Lançar um novo jogo todo ano de uma série é uma proposição difícil. Especialmente quanto todos os jogos são desenvolvidos pelo estúdio, um ciclo reduzido de aproximadamente para trabalhar em uma nova iteração, corrigir problemas da versão anterior e trazer novidades é algo complicado, especialmente quando parte da sua equipe precisa ficar presa ao lançamento mais recente trabalhando em correções para ele e novos conteúdos nessa era de “jogos de serviço”.
Esse é um problema que assola especialmente jogos de esporte que, ao longo dos anos, desenvolveram a fama de entregarem meras atualizações de elenco ao invés de jogos realmente novos. Enquanto a Sony San Diego sempre se mostrou diferente dos demais ao trazer sempre novidades significativas para a série MLB The Show, esse ano talvez fique marcado como a exceção a essa regra.
MLB The Show 22 sempre iria ter um trabalho difícil pela frente, muito pelo fato de que MLB The Show 21 já havia quebrado vários moldes ao reinventar, dentro das limitações do seu ciclo de desenvolvimento, a franquia para sua chegada à nova geração. E, considerando o quão incrível o jogo anterior já era e a absoluta falta de problemas graves a serem resolvidos, é algo que acaba funcionando.
Isso fica claro já nos primeiros momentos com o jogo, já que nem mesmo os menus foram redesenhados, mantendo o mesmo aspecto e cores do ano passado. E também serve como um bom lembrete do quanto a Sony San Diego acertou com a atual apresentação, com tudo ao seu alcance rapidamente e uma estrutura bastante funcional.
Muito do foco esse ano parece ter sido voltado para melhorar os aspectos técnicos e visuais e em sua primeira partida eles já começam a se mostrar. Percebe-se um claro esforço para trazer maior riqueza de detalhes no áudio (como a forma como a bola bate na luva ou o impacto no taco) e trabalhar melhor a tecnologia de áudio 3D do PS5 o que, junto com um time de comentaristas completamente novo, fica difícil não sentir uma diferença na forma como a experiência é apresentada ao jogador.
Depois de tantos anos, Chris Stapleton e “Boog” Sciambi trazem um certo frescor para a experiência mas, como é de se esperar de qualquer jogo de esporte, ele acaba caindo nos mesmos clichês de frases de efeito sendo repetidas à exaustão e as mesmas linhas de diálogo se apresentando para jogadores diferentes o tempo todo, o que acaba tornando os comentários cansativos e chatos após algumas boas horas de jogo.
Um elemento em que é impossível encontrar defeitos é na evolução gráfica. Houve um considerável esforço em recriar os vários estádios presentes aqui com maior fidelidade e a adição de pequenos detalhes, como cerimônias na abertura dos jogos, uma maior variedade de elementos presentes na torcida e novos ângulos de replays e tomadas de câmera que enriquecem o aspecto visual do jogo.
Felizmente, essas melhorias também foram vistas nos novos modelos de jogadores, com elementos que precisam ser retrabalhados como cabelos e a própria fidelidade visual foi revista e bastante melhorada nessa segunda versão nativa de PS5. Ainda há alguns elementos que precisam evoluir como efeitos de elementos da natureza como chuva e terra com a apresentação visual e seu impacto no jogo, mas, visualmente, já temos grandes melhoras nesses dois primeiros anos.
No que diz respeito ao gameplay, no entanto, MLB The Show 22 viu pouquíssimas melhoras em relação ao ano anterior. A principal novidade fica por conta do novo sistema de PCI Anchor, o indicador de cobertura do home plate, no qual agora é possível “travar” o olho do seu rebatedor em uma determinada área da zona de strike sem precisar manualmente movê-la com o analógico esquerdo a cada nova tentativa de rebatida. É algo bem útil e conveniente e acabou me fazendo finalmente mudar de vez para o PCI apesar da minha resistência desde que essa mecânica foi implantada.
