Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics – Review
Quando crossovers acontecem no mundo dos games, é sempre um marco na história. Nos anos 90, presenciamos um que sempre é lembrado até hoje: a Marvel com a Capcom. No entanto, como o crossover nunca depende apenas de uma empresa, a licença do produto acaba sendo algo bem complicado, atrapalhando a sua preservação e possíveis relançamentos.
É por isso que Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics chama tanta atenção – é uma coletânea que inclui jogos que nunca foram relançados desde a época em que saíram, assim como traz de volta um título adorado pelos fãs: Marvel vs. Capcom 2.
Para analisar esta coletânea, é preciso primeiro esclarecer o seu conteúdo e depois comentar quais são as melhorias trazidas aos títulos para a era moderna.
Os Jogos de Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics
Nesta seção abordaremos os jogos, portanto se você já os conhece, pode partir para a próxima parte da análise.
The Punisher
Talvez o título mais estranho nesta coletânea por não ser exatamente um jogo de luta, The Punisher é o primeiro título na linha do tempo dos jogos presentes aqui.
Lançado originalmente para Arcades em 1993, The Punisher é um beat’em up no mesmo estilo de títulos como Streets of Rage e Final Fight. As mecânicas são similares aos jogos dessas séries, como coisas como um frango curar vida e um especial que faz você perder vida, caso decida utilizá-lo.
Por ser pensado para Arcade e o jogador gastar fichas, The Punisher pode ser difícil mesmo na dificuldade mais baixa. É possível definir nesta coletânea se deseja fichas infinitas ou uma quantidade determinada, portanto essa parte não afeta tanto o jogador que deseja terminá-lo, obviamente.
The Punisher também conta com um cooperativo para 2 jogadores, inclusive online.
X-Men: Children of the Atom
Os passos da Capcom para chegar ao famoso crossover começaram com os X-Men. X-Men: Children of the Atom é um jogo simples 1×1 em que controlamos alguns dos mutantes.
O gameplay é um tanto quanto limitado para quem decidir jogá-lo atualmente, mas já existiam os Supers (com uma barra bastante confusa localizada perto da barra de vida) e alguns elementos que se tornaram característicos nos jogos da Marvel com a Capcom, como o Super Jump (baixo, cima).
Marvel Super Heroes
Da mesma forma que o jogo dos X-Men, Marvel Super Heroes também é no estilo 1×1 e com um elenco pequeno quando levamos em conta a quantidade de heróis que a Marvel possui (12, além da Anita da Capcom).
É um jogo que tentou inovar um pouco adicionando as Joias do Infinito em seu gameplay. No caso, você pode obtê-las em uma partida realizando ações específicas, como acertar o primeiro golpe (no Arcade, você as obtém derrotando os oponentes). Ao utilizá-las, efeitos como mais dano ou recuperar vida acontecem no combate, por exemplo.
X-Men vs. Street Fighter
Finalmente chegamos ao primeiro crossover. Como dito no início da análise, a presença de X-Men vs. Street Fighter na coletânea é notável porque o jogo basicamente não foi relançado. Ou seja, o título não deu as caras novamente após chegar aos Arcades e mais tarde aos consoles da época: Saturn (que precisava de uma memória RAM adicional, inclusive) e PlayStation (que não permitia usar a mecânica de troca de personagem; somente ao usar duplas trocadas mas iguais). Em outras palavras, até hoje não tínhamos uma versão idêntica à do Arcade de forma acessível em um console.
X-Men vs. Street Fighter adiciona o sistema de duplas. A qualquer momento no combate, você pode trocar de personagem e também realizar Hyper Combos (o nome dado ao Super, basicamente) em duplas.
Com um elenco de 17 personagens, X-Men vs. Street Fighter foi um jogo que marcou época e se tornou muito popular, principalmente nos Arcades do Brasil.
Marvel Super Heroes vs. Street Fighter
O segundo crossover da Capcom é basicamente um upgrade do anterior, mas trocando os X-Men por personagens mais gerais da Marvel. Ou seja, ainda temos alguns como Wolverine e Cyclops, mas o resto do elenco é composto por Spider-Man e Iron Man, por exemplo, assim como alguns que até hoje são um tanto quanto obscuros, como Shuma-Gorath e Blackheart.
O gameplay é bastante similar ao antecessor (ainda são lutas 2×2), mas há uma adição que basicamente se tornou uma base para todos os jogos seguintes: o “assist”. Ou seja, você pode chamar o seu parceiro para apenas realizar um golpe especial e sair, sem a necessidade de trocar para ele naquele momento.
