Existem poucas séries tão carismáticas quanto Hyperdimension Neptunia, a ideia de personificar a ‘’guerra entre consoles’’ pode parecer boba, mas quando vem acompanhada de um charme descontraído, ela acaba cativando o jogador. Em Neptunia: Sisters vs Sisters, a nova ameaça são os próprios smartphones, que agora inseridos nesse conflito, se demonstram ser um perigo ainda maior para as Deusas dos videogames tradicionais que estamos acostumados.
A história começa quando o grupo de caçulas, Nepgear, Uni, Rom e Ram, decidem investigar o motivo por trás de raças de monstros diferentes estarem cooperando enquanto estão perto de Planeptune. Como as irmãs mais velhas estão ocupadas investigando um pedido de SOS misterioso do Continente PC, o trabalho acaba caindo em cima das novatas que até então não suspeitam de grandes problemas.
Chegando em seu destino, as protagonistas são aprisionadas e colocadas em um sono profundo por dois anos. Ao acordar elas descobrem que o mundo de Gamindustri não é mais o mesmo, as pessoas perderam a fé nas Deusas e seus consoles e agora passam o tempo inteiro presos na tela de seus celulares. Isso acaba enfraquecendo o poder de todas as nações que por consequência são atacadas por uma nova entidade secreta que a cada dia fica ainda mais poderosa.
A narrativa é contada no tradicional estilo Visual Novel que a franquia adota desde seu primeiro título, acompanhado de lindos sprites 2D, onde personagens se movimentam naturalmente enquanto dialogam, se expressando melhor do que em Neptunia x Senran Kagura (2022) que em muitos possuía animações um pouco robóticas. A dublagem também não deixa a desejar, captando muito bem a personalidade de cada integrante da equipe.
Como dito anteriormente, a história é uma grande analogia de como os smartphones passaram a dominar não só a indústria de entretenimento moderna como a internet no geral. Todas as personagens novas possuem alguma ligação com nomes de celulares, hordas de inimigos são referidos como ‘’Trendioutbreaks’’ e existe até uma paródia do Twitter chamada Chipher, onde é possível ler mensagens e aceitar missões secundárias.
É interessante ver como uma franquia que mesmo tão enraizada na cultura dos consoles, não tem medo de olhar ao seu redor e ver como os tempos mudaram. Apesar de aparecerem sob um olhar negativo por boa parte do tempo (tanto fora e dentro do jogo), em momento algum o jogador é convidado a escolher um lado específico.
O título justamente abraça essas mudanças culturais que nossa indústria vem passando por conta dos celulares e celebrando seus aspectos positivos, especialmente na forma como ele consegue conectar pessoas de todo mundo e backgrounds tão diferentes.
Sendo um spin-off, o jogo é inclinado para um lado mais ação, deixando para trás o sistema de turnos que os títulos principais da franquia costumam adotar. O jogador irá gastar pontos de habilidades para realizar combos, e ao finalizar, pode começar outra cadeia de golpes trocando para um novo membro da equipe.
A ideia do combate em si é boa, cada personagem funciona de forma bastante distinta o que estimula o jogador a testar diversas composições de equipe e encontrar seu melhor estilo para lutar. Nepgear, por exemplo, é uma típica espadachim, equilibrando seu alcance curte com golpes rápidos e poderosos, enquanto Uni prefere atacar a distância com seu rifle já que possui uma vida relativamente pequena.
É possível também adquirir novas habilidades utilizando o sistema chamado Disc Development, onde o jogador constrói ‘’aplicativos’’ novos, e porventura, aprende golpes para equipar em cada uma das personagens.
Apesar de boas ambições, é impossível não reparar como a jogabilidade é mais travada do que em outros títulos da franquia. Atacar um inimigo quase não causa impacto, dando a sensação de que se está batendo no ar, diferente do que acontecia em Hyperdimension Neptunia U: Action Unleashed (2014), onde era muito satisfatório acertar hordas de monstros.
A movimentação também deixa a desejar, embora ela possa melhorar com os upgrades corretos, o jogador pode acabar passando horas com um personagem que parece muito pesado de se controlar, deixando difícil se esquivar ou se movimentar de ataques mesmo que sejam lentos.
A performance do título também não é das melhores, apesar de ter uma versão nativa de PS5, o jogo roda a 30 fps e não possui opções alternativas mesmo com um visual extremamente datado. É uma decisão estranha já que Megadimension Neptunia VII (2015) e Cyberdimension Neptunia: 4 Goddesses Online (2017) conseguem alcançar uma taxa de quadros maior, além de terem gráficos mais atraentes.
Esses detalhes acabam prejudicando um pouco a experiência que, dando uma sensação de ser mais um jogo ‘’barato’’, me fizeram desejar estar jogando títulos antigos da série. Talvez se o modelo de combate fosse por turnos como é conhecido tradicionalmente, fosse mais fácil ignorar esses defeitos.
Neptunia: Sisters vs Sisters pode não ser a melhor entrada da franquia, mas é longe de ser ruim. Fãs veteranos ou novatos que buscam uma experiência mais descontraída comparada com títulos modernos podem encontrar bons momentos na narrativa.
Se o que busca no título é algo mais leve e descontraído, momentos fofos e uma leitura bem humorada, então pode até ser uma boa recomendação. Caso queira algo complexo e com uma jogabilidade mais fluida, acaba sendo melhor olhar para os títulos mencionados neste texto.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Idea Factory International.
Veredito
A melhor forma de descrever Neptunia: Sisters vs Sisters é falar sobre sua experiência casual. Se você está procurando por momentos fofos e engraçados, então o jogo pode ser uma boa pedida – só não espere muito de seu combate.
The best way to describe Neptunia: Sisters vs Sisters is to talk about its casual experience. If you’re looking for cute and funny moments, then the game might be a good fit – just don’t expect too much from its combat.
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