebeu muito menos visibilidade do que merecia, como tantas produções independentes que não contam com a máquina pesada do marketing. Produzido por um homem só, Ludum Dare, como resultado de uma Game Jam, esse é um curioso jogo onde encarnamos um bravo membro do corpo de bombeiros lutando contra um incêndio de proporções épicas em uma instalação industrial pouco convidativa, e que quando sobra um tempinho ainda consegue resgatar alguns gatinhos perdidos, tudo isso com a coragem e seu tanque de água.

Eis que recebemos com entusiasmo a notícia sobre a versão nativa do Playstation 5 chegando este mês como uma atualização sem custos para quem já tinha o jogo, com alguns incrementos importantes. Depois de experimentar uma vez mais esta aventura que nos coloca frente a frente com chamas (quase) invencíveis, é um verdadeiro alívio dizer que o jogo se mantém essencialmente o mesmo, e exatamente por isso, tudo o que foi dito na análise da versão anterior continua válido. Recomendo a leitura do review publicado para uma melhor compreensão dos aspectos narrativos, de jogabilidade e de direção artística do jogo, todos temas muito bem resolvidos desde sempre.

A nova versão recebe uma importante adição, o suporte aos 120 frames por segundo, tornando a jornada ainda mais fluida. Obviamente precisando de uma TV com suporte a essa funcionalidade, é surpreendente como uma produção em pixel art ganha com a frequência maior, principalmente nos momentos de mais intensidade da ação, como explosões com várias fontes incendiárias, por exemplo. Para efeitos de comparação, instalei ambas as versões – PS4 e PS5 – para avaliar, e mesmo não tendo os olhos tão apurados como uma Digital Foundry, a evolução é perceptível. Se não é uma necessidade, é uma melhoria muito bem-vinda.

Outra adição interessante foi o suporte às funções hápticas do DualSense, talvez o acréscimo mais significativo para uma versão nativa do console da atual geração da Sony. A sensação de urgência se intensifica com a sutiliza do peso dos gatilhos e mesmo para quem desliga (ou ameniza) o impacto dos gatilhos nas configurações por ser cansativo ou pelo receio do desgaste, aqui vale a pena usar em sua plenitude por ser uma experiência mais curtinha e contida. A sensação de intensidade do fluxo de água ajuda muito na percepção de imersão na jornada desse corajoso bombeiro.

Com uma direção de arte muito assertiva naquilo que propõe, estes complementos não se colocam como protagonistas de uma nova edição, mas sim como suporte para aquilo que há de melhor em Nuclear Blaze brilhar. Se o jogo tem suas limitações em escopo e duração, algo que o faz funcionar bem por não se alongar demais, jogar novamente pode ser uma ótima pedida para quem já é fã ou estava aguardando uma chance para experimentar. Não houve, porém, uma compatibilidade com o meu save game anterior, e portanto tive que começar de novo, o que se traduziu também em uma nova leva de troféus para as mesmas ações. Entre prejuízos e benesses, o saldo se prova bastante positivo.

No conjunto da obra, uma nova versão nativa para o Playstation 5 torna aquilo que já era muito divertido algo ainda melhor. Nenhuma das adições é extremamente indispensável, mas considerando que é uma atualização gratuita para os donos da versão original, é uma ótima desculpa para retornar a esse mundo. Quem ainda não teve a oportunidade de jogar, certamente tem aqui a melhor experiência possível de um dos pequenos-grandes jogos do ano passado. Boas ideias, como bem destaquei no review original, não precisam necessariamente de virtuosismos gananciosos para se provarem divertidos, mas refinamentos pontuais podem sim valorizar o que já funciona bem.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Deepnight Games.