O ponto alto de jogos que demandam conteúdo em quantidade e de forma recorrente é o lançamento de suas grandes expansões. Monster Hunter é uma franquia que vem tendo sucesso com seu conteúdo de qualidade e, agora, chegou a vez do PS4/PS5 poder aproveitar tudo o que a imensa expansão para Monster Hunter Rise traz ao jogo.
Sunbreak é o pacote de conteúdo que promete expandir Rise e fazer as mudanças necessárias para a jogabilidade, mas também trazer as novidades importantes que o estilo de jogo pede e muito mais. Se a Iceborne renovou World de forma considerável com bastante qualidade, já posso afirmar que Sunbreak faz o mesmo para Rise, talvez indo até além ao deixar de lado o que não funcionou e focando naquilo que faz a série um sucesso.
A nova campanha coloca o caçador enfrentando monstros oriundos de uma outra região. Tendo que viajar ao posto avançado de Elgado, é descoberto que variações de monstros estão surgindo por diversas áreas. Sem um motivo aparente, cabe ao caçador ajudar a descobrir esse mistério e enfrentar novos perigos nessa empreitada. Novos monstros, variações de monstros anteriores, uma nova hub central, novos mapas completos, endgame renovado e são a base das novidades da expansão.
Algo que mudou praticamente nada é a estrutura de jogo, seja para a campanha/missões ou narrativa. Apesar de maior foco em cutscenes e melhor explicação dos eventos através disso, não espere uma narrativa tão elaborada e sim algo mais perto do que já foi visto no jogo base. Voltamos ao debate se isso realmente é importante em um MH, mesmo tendo World entregue muito mais nessa parte, já que o ideal é o jogador sempre tendo novos desafios, monstros e missões a seguir. De toda forma, fica a sensação de que a fórmula ficou gasta e pouco elaborada aqui e que o “faça x missões para liberar o próximo rank” não é tão atrativo.
De certa forma, a campanha vai servir para introduzir os novos personagens, o posto de Elgado e os novos monstros, assim como direcionar o jogador para o Rank Mestre e tudo o que vai se tornar o novo endgame. Superar essa forma de narrativa é só o base para fazer o que todo jogador procura aqui: farmar monstros e criar sets de armas e armaduras perfeitas.
Das grandes novidades, ficam destaques para os novos monstros – principalmente a trinca principal de feras – e as variações de antigos, aprimoramentos na jogabilidade quanto às habilidades com cabinsetos e forma de uso, mas principalmente a um ajuste essencial e que pode ser padrão na série de agora em diante, que são os parceiros de caçada.
Indo direto a esse último ponto, agora é possível levar até 2 parceiros NPC em caçadas. Isso é muito útil caso queira jogar offline ou não encontre outros jogadores para suas caçadas específicas. Os parceiros vão trabalhar de forma independente, usando suas armas e habilidades pré definidas, abusando do cenário e sendo efetivos de diversas maneiras. Por exemplo, enquanto um planta armadilhas e usa de artifícios para impedir sua presa de fugir, o outro pode simplesmente sair e montar em outro monstro o trazendo para a batalha. O dinamismo da partida aumenta muito e quase se assemelha às partidas com outros jogadores, sendo uma ótima opção para os que gostam de uma aventura mais solo.
Imagine que as caçadas se tornam quase raids de jogos online mas de forma offline. O seu caçador, seus 2 parceiros peludos (amigato e/ou amicão) e agora até 2 novos caçadores e seus amicães contra um ou mais monstros tornam a experiência algo muito aprimorado. Há ainda missões específicas para esses parceiros, que funcionam como forma de recrutar novos caçadores ou aprimorar sua relação com eles, o que libera melhorias importantes para as caçadas.
Se essa novidade foi uma das que mais me agradou, outra fica por conta da trinca de monstros que são conhecidos como “Os Três Lordes”. Malzendo, Garangolm e Lunagaron trazem batalhas únicas e explosivas, roubando a cena sempre que são os alvos das caçadas e entregam uma experiência surpreendente. Destaque para Lunagaron que, particularmente, coloco como uma das melhores batalhas de Monster Hunter e facilmente no meu top5 de monstros na franquia.