Fora isso, a maior parte das novidades de gameplay são mais referentes a ajustes do que foi feito em anos anteriores do que novidades em si. Erros de timing ou tentativas de rebatidas fora da zona de strike são penalizadas de forma mais consistente e o jogo finalmente parece reconhecer mais precisamente quando você só quer checar seu swing sem automaticamente te penalizar com strike todas as vezes.
O tempo de reação dos jogadores ao tentar pegar bolas colocadas em jogo também parece mais rápido, algo bem útil para quem prefere jogar com outfielders e os indicadores de direção das bolas também se mostram mais consistentes independente da câmera que você estiver usando. Nesse sentido, o jogo parece refletir melhor também a efetiva qualidade de cada jogador, com erros para defensores com ratings piores sendo mais comuns e certas jogadas só sendo possíveis de se executar com jogadores que concorrerão a um Golden Glove.
Em termos de modo de jogo, no entanto, é difícil realmente apontar algo completamente novo ou distinto que ele traz. Diamond Dynasty segue sendo o principal foco da desenvolvedora, recebendo agora um novo modo single-player dentro dele chamado Mini Seasons no qual você enfrentará temporadas com 8 times de fantasia draftados aleatoriamente em temporadas curtas e com boas recompensas.
A grande novidade fica pela reformulação dos Programas vistos dentro do Diamond Dynasty, com diferentes missões e Moments para cada programa e um sistema de progressão reformulado para se parecer mais com os Battle Passes que se vê em diferentes jogos multiplayer hoje em dia do que a estrutura vista antigamente no jogo. É algo bem vindo e divertido, mas visando um público em específico que deverá se focar nesse modo de um jeito ou de outro, não servindo muito para atrair novos jogadores.
Tanto March to October quanto Road to the Show seguem, essencialmente, a mesma coisa, apesar do primeiro trazer um novo sistema de contratação de agentes e livres e o segundo prometer uma lógica reformulada de interação entre o seu jogador e seus colegas de equipe. Na prática, isso é algo bem menor e pouco importante que você não sentirá tanto impacto ao longo da jornada, apesar de ser algo bem-vindo do ponto de vista da imersão (e a possibilidade de criar mais de um jogador esse ano também merece elogios).
Por fim, as duas “grandes novidades” em relação aos modos de jogo são a bem-vinda adição de um modo co-op online, com os jogadores finalmente podendo participar de partidas 2×2 ou 3×3 (incluindo crossplay) e uma completa reformulação do modo Franchise, com um novo sistema de lógica para trocas, contratos, elencos e jogadores de duas posições. São coisas pequenas mas que demonstram o quão pouco ficou de espaço para melhorar em relação ao ano anterior.
Esses elementos todos acabam fazendo de MLB The Show 22 muito mais uma iteração do jogo do ano passado do que propriamente uma experiência completamente nova. Se você é fã de longa data de baseball e já pretende comprar o jogo de toda forma, vai ficar feliz em saber que não quebraram nada tentando reinventar a roda. Se você pulou o ano anterior, há muita coisa para conhecer e se divertir aqui.
No entanto, se você está esperando algo completamente novo ou inédito aqui, aí sim você sairá decepcionado. Ainda existem algumas coisas que o jogo poderia trazer, como times clássicos específicos de cada franquia disponíveis para amistosos, algo presente em outros jogos e que aqui começa a surgir com a adição de elencos de estrelas de diferentes eras, e fica clara a necessidade de se melhorar bastante a estrutura online do jogo, mas, no geral, é uma experiência bem suave e divertida para os fãs do esporte e deverá satisfazer a praticamente todo mundo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.
Veredito
MLB The Show 22 é muito mais uma série de ajustes e pequenas evoluções em relação ao seu antecessor do que um título completamente novo, o que, apesar da roupagem de mera atualização de elenco, o permite continuar entregando um dos melhores simuladores de esporte do mercado.
MLB The Show 22 is much more a series of adjustments and small evolutions compared to its predecessor than a completely new title, which, despite looking like a mere roster update, allows it to keep delivering one of the best sports simulators on the market .
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