Caso você já tenha uma idade um tanto “avançada” quanto a minha, o universo de Looney Tunes fez parte da sua infância de alguma forma. Algo que guardo uma boa lembrança era Tiny Toon Adventures: ACME All-Stars, jogo de esportes arcade com personagens Tiny Toon em diversas modalidades como futebol, basquete, boliche e outras. Agora, no que parece ser algo mais próximo disso, a GameMill lança Looney Tunes: Wacky World of Sports e uma promessa de algo divertido usando personagens tão queridos por muitos de nós.
Pernalonga, Lola Bunny, Patolino, Gaguinho, Hortelino, Frajola, Taz, Coiote e Papa-Léguas vão disputar provas em esportes diversos e até mesmo numa competição geral para ver quem é o melhor looney tunes atlético do pedaço. Futebol, basquete, tênis e golfe são as modalidades da vez e prometem diversão solo ou com seus amigos no cooperativo local.
Algo para já deixar claro é a boa representação do universo no jogo. Isso funciona tanto como um bom trunfo, mas também mostra claramente as limitações do jogo. Sendo claro, os looney tunes são divertidos pelo que eles são, os trejeitos de cada um, voz, personalidade e mais. Quando isso é aplicado na proposta aqui, com cada um deles participando dos esportes e tendo movimentos especiais únicos, vemos como essas características únicas se destacam.
Exemplificando melhor, você já sabe que o Coyote vai tentar usar algumas das inúmeras parafernalhas da ACME em seu favor. Portanto, ao ver um personagem explodindo um foguete para conseguir acertar um chute certeiro e fazer um gol é claramente algo único e divertido. Isso se repete com os demais para todos os tipos, mesmo que não tão explosivos quanto os do Coyote. Patolino e sua auto estima insuperável ou Taz e sua brutalidade única são só alguns dos exemplos do que acontece aqui.
Entretanto, isso reforça mais a qualidade dos personagens e do universo para a aplicação da fórmula de esportes arcade. Um bom exercício para deixar isso claro é como seria caso fossem outros personagens genéricos no local, daí teríamos claro um jogo no máximo mediano, com mecânicas insossas e, com cara exceção do golf, todos os outros esportes simplificados e mal executados.
Com cooperativo apenas local, os esportes são futebol para até 4 jogadores, tênis para 1×1 ou duplas, basquete apenas no modo 2×2 e o golfe em partidas para até 4 jogadores em disputa. Fica a crítica direta para as limitações em alguns modos, principalmente o basquete que claramente poderia ser ajeitado para entregar trios ou até mesmo equipes completas de 5×5 caso o jogo tivesse um elenco maior.
Apesar dos modos serem aceitáveis em boa parte da jogatina, a inteligência artificial quando jogando solo é claramente algo a apontar. Às vezes funcionando de forma bastante interessante, acaba se perdendo sabe lá por qual motivo e você vez ou outra personagens parados ou tomando decisões nada lógicas. Daí a necessidade do jogo entregar mais opções para outros jogadores ou, principalmente, cooperativo e até competitivo online para o estilo arcade.
Outro ponto fundamental é o polimento do jogo para algumas mecânicas. De certa forma, não há uma fluidez durante nenhum esporte e todos sofrem constantemente de problemas vindos de um design não bem decidido. Há pausas demais para vários pontos, como quando cada ação maluca de um personagem vai acontecer e entrega um ponto, gol ou progresso garantido na forma de um especial único de cada personagem. Entretanto, fazendo o mesmo exercício e retirando a fórmula ACME do jogo, teríamos ainda um futebol que constantemente trava em divididas ou com chutes estranhos, assim como um basquete com pulos imprecisos, tênis com direções que não se ajeitam em raquetadas e mais.
O que salva Wacky World of Sports é a qualidade do universo em que é baseado, mesmo que ainda possa ser muito maior. Localizações do mundo de Looney Tunes, personagens secundários que participam da torcida, os trejeitos de cada participante e mais. Há espaço para que mais material possa chegar num futuro e aprimorar a melhor parte do jogo, mas se isso vai acontecer é ainda um mistério.
Algo que de fato não combina em nada com a estrutura do universo é a tratativa da Unreal Engine e os modelos apresentados aqui. Uma fórmula com sprites 2 e favorecendo o estilo cartunesco seria bem melhor apresentada do que a modelagem de baixa qualidade usada. Por coincidência, os esportes que apresentam câmera mais afastada e escondendo as falhas do visual e técnicas são os que demonstram um estilo mais próximo ao conhecido dos personagens das animações. Já o contrário, quando há o close em cada ou quando há uma câmera fixa sempre mais próximo de cenários, por exemplo, fica nítido a precariedade no uso da engine e no visual entregado.
Em resumo, Looney Tunes: Wacky World of Sports é divertido por criar situações dentro de um universo com personagens fantásticos. Mas sem isso, o jogo seria no máximo medíocre, sem inspiração e, como maior impacto negativo, uma grande falta de polimento em diversas das suas mecânicas de jogabilidade e nos aspectos visuais.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela GameMill Entertainment.
Veredito
O universo de Looney Tunes se mostra ainda sensacional e com personagens clássicos que não perdem seu carisma. Entretanto, as diversas mecânicas mal executadas para os esportes, refinamento do jogo de uma forma geral e um visual que não faz jus ao universo apresentado entregam uma experiência medíocre.
The Looney Tunes universe is still amazing, with classic characters that haven’t lost their charisma. However, the various poorly executed mechanics for sports, the overall refinement of the game, and a visual style that doesn’t do justice to the universe presented deliver a mediocre experience.
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