Um jogo depende de vários quesitos para se dar bem com o público. É preciso que ele divirta, tenha uma história intrigante e chamativa, gráficos polidos e um gameplay bom. Isso, claro, nem sempre é sinônimo de títulos bons, já que existem diversos fatores que podem atrapalhar e/ou ajudar. Em Nobody Saves the World, várias sensações podem ser sentidas ao mesmo tempo, dentre elas, a raiva e o desespero.
Nobody Saves the World é um dos jogos mais leves que já baixei, pesando pouco mais de 800 MB. Os jogadores podem olhar para esse fato e julgá-lo de alguma forma, mas devo dizer que este é um daqueles títulos que você não dá nada, mas acaba se surpreendendo conforme ele se desenrola.
Nobody Saves the World narra a história de um “Zé ninguém” que chega num lugar mágico, completamente nu, e sem saber de onde vem ou o que está fazendo ali. Ao procurar por respostas numa das casas das redondezas, você descobre que o Nostramagus, um dos maiores magos que existe, simplesmente desapareceu, deixando todos completamente desolados e sem esperança contra a calamidade.
Como já é de praxe, seu personagem (que não possui uma identidade), encontra a varinha mágica do mago e descobre que pode se transformar em várias outras personalidades distintas. Mesmo sem ter relação com o caso, ele se solidariza com o assistente mala de Nostramagus e tenta ajudá-lo nessa busca.
Logo no começo de Nobody Saves the World, você já consegue ter uma ideia da insanidade que o aguarda lá na frente. Uma das coisas que eu achei interessante, foi que os habitantes dessa terra se questionam sobre o porquê você estar pelado e ter os olhos vazios. Este é um detalhe que faz diferença, pois mostra que a estranheza daquela personalidade não é notada apenas pelo jogador, mas também pelos NPCs do jogo, dando uma maior imersão.
Nobody Saves the World é um RPG de ação que traz tudo aquilo que os fãs do gênero adoram, e um deles é a exploração. Assim como em qualquer outro RPG, aqui você precisa de coisas específicas para atravessar determinadas partes do mapa. No caso de Nobody, esses utensílios vêm em formato de novas personalidades para se transformar, sejam elas tartarugas, sereias ou até mesmo zumbis. E é justamente aí nessa transmutação que o jogo brilha.
Embora tenha muito a se fazer, o maior destaque do jogo são as transformações. Elas que são as responsáveis por tudo aqui, desde a liberação de novas passagens, até a execução de missões secundárias. Em uma delas, por exemplo, você precisa conversar com um cavaleiro como um rato e testar a força dele, e para ganhar, é necessário subir seu ranque.
E por falar em ranque, essa foi uma forma muito legal de incentivar o jogador a testar cada uma das transformações. É necessário cumprir missões específicas para cada um, e conforme você avança, novos ranques são alcançados e outros personagens vão sendo desbloqueados. Talvez a parte chata aqui para alguns seja a repetição das quests. Elas não são muito elaboradas e consistem em, basicamente, usar uma skill específica num determinado número de vezes. E existe um padrão, pois todos pedem as mesmas coisas e nos mesmos níveis, mas com base nas habilidades de cada um, claro.
As missões secundárias podem vir de várias formas, e uma delas parte da “filiação” a alguma guilda. Na verdade, esses clãs fazem parte da história principal, então você é obrigado a afiliar-se a eles para prosseguir.
Faltou aqui, talvez, uma “autenticidade” em relação a isso. Seria interessante se o Nobody pudesse conquistar habilidades ou itens específicos se pudesse juntar-se a apenas uma dessas guildas. Esse fato aumentaria mais o fator replay, pois deixaria o jogador curioso para saber como o personagem se desenvolveria se tivesse pegado outro caminho.
Mas obviamente que esse ponto não torna o jogo inferior ou catastrófico. São pontos de melhoria importantes, mas que não tiram o objetivo do título para com o jogador, que é o de divertir.
Na sua saga em busca pelos cacos de joia, restaurar a pedra e acabar com a calamidade, será preciso encarar diversas dungeons e outras opcionais. Esta última, como o nome já diz, embora não seja obrigatória, ajuda demais na hora de subir o nível de transformação dos personagens e o de aventura.
As dungeons funcionam como um gênero roguelite. No começo elas não apresentam um desafio absurdo, mas as coisas vão piorando conforme se progride. Além disso, caso você morra e volte para o mesmo lugar, tudo poderá estar diferente, até mesmo a quantidade de inimigos.
Para facilitar um pouco as coisas, existe um modo cooperativo local e online. No primeiro modo mencionado, você e um amigo unem forças para derrotar os inimigos mais rapidamente. O bacana aqui é que o segundo jogador usa as suas transformações, acarretando o aumento de nível de seus personagens de forma muito mais rápida. O modo coop torna até mesmo algumas side quests mais fáceis, como a do tiro ao alvo, que requer muita destreza e habilidade para acertar vários alvos de uma vez só.
Já o modo online não foi possível testar, infelizmente. Durante muito tempo eu fiquei na fila de espera e nada acontecia. Não tinha nenhuma sala disponível e ninguém entrava na que eu criei. É uma pena não ter funcionado, pois existem coisas importantes que deveriam ser analisadas aqui, como a conexão em si e se o jogador do outro lado também assume as suas transformações ou não.
Para harmonizar com esse conceito, Nobody Saves the World apresenta gráficos lindos e caricatos, fato que condiz muito bem com a proposta do título. Porém, ao mesmo tempo em que tudo é muito bonito de se ver, o excesso de cores e explosões podem fazer com que você se perca no meio do fogo cruzado e morra de forma desnecessárias diversas vezes.
Mesmo com alguns pontos negativos, Nobody Saves the World não fica devendo em nada no quesito diversão e longevidade. Caso você queira explorar cada canto desse mundo e fazer todas as side quests, serão necessárias mais de 15 horas para chegar ao final. E ainda que exista uma certa repetição na aventura, o uso de várias gírias em PT-BR nos diálogos e a enorme gama de possibilidades com as skills, tornam o título ainda mais chamativo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Drinkbox Studios
Veredito
Nobody Saves the World não é nenhum jogo de grande produção, mas sua simplicidade consegue conquistá-lo facilmente – mesmo com alguns pequenos defeitos, como a repetição e a exploração um pouco cansativa.
“Nobody Saves the World” is not a masterpiece, but its simplicity manages to easily win you over – even with some small flaws, such as repetition and a bit tiresome exploration.
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