Há diversos ajustes pontuais que a expansão traz, como uma segunda lista de habilidades para sua arma numa espécie de perfil que pode ser alternado a qualquer momento mediante as necessidades da caçada. Outro destaque importante não é algo que o jogo adiciona, mas sim o que ele retira. No caso é qualquer coisa relacionado ao Frenesi, que claramente não funcionou e que não precisava aparecer novamente.
Quanto ao endgame, aqui fica a maior parte do conteúdo e, obviamente, onde o jogador ficará mais tempo concentrado. Como a campanha adiciona novos monstros e variações em quantidade baixa e lenta, cabe ao endgame fazer o restante do trabalho. As principais variações de monstros só surgirão aqui, usando os monstros base em forma de rank mestre, monstros que vieram via eventos, as variações da Sunbreak e outras novidades. Há o suficiente para que jogadores despejam dezenas de horas no endgame se divertindo da melhor forma possível.
Agora, sobre todo esse conteúdo, há algo que me passou pela cabeça com o tempo. Retirando jogadores de Switch e PC, que tiveram o lançamento de forma mais espaçada e com uma boa agenda de atualizações, jogadores de PlayStation e Xbox acabaram recebendo uma enxurrada de novidades num período muito curto. Digamos que em 6 meses, contando o jogo base e todas as atualizações até o lançamento da expansão, foi liberado o conteúdo que chegou em outras plataformas num período muito mais longo.
Meu ponto é que, a menos que você não tenha nenhum outro jogo para partilhar o tempo, Monster Hunter Rise: Sunbreak pode ser um tanto sufocante em atividades para se fazer e deixar o jogador perdido nesse tempo, talvez até com bastante coisa para entender e assimilar antes mesmo de começar. Digo que é fácil investir mais de 100 horas apenas nas duas campanhas e conteúdo de endgame ali sem sequer tocar as missões de eventos.
E com todo esse excesso é possível ver algo relevante a apontar na expansão. Se for analisar apenas o conteúdo novo, como monstros e demais inclusões, temos uma quantidade até pequena quando comparado ao pacote geral. A impressão é de que as atualizações trouxeram mais novidades do que apenas a expansão, que fica mais presa às novas mecânicas, ajustes na qualidade da jogabilidade, atividades e demais aprimoramentos. Importante dizer que isso não fica categorizado como uma reclamação do conteúdo disponível, mas sim das novidades em si.
Ainda assim Sunbreak não é perfeita. Ajustes no sistema de aleatoriedade de amuletos e gemas continuam faltando e há pontos do jogo que ficam dependentes demais da aleatoriedade. De algo extremamente pessoal, a expansão também não valoriza o tempo de jogo investido anteriormente, já que praticamente tudo o que foi investido antes fica obsoleto de uma hora pra outra. Isso é algo comum atualmente e que me incomoda bastante, sendo o fator decisivo pelo qual deixei Destiny para trás. É necessário algo que interprete o tempo investido do usuário e não o descarte de qualquer maneira, ainda que possa ser algo simples. Em Monster Hunter isso poderia ser um vale ou tickets que poderiam ser usados no endgame de alguma forma, seja para itens ou bônus.
No fim, Sunbreak é uma expansão pontual e perfeita para o que Rise demandava. Ainda que não revolucionária, ajusta pontos importantes e necessários da jogabilidade, incrementa com poucas, mas boas ideias, adiciona um bom conteúdo e remove quase inteiramente o que não funciona. Ainda que muito seja mais do mesmo, isso é exatamente o que essas expansões tendem a fazer. Esperemos que os grandes destaques do jogo sejam levados para o próximo título e que muitas novidades estejam presentes.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela CAPCOM.
Veredito
Pontual, mesmo que não perfeita, a expansão Sunbreak traz boas melhorias e conteúdo de qualidade para Monster Hunter Rise. Ainda que muito seja atualização de jogabilidade e mais qualidade de vida ao jogo, há novidades suficientes para prender o jogador e garantir mais dezenas de horas investidas.
Punctual, even if not perfect, the Sunbreak expansion brings good improvements and excellent content to Monster Hunter Rise. Although much is gameplay updates and more quality of life for the game, there are enough new features to hook the player and guarantee more dozens of hours invested.
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