Marvel vs. Capcom
O terceiro jogo crossover da Capcom finalmente expandia o lado da empresa que fazia os jogos. Ou seja, apesar de ainda termos alguns “Street Fighters” como Ryu (que agora se transforma em Ken e Akuma para economizar espaço de personagem), Zangief e Chun-Li, a maior parte são de personagens que você não espera em um jogo assim, como Mega Man e Strider Hiryu.
O elenco é um pouco pequeno: somente 15 personagens, além dos 6 secretos que são basicamente uma versão variada de alguém do elenco, como Shadow Lady ser uma versão de Chun-Li. A única diferente de verdade é Roll (de Mega Man), que possui seus próprios sprites.
Marvel vs. Capcom ainda consistia em lutas 2×2. Mas há um ponto importante: buscando aprimorar a mecânica de assistência do jogo anterior, agora há 20 personagens que podem ser usados especificamente para isso. Você escolhe aleatoriamente na tela de seleção qual usará (ou realiza combinações específicas para o que deseja) e, durante a luta, pode chamá-lo por um número específico de vezes (a quantidade varia dependendo do assist).
Outra mecânica adicionada é o “Variable Cross”. Basicamente você controla os dois personagens ao mesmo tempo e possui Hyper Combos ilimitados enquanto durar.
Marvel vs. Capcom 2
Basicamente o jogo que faz essa coletânea se tornar obrigatória. Marvel vs. Capcom 2 possui um elenco gigantesco de personagens (56) e oferece um sistema de 3×3. Os assists estão presentes aqui, mas são os dois personagens que não estão no combate que o realizam – não só isso, mas você deve escolher qual das três possibilidades de ataque que cada um pode fazer.
Marvel vs. Capcom 2 também inova trazendo cenários 3D e uma trilha sonora com uma “vibe” bem diferente do que havia sido visto até então.
Como é um título com mais de 20 anos e sem ajustes de balanceamento, infelizmente é um jogo que sofre com alguns personagens muito poderosos. Mas, mesmo assim, é divertido independente da época em que for jogado.
Aprimoramentos na Coletânea
Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics oferece a versão de Arcade de cada um dos jogos citados acima. Você pode jogar na versão americana ou japonesa – alguns títulos, como Marvel Super Heroes vs Street Fighter, possuem diferenças significativas dependendo da versão escolhida.
As configurações “EX” de cada jogo possibilitam ajustes como personagens secretos desbloqueados mais facilmente, o que é outro ponto positivo. Nos ajustes de comandos, há uma opção também que pode ajudar quem sofre com os movimentos de jogos de luta: é possível configurar para que o Hyper Combo ou um golpe especial seja executado com apenas um botão (a direção muda, portanto, qual HC ou golpe será realizado).
Para quem aprecia o jogo além do que ele oferece, há um museu com inúmeras artes e documentos de design, assim como a opção de escutar a trilha sonora. Em relação aos gráficos, há algumas opções de filtros de tela.
Por fim, temos o online, que funciona muito bem por ser netcode via rollback. O único problema, no entanto, é que não há cross-play. Ou seja, você só poderá jogar com outros oponentes que estão no PlayStation.
Conclusão
Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics é uma ótima coletânea. Apesar de não ter cross-play no online, é um pacote que os fãs desejavam há muito tempo e finalmente está aqui.
É difícil avaliar uma coletânea de jogos clássicos, pois sempre é possível imaginar que “poderia ter mais jogos”. Por exemplo, Marvel vs. Capcom 3 poderia estar presente de alguma forma (seja a versão original ou a Ultimate), mas é compreensível a sua ausência porque está à venda no PS4. Outro jogo ausente (já que The Punisher está aqui) é Marvel Super Heroes in War of the Gems que foi lançado para SNES. Mas, mais uma vez, o título da coletânea explica a sua ausência: não é um jogo de Arcade.
Desconsiderando essas situações, Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics é basicamente um pacote redondo, portanto.
Jogo analisado no PS4 com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics é a coletânea que os fãs esperavam há anos. Além de trazer de volta Marvel vs. Capcom 2, também temos títulos esquecidos por muito tempo, como X-Men vs. Street Fighter. É um título obrigatório para qualquer entusiasta de jogos de luta.
Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics is the collection that fans have been waiting for years. In addition to bringing back Marvel vs. Capcom 2, we also have long-forgotten titles like X-Men vs. Street Fighter. It’s a must-have title for any fighting game enthusiast.
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