KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! – Review

KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! é uma visual novel, desenvolvida pela Mages (Steins;Gate, Corpse Party) e publicada no Ocidente pela PQube (Archetype Arcadia, BUSTAFELLOWS), lançada originalmente no Japão em 2020 e agora chegando em mais territórios em 2024.

KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! é uma franquia de sucesso no Japão, tendo lançado mangás, animes, filmes, light novels e tudo mais que você pode imaginar. A web novel, que começou tudo, passou a ser publicada em 2012, mas foi com o anime em 2016 que as coisas explodiram, inclusive com reconhecimento no Ocidente.

Quase que inevitavelmente, jogos também passariam a ser desenvolvidos com a história e os personagens, e KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! é na verdade a segunda visual novel desenvolvida pela Mages, sendo que a primeira foi lançada em 2017 ficou no Japão. Outros jogos também foram lançados por outras empresas, mas este é o primeiro a sair no Ocidente de todos eles.

KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! conta a história de Kazuma, um jovem japonês recluso que, após sofrer uma morte vergonhosa na vida real, renasce num mundo de fantasia, seguindo o famoso gênero de “isekai”. Neste novo mundo, ele recebe a opção, pela grande Deusa Aqua, de escolher qualquer habilidade ou item que possa imaginar, para ajudá-lo em suas aventuras. Kazuma escolhe, então, levar consigo a própria Aqua, e assim começa a história.

Quero dizer, seria assim, se KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! já não partisse de um ponto muito mais avançado da história de Kazuma. O jogo se passa depois das temporadas do anime e não traz nenhuma retrospectiva do que já aconteceu até aquele ponto. Este jogo é, literalmente, para quem já consumiu todo conteúdo sobre a franquia e quer algo diferente. Se você nunca assistiu KONOSUBA, não compre este jogo.

KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! começa o jogo como mais uma aventura do grupo de Kazuma, que durante uma expedição, encontra uma misteriosa pedra negra que, apesar de parecer amaldiçoada, tem a capacidade de produzir roupas com efeitos mágicos em quem as vestem.

Basicamente esta é a história do jogo. O grupo de Kazuma é acusado de cometer crimes por um nobre da região e a única forma de pagar por estes crimes é produzir mais roupas para este nobre. Acontece que a cada vez que o grupo confecciona essas roupas, alguém do grupo é amaldiçoado com a transformação de seus maiores desejos: o primeiro capítulo, por exemplo, traz Darkness, conhecida pelo seu masoquismo, se tornando uma dominatrix sádica.

E como resolver as maldições? Produzindo roupas específicas que ajudem esses personagens a atingirem o pico de satisfação desses novos desejos, revertendo então ao seu normal anterior. Sim, o jogo inteiro se passa com o jogador confeccionando roupas, seja para o nobre, seja para salvar personagens de suas maldições, ou mesmo a pedido de cidadãos da região que procuram algo diferente. Roupas, estas sempre, em todos os casos, para mulheres.

A jogabilidade se divide em organizar o seu cronograma para realizar tarefas na cidade ou caçar monstros do lado de fora, assim juntando tanto itens como dinheiro, para após estes dias de exploração, poder confeccionar as roupas, seja para habilitar novas ações para o cronograma, ou mesmo para avançar na história. Três dias explorando, um dia na cidade para descansar e interagir com os personagens, e o último dia para confeccionar as roupas, completando ciclos de cinco dias por vez.

O ciclo da jogabilidade, particularmente, é muito mal explicado no início do jogo, além de confuso. Não são bem esclarecidas as prioridades do jogador, os prazos impostos pelo jogo e como ele deverá dividir corretamente seu cronograma para dar conta de obter os ingredientes necessários, para confeccionar as roupas necessárias, para não tomar um game over ao final do capítulo.

Depois de algumas horas quebrando cabeça, você passa a entender como é possível administrar tudo e “quebrar” a jogabilidade, ponto esse que então o gameplay passa a ser um tédio, atrasando o jogador a prosseguir com a história e chegar aos vários finais do jogo. Estes finais, inclusive, requerem múltiplas playthroughs, em que o jogador deverá engajar, desde o zero, com o ciclo da jogabilidade.

A arte do jogo, de início, parece muito simples e até um pouco barata, até me lembrar de que o produto original, que é o mangá e o anime, nunca foram exatamente conhecidos por suas belas artes e primor no traço, fazendo com que este ponto, pelo menos, seja dado uma colher de chá.

Um ponto positivo, pelo menos, é que ele é inteiramente dublado pelos mesmos dubladores do anime, o que trouxe um certo senso gostoso de nostalgia. A trilha sonora, entretanto, consegue ficar bem repetitiva, principalmente nos ciclos da jogabilidade de colecionar itens e confeccionar roupas. Não existe dublagem em outras línguas fora a japonesa ou suporte a idioma que não seja ao inglês.

Aqui chegamos no que, com certeza, é o pior ponto do jogo: a sua localização. Há muitos e muitos anos eu não jogava algo com tantos, mas tantos erros de tradução ou mesmo de escrita, principalmente levando em consideração ser este um produto oficial, lançado por um valor cheio, em consoles e PC no Ocidente.

Foram tantos, mas tantos erros que eu encontrei durante todas as rotas do jogo. Talvez o meu limiar de aceitação de erros tenha subido ao longo dos anos por conta do ótimo trabalho que as empresas passaram a fazer conforme o gênero foi se popularizando e firmando no gosto dos jogadores, mas chega a ser quase inaceitável o estado da localização deste jogo, levando em conta todos os envolvidos. Até nomes de personagens são escritos errados na descrição de troféus do jogo!

O humor do jogo, que evoca muito do humor do conteúdo original, está presente em KONOSUBA – God’s Blessing on this Wonderful World! Love For These Clothes Of Desire! e conseguiu tirar algumas risadas durante as mais de 15 horas de jogo, mas o ciclo da jogabilidade, a impressão de baixo valor de produção, e principalmente, a péssima localização, faz com que esta seja uma difícil, senão impossível indicação, para quem quer que seja.

Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela PQube.