Life is Strange: Double Exposure – Review
Life is Strange: Double Exposure basicamente mexe em um vespeiro. O motivo disso é que trazer uma personagem adorada (Max Caufield) de volta é algo que costuma ser seguro em videogames, mas no caso desta série é muito complicado.
O primeiro Life is Strange termina de duas formas completamente distintas. Se você quer contar uma boa história, precisa abraçar uma dessas escolhas. E é pisando nesses ovos que Life is Strange: Double Exposure acaba querendo agradar a todos e não desenvolve todo o seu potencial.
Life is Strange: Double Exposure nos coloca controlando Max Caulfield, a mesma protagonista do original, como já comentamos. A história começa cerca de 10 anos após o original. Ela já é adulta e é uma fotógrafa residente da Universidade Caledon.
Max possui uma amiga chamada Safi, que é filha da reitora dessa universidade. O jogo nos deixa bastante claro que as duas possuem uma amizade muito forte, apesar de ambas guardarem segredos uma da outra. Por exemplo, Max não esclarece o seu passado a Safi, mas conta brevemente quem é Chloe – é nesse momento que precisamos escolher o que foi feito no final do jogo original.
Essa escolha não afeta muito o desenvolvimento da história, mas muitos diálogos e principalmente o celular de Max serão diferentes dependendo se você escolher Chloe ou Arcadia Bay. Em ambos os casos Max tem culpa ou remorso do que decidiu fazer (matar uma cidade inteira ou a sua melhor amiga/amante). Não vou dar spoilers obviamente, mas não se apegue muito a essa decisão – opte pela que você gostar mais.
Da mesma forma que Life is Strange: True Colors, o celular em Life is Strange: Double Exposure é bem importante. Nele temos as mensagens que Max troca com os personagens, mas há também uma rede social bem parecida com um Facebook, que serve para ilustrar o que os personagens estão fazendo.
Mas voltando ao enredo principal, como dito, o primeiro episódio estabelece todas as bases. Você fica conhecendo a fundo quem é Safi, quem é Moses, alguns dos alunos e professores da universidade e até as pessoas do bar local. E, como já amplamente divulgado, Safi é assassinada misteriosamente e isso acaba despertando os novos poderes de Max.
Não são os mesmos poderes de voltar no tempo que vimos no Life is Strange original. Max acaba descobrindo que consegue escutar uma realidade paralela e inclusive visitá-la. Nela, muitas coisas são similares, mas a principal diferença é que Safi está viva.
O gameplay básico de Life is Strange: Double Exposure segue exatamente o que já vimos nos títulos anteriores, portanto nesse aspecto não há muito o que comentar. O que realmente fica diferente é quando os poderes de Max despertam.
Quando isso ocorre, você pode ir a qualquer momento para uma dimensão em que Safi está viva ou para a que está morta (o jogo indica claramente em qual dimensão você está). Para trocar, é preciso ir a um ponto meio escondido do público (são específicos) e pressionar L1. Se apertar R1, você consegue escutar o que as pessoas da outra dimensão estão conversando, sem que elas percebam que Max está lá fazendo isso.
Então, apesar de parecer uma proposta confusa, é bem simples na prática: o ambiente é o mesmo, mas há duas versões de todos os personagens. A história adapta muito bem esse “multiverso”, portanto mesmo que a fórmula disso no entretenimento em geral esteja saturada, Life is Strange: Double Exposure é modesto. São apenas duas realidades e nada mais que isso.
Max consegue pegar objetos de uma realidade e levar para a outra, portanto alguns puzzles do jogo envolvem fazer esse tipo de ação. No fim, o gameplay é bem simples e direto, como um Life is Strange deve ser. Ainda temos algumas escolhas decisivas e colecionáveis, como as fotos espalhadas e também tirar fotos de objetos ou pessoas em momentos específicos.
O ponto forte deste tipo de jogo é a sua narrativa e a história. Life is Strange: Double Exposure sabe prender o jogador. O fim do capítulo 2 deixa qualquer um intrigado e o 3 também. Porém, a partir do quarto episódio (dos cinco que existem), a coisa desandou. Para mim, o episódio 5 foi péssimo. Entendo a sua proposta, mas achei uma conclusão sem graça e sem impacto algum – algo diferente do que aconteceu em basicamente todos os Life is Strange até hoje.
Apesar desse capítulo 5 ruim (em minha humilde opinião), o restante do jogo vale a pena. Além da história prender, o desenvolvimento de todos os personagens secundários é muito bom e praticamente nenhum – ao menos no círculo social de Max – é ignorado. Há um ou outro que há poucas interações dependendo de suas escolhas, como Reggie (um dos alunos de Max). Mas os principais, como Moses, Safi, Vinh, Amanda, Gwen, Lucas e assim por diante são bem trabalhados. Há apenas um que vou dizer o nome e você vai concordar comigo quando terminar o jogo: o detetive. É difícil abordar sem dar spoilers, mas vou apenas dizer que o que acontece com ele é muito mal desenvolvido por todo o jogo.
Um ponto que Life is Strange sempre foi complicado é a parte técnica. No entanto, a Deck Nine fez um ótimo trabalho inicial. O jogo sem dúvida necessita de alguns patches (uma personagem simplesmente ficou com a boca fechada – enquanto falava – por toda uma cena, por exemplo), mas há um problema que ocorre em todos os jogos da série: por que fazem cenas “cinematográficas” mostrando o ambiente e, quando isso acontece, há texturas ainda sendo carregadas? E agora estamos num PS5 com um SSD, isso não deveria mais ocorrer, sinceramente. Chega a quebrar o clima essas cenas com os cenários tendo metade do ambiente sem textura ao aparecerem. Isso sem contar os personagens que parecem que teleportam brevemente quando há uma mudança brusca de câmera no diálogo.
Tirando esses pontos citados, os gráficos de Life is Strange: Double Exposure são muito bons, principalmente as expressões faciais dos personagens. A trilha sonora, por sua vez, continua boa também, com músicas que combinam com cada cena.
No fim, Life is Strange: Double Exposure é recomendado para os fãs da série. Para quem nunca jogou o original, recomendaria primeiro começar por ele. Apesar de não ser necessário, ajuda a se importar mais com Max e sua batalha mental devido à escolha que fez no passado.
O final realmente me decepcionou, mas a experiência dos outros capítulos vale a pena e, apesar de não serem problemáticos, esperamos que alguns dos bugs citados devam ser corrigidos em breve. E mesmo que seja curto (você consegue finalizá-lo em cerca de 8 horas), muita coisa vale a pena ser conferida sob outra ótica (no caso, escolha), portanto jogar uma segunda vez é uma experiência mais interessante do que qualquer outro Life is Strange.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.
Veredito
Life is Strange: Double Exposure consegue prender o jogador em seus primeiros episódios, porém a parte final é decepcionante. Termos Max de volta (ainda que seja com poderes diferentes) é um ponto positivo. É fato que o título é um dos mais bonitos e polidos da série em seu lançamento, mesmo que alguns bugs e problemas de texturas estejam presentes. Por fim, apesar de ser curto, é interessante jogá-lo mais de uma vez.
Life is Strange: Double Exposure manages to keep the player engaged in its first episodes, but the final part is disappointing. Having Max back (although with different powers) is a positive thing. It is a fact that the title is one of the most beautiful and polished in the series at its launch, even if some bugs and texture issues are present. Finally, despite being short, it is interesting to play it more than once.
[/lightweight-accordion]