O PlayStation VR2 oferece uma experiência bastante realista e imersiva. No entanto, os jogos para a plataforma andam escassos e são poucas as desenvolvedoras que arriscam a lançar um título de uma franquia conhecida construída para a realidade virtual. Indo contra essa maré está a Vertigo Games, que pegou a série Metro e conseguiu desenvolver um excelente jogo no universo criado por Dmitry Glukhovsky.
Metro Awakening é realmente muito bom, mas seu ritmo lento e por ser “realista demais” podem deixar determinados jogadores irritados. Mas vamos por partes.
Metro Awakening acontece em 2028 – cinco anos antes do primeiro jogo da série, Metro 2033 e, consequentemente, antes de suas duas sequências também (Last Light e Exodus). O ambiente, no entanto, ainda continua sendo os metrôs de Moscou e o mundo que conhecemos dizimado pela radiação devastadora.
Neste novo jogo (que não possui legendas em português do Brasil) controlamos Serdar, um médico que parte em busca de sua esposa e de um medicamento que ela precisa. O início da história é basicamente um “walking simulator”, pois explicará com muita calma tudo o que você precisa saber. A esposa de Serdar tem problemas mentais (agravados com a morte do filho) e esse medicamento a ajuda manter sã. No entanto, ela alega que o medicamento a prejudica e decide jogá-lo fora. Com sua esposa causando problemas na comunidade por causa disso, Serdar, sem muita opção, parte em busca do medicamento, mas sem saber que essa jornada ia ser muito mais complicada do que ele esperava ser.
Como já deve ter ficado claro, Metro Awakening é um título criado para o PS VR2. Não é possível jogar sem o headset. Como a série Metro é um jogo de tiro em primeira pessoa, muitos elementos são familiares.
Exceto o primeiro capítulo que mencionei ser uma explicação da história, os seguintes (de um total de 12) possuem elementos de sobrevivência, stealth e ação. E é justamente esse excesso de realismo que, num videogame, pode ser um pouco estressante dependendo do tipo de jogador.
Metro Awakening possui muitas mecâncias de gameplay, mas todas são intuitivas e realistas. Primeiramente, você possui a sua mochila. Nela alguns itens ficam guardados, como os filtros para a máscara e o isqueiro, por exemplo. Colocar a mão na cintura, seja da direita ou da esquerda, permite que você pegue a pistola com sua mão dominante ou uma “seringa-pistola” para curar a sua vida. Essa seringa precisa de âmpolas para ser usada, enquanto que a pistola precisa de munição – é aqui que as coisas complicam um pouco.
A pistola possui uma forma de recarregar realista e, consequentemente, demorada. Nas primeiras vezes que você faz isso, parece algo muito bacana, pois com os controles Sense do PS VR2 é algo muito bem feito. Mas quando a munição acaba no meio de um combate… simplesmente esqueça, se entregue ao inimigo e comece de novo porque é praticamente impossível recarregar a tempo.
Para recarregar a pistola, por exemplo, você precisa tirar o pente vazio, pegar em seu peito um pente cheio (caso tenha munição), colocar na pistola e puxar o clique superior para que a bala vá ao cano. Se tudo isso não for feito, a arma não dispara e é muito comum nas primeiras vezes você começar o combate e só escutar um clique porque alguma das etapas mencionadas não foram feitas.
O que quero dizer com isso é que recarregar uma arma em um videogame costuma ser um simples botão. Em Metro Awakening é um processo um pouco demorado que, ao ser feito pela centésima vez, se torna um pouco entediante. E isso é válido para tudo: pistola, metralhadora, shotgun, besta e até a luz do seu capacete.
No caso da luz do capacete, você a ativa colocando a mão na testa e pressionando o gatilho. Quando a bateria esvazia, é preciso pegar um dispositivo na mochila que fornece energia girando a manivela (este dispositivo é usado também para solucionar puzzles).
O combate de Metro Awakening não é ruim – é bem divertido enfrentar os monstros e humanos pelo caminho. A sensação de terror dada pelos monstros é ótima, inclusive. Mas como há esse aspecto de estar sempre preparado, alguns encontros podem ser frustrantes. Além disso, o jogo recompensa muito quem optar pelo stealth (não ser visto). Então se seu estilo é o de sair atirando em tudo que vê, Metro Awakening talvez não seja uma boa escolha.
O relógio no pulso de Serdar indica se você está visível ao inimigo (se alguma luz entrega a sua localização). Ou seja, uma dica “videogame” num jogo realista, ao menos. O relógio também indica o quanto o seu filtro aguenta em um local radioativo ao estar vestindo uma máscara – algo característico da série.
Aliás, Metro Awakening possui muitas cenas de combate com criaturas e humanos, mas há vários trechos que são basicamente puzzles. É essa mudança de ritmo constante que pode deixar o jogo monótono para alguns jogadores. Pessoalmente, achei o início muito lento, mas depois o ritmo acelera um pouco. Mas é nítido que os momentos de “achar o caminho” causam algumas pausas que faz deixar o jogo lento.
Entenda: não estou buscando um jogo de ação constante, mas é uma mudança brusca. Em um momento você está enfrentando (ou fugindo/desviando) cerca de 15-20 inimigos em uma única sala, enquanto que depois disso você passa por várias salas sem uma única alma viva e solucionando alguns puzzles. Não há um ritmo constante; não é uma montanha-russa: é subir o penhasco e se jogar dele, digamos assim, para subir e se jogar de novo.
No fim, Metro Awakening é um ótimo jogo de realidade virtual. É imersivo, bastante desafiador e provavelmente agradará os fãs de Metro.
Ao mesmo tempo, é um jogo com um ritmo lento e muito realista, portanto determinadas mecânicas se tornam monótonas quando executadas diversas vezes, desde simples recargas a fornecer energia com seu dispositivo. A história também se desenvolve lentamente, então é preciso disposição para esperar pelo seu ápice.
Jogo analisado no PS VR2 com código fornecido pela Vertigo Games.
Veredito
Metro Awakening é um ótimo jogo de realidade virtual. Imersivo, interessante, desafiador e fiel ao universo de Metro. No entanto, o seu ritmo é um pouco lento, a história demora para engrenar e alguns momentos, por serem “realistas demais”, podem acabar sendo estressantes para o jogador.
Metro Awakening is a great virtual reality game. Immersive, interesting, challenging and faithful to the Metro universe. However, its pace is a bit slow, the story takes a while to get going and some moments, because they are “too realistic”, can end up being stressful for the player.
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