Morphite

Morphite é um jogo sobre exploração espacial que conta a história de Myrah Kale, uma jovem astronauta que vive e trabalha em uma estação espacial e que, em uma das suas viagens, redescobre a poderosa e rara substância que dá título ao jogo e que as lendas diziam ter desaparecido por todo o sempre.

Desenvolvido pela Blowfish Studios e publicado pela Crescent Moon Games, responsável por dezenas de jogos para mobile, Morphite lembra bastante o polêmico No Man’s Sky. O looping de gameplay básico é o mesmo: o jogador explora planetas gerados proceduralmente, coletando recursos para melhorar a sua nave e equipamento, com um pouco de combate em primeira pessoa e alguns momentos pilotando a nave.

Fora essas semelhanças à primeira vista, Morphite faz o suficiente para se diferenciar de No Man’s Sky. Ele tem um foco muito maior na narrativa, tentando capturar a sensação de descoberta e maravilhamento que permeia as melhores obras de ficção científica. Infelizmente, não há sucesso nisso, já que temos aqui um roteiro bem medíocre e desinteressante, incapaz de deixar o jogador minimamente engajado.

Um dos principais pontos do roteiro é que a cada novo fragmento de Morphite descoberto por Myrah, ela vai tendo novas visões sobre a história do universo e sobre algo sinistro se aproximando no horizonte, cabendo à astronauta salvar o universo com a ajuda de NPCs responsáveis por alguns dos piores diálogos já escritos na história dos videogames. Basicamente todas as piadas do jogo são ruins e ficam ainda piores com a dublagem bastante fraca, que parece ter sido feita em um porão.

Uma das decisões mais interessantes do jogo é misturar planetas gerados proceduralmente com alguns outros pré-construídos. Enquanto boa parte da exploração se passa nos primeiros, as missões da história do jogo se passam no segundo tipo e apresentam uma variedade maior de desafios, desde desafios de plataforma mais complexos a chefes, além de um cuidado visual muito maior, tanto nos ambientes quanto nas criaturas que existem nestes planetas. Em comparação, os planetas gerados proceduralmente parecem vazios, seja de objetivos ou personalidade.

Explorar esses planetas que compõem os diferentes sistemas solares de Morphite é, honestamente, uma perda de tempo. Tudo acaba se tornando chato ou entediante depois das primeiras vezes e passar por esses planetas se torna mais uma obrigação do que algo que se quer fazer, em especial por serem áreas muito pequenas (mesmo considerando que os planetas pré-construídos não são muito grandes também).

O estilo visual de Morphite é uma das características que mais chamam a atenção graças à combinação entre gráficos poligonais, cores vibrantes e designs bem legais da vida natural dos planetas que, combinado com a trilha sonora, funciona muito bem para lembrar o clima dos filmes de ficção científica dos anos 80. Se agrada bastante no começo, acaba perdendo um pouco do charme pela repetitividade dos ambientes depois de algum tempo.

Existem algumas boas ideias mecanicamente no jogo. O jogador utiliza basicamente uma pistola para atacar, um scanner para obter informações sobre os animais e vegetais dos planetas, e granadas para causar mais dano ou destruir algumas paredes. É uma simplicidade que, ao contrário da maioria das outras coisas do jogo, funciona em favor dele. A possibilidade de vender os dados de criaturas comuns em troca de dinheiro é “interessante” e liberar upgrades melhores ao escanear criaturas raras é o maior incentivo à exploração.

Mas nada disso é suficiente para salvar o jogo. Morphite comete um dos piores crimes que se pode cometer no desenvolvimento de um jogo, que é ser completamente entediante. Não há nada de memorável ou criativo, muito menos algo bom a ser dito sobre ele, sendo impossível sugeri-lo pra qualquer jogador, em especial quando um jogo falha até em ter boas ideias.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Crescent Moon Games.