LEGO Horizon Adventures – Review

Os jogos LEGO são bastante populares e a grande maioria foi produzida pela TT Games. No entanto, um jogo LEGO de uma franquia de games não é algo muito comum (vimos algo parecido com LEGO Dimensions, por exemplo, mas não da mesma forma) e sem o envolvimento da TT Games é ainda mais surpreendente. É nesse cenário que temos LEGO Horizon Adventures: um projeto criado pelo Studio Gobo com a Guerrilla Games. É um estúdio que normalmente trabalha com co-desenvolvimento de outros jogos, portanto LEGO Horizon Adventures é basicamente um dos seus primeiros projetos de sua responsabilidade.

LEGO Horizon Adventures lembra os títulos desenvolvidos pela TT Games, mas há muitos elementos próprios. Logo veremos que isso abrange vários tópicos, como gameplay, história e muito mais. Mas o mais importante: é um jogo divertido? Bem… sim e não.

LEGO Horizon Adventures segue a história de Horizon Zero Dawn, mas com muitas diferenças. Alguns elementos importantes, como a origem de Aloy, os vilões e as máquinas continuam os mesmos. Mas quem jogou notará que muita coisa foi alterada para ser mais rápido e direto ou simplesmente para tentar ser engraçado.

Esse é, talvez, o maior problema de LEGO Horizon Adventures. Os jogos LEGO costumam ser infantis, mas oferecem aquele tipo de piada para todas as idades. Seja a criança ou o pai jogando, ambos vão gostar da adaptação – do “exagero LEGO”, digamos assim, seja para ser engraçado ou não. LEGO Horizon Adventures exagera demais nesse aspecto.

Os diálogos são muito ruins, com uma Aloy extremamente energética, fazendo piada sem graça o tempo todo. Há alguns elementos que chegam a ser engraçados, mas são raros. A maioria é aquele momento de “vergonha alheia”, porque forçam demais determinados pontos. No fim, seja você um adulto ou uma criança, sinceramente acho que ambos não vão gostar do enredo.

Além da história ruim, LEGO Horizon Adventures é muito curto. Você consegue finalizá-lo em cerca de 5 a 6 horas. Fazer 100% levará um pouco mais, talvez 8 horas. Platinar pode chegar a muito mais, porque é preciso evoluir os quatro personagens ao máximo, e isso pode levar um bom tempo (talvez 20 horas). Mas essa última etapa é basicamente um grind, então não considere como um conteúdo verdadeiro.

A estrutura de LEGO Horizon Adventures é bem simples. O Coração de Mãe é um hub central que dá acesso às fases. Esse hub central pode ser customizado como desejar, utilizando tanto estruturas baseadas em Horizon ou de outras franquias da LEGO, como City e Ninjago. A customização é totalmente cosmética e não afeta o gameplay. É claro, algumas estruturas possuem uma animação única se você interagir com elas, mas no fim da história é apenas para deixar o ambiente mais bonito e nada mais que isso.

Aliás, os gráficos de LEGO Horizon Adventures são bem feitos e merecem elogios. Tudo passa um ar de LEGO de fato, e elementos como Aloy se transformar em grama para indicar que está andando em uma grama alta são criativos para este mundo.

Para avançar no jogo, você deve concluir as fases. Apesar de termos áreas diferentes, é preciso primeiro terminar cada área cerca de 5 ou 6 vezes para, então, abrir outra área. Pense mais ou menos em fases como 1-1, 1-2, 1-3, etc, para daí ir para a 2-1, 2-2, etc. Cada fase, apesar do ambiente ser o mesmo, é distinta, oferecendo objetivos e inimigos diferentes. Uma pode ser simplesmente encontrar uma máquina, enquanto que outra será concluir um caldeirão, por exemplo, ou subir num Pescoção. No fim, todas fornecem um tijolo dourado que é o item usado para destravar locais para construir estruturas (que mencionei anteriormente), entre outras coisas.

O problema de todas essas fases é que elas são lineares. Todas são simples e com um caminho bem direto. Isso não é um problema; o que ficou ruim, para mim, é que o jogo não incentiva o jogador a explorar os caminhos alternativos que surgem nessa linearidade.

Explico: além dos tijolos dourados citados anteriormente, temos tijolos vermelhos obtidos por caçar máquinas alfas (são basicamente fases extras que abrem após concluir as principais de cada área). Mas o que você mais vai ter de sobra são as peças comuns. Você as obtém fazendo qualquer coisa no jogo quase: eliminando inimigos, coletando pelas fases e até de graça no hub ao visitar locais que você customizou. E é isso que o jogo peca: os poucos caminhos escondidos que existem nas fases levam a mais peças. Não existe um incentivo que torne interessante explorar os mapas, se no final dele estará algo que você já consegue de outra forma e aos montes. Assim, o seu objetivo acaba sendo terminar a fase o quanto antes.

Apesar da história com um humor forçado e das fases serem lineares e com caminhos sem recompensas interessantes, o gameplay por si só é sólido e divertido. A câmera é fixa e sempre nesse estilo isométrico, mas isso não é um problema. Funciona muito bem tanto no single quanto no cooperativo.

O cooperativo (que é online ou local), como pode imaginar, está disponível por boa parte do jogo (somente no início é preciso andar um pouco para destravá-lo). Há quatro personagens selecionáveis, além de Rost nas fases iniciais: Aloy, Varl, Teesa e Erend. Todos eles possuem armas diferentes.

Existem dois tipos de armas no jogo: as que o seu personagem usa e um tipo de acessório que qualquer um pode usar.

Aloy, por exemplo, utiliza seu arco. O botão quadrado serve para disparar as flechas (infinitas) que podem ser lançadas rapidamente ou carregadas. Ao longo de sua jornada, haverá outros tipos de flechas, como de gelo ou fogo. Essas são limitadas e você coleta pelo cenário. Enquanto isso, Varl utiliza a lança, Teesa usa galinhas explosivas e Erend seu martelo. Todos os ataques são únicos e todos eles também possuem armas com efeitos diferentes.

Já os tais acessórios variam bastante, também são consumíveis e são utilizados com o botão ‘O’ normalmente: pode ser uma bota para realizar pulo duplo, um removedor de peça LEGO para causar dano, uma armadilheira, um escudo ou até uma bomba de gelo.

O combate de LEGO Horizon Adventures é simples: ao pressionar L1, você consegue ver o ponto fraco de uma máquina e basta acertar aquela região para causar mais dano – da mesma forma que o jogo original, mas bem simplificado. Não há um desvio (exceto se for por um acessório), então normalmente a única forma é andar para desviar. A cura funciona comendo frutas que estão espalhadas pelo cenário.

Como dito, o gameplay de LEGO Horizon Adventures é divertido. Mas, infelizmente, o jogo em si oferece muita repetição, pois as fases são lineares, não incentivam a exploração e a história conta com péssimos diálogos. No fim, LEGO Horizon Adventures vale para se divertir com seu filho(a), mas pode ser que até mesmo ele/a ache o jogo repetido e os diálogos ruins.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.