Comparar o status da franquia Monster Hunter no momento do lançamento dos dois jogos da sub-série Stories é algo interessante e bem válido no momento em que ambos os jogos chegam juntos ao PS4. Enquanto o primeiro título veio ainda no processo de preparação para o lançamento de Monster Hunter World, o segundo título, Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin, já é fruto de uma nova fase.
Lançado poucos meses depois do título mais recente da série principal, Monster Hunter Rise, Wings of Ruin meio que surfa num momento de maior popularidade e estabilidade para a franquia, já estabelecida naquele momento como a segunda ou terceira grande força da Capcom, claramente atrás apenas de Resident Evil e Street Fighter.
Com isso, Wings of Ruin é uma grande evolução em relação ao seu antecessor, construindo sobre várias das ideias e conceitos que já haviam sido apresentados no primeiro título, fazendo dele um título muito mais atraente para os jogadores interessados em conhecer mais sobre o universo de MonHun. Afinal, desde seu lançamento original em 2021 para Nintendo Switch e um pouco depois para PC, ele passou a ser amplamente visto como um dos melhores RPGs lançados naquele ano.
Ao contrário do anterior, há uma construção um pouco maior do universo em torno do protagonista de WoR. Neto de um lendário Montador conhecido apenas como Red, a história gira em torno da investigação por trás do que aconteceu com seu avô e como o seu desaparecimento está relacionado ao início de uma série de eventos cataclísmicos que estão colocando o mundo cada vez mais próximo do seu fim.
Afinal, qualquer coisa que possa resultar no desaparecimento em massa dos Rathalos do planeta precisa ser investigado urgentemente. Acontece que, por “coincidências do destino”, o protagonista acaba conhecendo não só Ena, uma garota Wyveriana, mas também o próprio Guardião Ratha, o antigo Rathalos parceiro de seu avô, recebendo um raro ovo de Rathalos de asas negras, algo visto por muitos como mais um presságio do fim do mundo, o lendário Rathalos Asassalador.
Cabe então ao protagonista, seu Rathalos e um progressivamente crescente grupo de amigos investigar o que está acontecendo, qual a verdadeira posição do seu Rathalos nessa profecia catastrófica e qual a relação dele com o cada vez maior número de monstros com olhos rosas enraivados espalhados por aí e os poços emitindo uma luz com a mesma tonalidade.
Narrativamente, Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é um jogo muito melhor trabalhado, com uma história que, apesar de se desenvolver de forma bem similar ao seu predecessor, incluindo aí o mistério central sobre um misterioso elemento que está fazendo com que os monstros percam o controle, consegue fazer isso melhor e de forma mais envolvente. Ainda é uma história que mantém o tom leve que a série adota, mas, comparativamente, é mais Digimon do que Pokémon em questão de estilo narrativo.
Por essa razão, independente da sua idade, o jogo consegue prender o jogador ao desenrolar da história, ainda que não seja nada de muito revolucionário. Ele faz o “feijão com arroz” de forma extremamente competente e isso por si só já o eleva a um nível superior ao anterior. Os personagens também contribuem bastante para isso, sendo em sua grande maioria bem divertidos.
Ajuda bastante também que o gameplay entre os momentos de história são muito divertidos, com tanto o combate quanto a exploração sendo, novamente, bem divertidos. A exploração alguns novos elementos, mas ainda segue a mesma estrutura de andar por aí normalmente montado em um Monstie coletando itens e batalhando, mas agora em mapas um pouco maiores.
Já o combate é, essencialmente, o mesmo sistema visto no primeiro jogo, sendo um sistema de batalha por turnos em que você determina as ações do seu Montador, não tendo controle direto sobre os demais membros da sua equipe, que é constituída por um dos seus Monsties e alguns companheiros convidados. Agora é possível quebrar partes específicas dos monstros, tornando-os assim mais vulneráveis, com o jogo te dando a opção não só de trocar de arma durante o combate, mas também trocar o seu Monstie ativo para melhor explorar o triângulo de tipos de ataques e habilidades (que foi bem expandido aqui).
Baseado no sistema de “pedra-papel-tesoura” (ou algo similar ao triângulo de armas de Fire Emblem), você e seus Monsties tem diferentes tipos de ataque que podem ser usados, sendo eles Golpe Forte, Golpe de Velocidade ou Golpe Técnico. Golpes Fortes ganham duelos diretos contra Golpes Técnicos que ganham de Golpes Rápidos que ganham de Golpes Fortes.
O jogo não te diz diretamente o que seu inimigo irá fazer além de quem exatamente ele irá atacar, mas existem várias dicas de como eles agirão. Inimigos também pode ficar com raiva, mudando assim o seu padrão de ataque e forçando o jogador a estar atento para se adaptar, mas no geral é um sistema fácil de entender e dominar e funciona bem para o que o jogo pretende.
Um ponto interessante é que os menus ficaram mais diretos e simples, sendo mais fácil se valer dos recursos coletados para criar itens durante a exploração e usá-los em combate como itens de cura ou de ataque. É possível, ainda, como já é de se esperar de um bom Monster Hunter, coletar materiais para construção de equipamentos mais poderosos. Cabe aqui dizer que o sistema de recompensas em batalha também ficou mais claro, sendo fácil saber o que é necessário fazer para ganhar recursos melhores em combate.
Por último, cabe apontar que, embora não seja necessariamente um remaster, já que é um jogo portado entre consoles da “mesma” geração, há um salto visual bem agradável entre o primeiro e o segundo jogo, com as animações, modelos de personagem e mapas bem mais vivos. Isso não quer dizer que ele não tenha o mesmo estilo gráfico mais cartunesco do primeiro jogo, mas o sistema de iluminação melhorado e a possibilidade de explorar áreas à tarde ou à noite ajudam a dar mais variedade e até um pouco mais de seriedade ao jogo.
Portanto, considerando todo o pacote, fica claro que Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é, de fato, um RPG que merece todos os elogios recebidos por ele no seu lançamento original em outras plataformas. O ritmo do jogo é agradável, a história vai te prendendo e o combate é divertido e engajante o suficiente para te prender sem muito compromisso por algumas boas dezenas de horas.
Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin é uma clara evolução em seus sistemas em comparação ao primeiro jogo, entregando uma história ainda melhor e um combate mais divertido. É um excelente jogo para fãs da franquia.
Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin is clear evolution of the systems of the previous game, delivering an even better story and more fun combat. It’s an excellent game for fans of the franchise.
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