Killer Klowns From Outer Space: The Game – Review

O que é preciso para um filme ser considerado um ‘clássico cult’? Desconheço a fórmula, mas ‘Killer Klowns From Outer Space’ (também conhecido como ‘Palhaços Assassinos do Espaço Sideral’ ou apenas por ‘Palhaços Assassinos’) de 1988 se encaixa nessa categoria. Assisti ao filme antes de escrever esta análise e admito que é… peculiar, por assim dizer. Atuações exageradas, um enredo completamente sem noção e um desenrolar mais ainda. É até compreensível que se enquadre em comédia também, ao lado de terror.

Mas deixando o filme de lado, por mais bizarro que seja, a Illfonic (conhecida por jogos multiplayer assimétricos como Ghostbusters: Spirits Unleashed e Arcadegeddon) conseguiu os direitos para produzir um jogo baseado no longa. E, como você pode imaginar pelos outros títulos da desenvolvedora, também se trata de um multiplayer assimétrico de palhaços contra humanos.

Primeiramente, é preciso esclarecer que não há um single-player ou campanha. Killer Klowns From Outer Space: The Game é inteiramente composto por partidas multiplayer e todas seguem sempre as mesmas regras de palhaços contra humanos.

O funcionamento básico das partidas é o seguinte: 10 jogadores são divididos em equipes de 3 palhaços e 7 humanos. O objetivo dos palhaços é simplesmente matar os humanos antes que eles escapem em 15 minutos. Já os humanos, como você pode adivinhar, precisam escapar dentro do tempo citado.

Não há upgrades ou qualquer tipo de melhoria para os palhaços nas partidas em si: você define um tipo de palhaço que deseja, uma arma básica de raios e outra mais física e fica com esse set durante todo o jogo. Quando digo “raios”, os palhaços usam suas armas para transformar os jogadores em casulos que, ao serem levados em máquinas, geram lacaios que ajudam os palhaços (eles podem levar casulos para as máquinas e segurar os humanos temporariamente). Já a arma física pode ser algo como uma luva de boxe (que permite até mesmo recriar uma cena do filme) ou atirar pipoca (também como no longa).

Ao se transformar em casulo, o humano precisa ser libertado pelo colega o quanto antes, caso contrário morrerá. Da mesma forma, com as armas físicas, o humano pode perder vida e também morrer.

Conforme a partida avança, os palhaços podem usar habilidades especiais como hipnose ou teletransporte pelo mapa.

Já com os humanos o gameplay varia bastante. O objetivo básico é sair do mapa através de uma das cinco saídas distintas. Cada saída comporta dois ou três humanos, portanto nem todos podem sair pelo mesmo local.

Cada saída exige itens diferentes. Por exemplo, o bunker pede gasolina e um cartão de acesso. Já a saída da ponte precisa da chave e um item que possa destruir a madeira que está em seu caminho. Além dessas duas saídas, temos um portal que pode ser ativado, assim como um barco. A quinta saída é basicamente o momento de desespero: nos últimos 30 segundos de todas as partidas, os irmãos Terenzi aparecem em um local aleatório do mapa com seu caminhão de sorvete e você pode sair por lá.

Isso é apenas o objetivo básico dos humanos. Enquanto procura pela forma de sair do mapa, há muitos itens, principalmente armas (brancas e de fogo), que o jogador pode utilizar para se defender dos palhaços. Inclusive, é aí que está um dos piores problemas do game: o balanceamento.

Pessoalmente, e jogando com outras pessoas que colaboraram com este review, ficou claro que os humanos são muito mais poderosos que os palhaços, principalmente se não tivermos o número ideal de 3 palhaços e 7 humanos na partida.

Os palhaços possuem armas de curto alcance e são facilmente derrotados pelos humanos com os itens de ataque encontrados (dois tiros de shotgun já os deixam caídos, por exemplo). Claro, para matar o palhaço de vez é preciso usar uma arma pontiaguda ou de fogo, mas acredite, isso tem aos montes pelo mapa. Além disso, nenhum palhaço conseguirá impedir o humano que já decorou no mapa onde ficam as saídas (mesmo elas sendo aleatórias, o barco não ficará numa região que não seja de água, por exemplo, portanto é sempre “perto” um ponto do outro).

E como se já não bastasse essa vantagem dos humanos, ainda é possível ressuscitá-los (uma máquina faz isso uma vez por partida, caso seja usada). Vale esclarecer que os palhaços também renascem automaticamente após 45 segundos.

Isso significa que os humanos sempre vão vencer dos palhaços? Pior que não! Para que a partida seja vencida pelos humanos, a maioria precisa escapar, ou seja, pelo menos 4 dos 7 humanos precisam fugir. Essa é a única forma da tela de vitória ser dos humanos. Então dependendo da sua equipe, pode ser algo complicado vencer como humano, e isso nos leva a outro problema do jogo: os bots.

Pensando em situações em que o jogo não tenha muitos jogadores ativos, a Illfonic inseriu bots. Apenas humanos podem ser bots (palhaços só podem ser controlados por jogadores). Mas honestamente? Ter um bot em sua equipe significa que você está jogando com um a menos.

Os bots só andam pelo mapa fazendo nada e, em alguns momentos, atacam os palhaços mas não os finalizam. Mas a pior parte é que os bots não escapam. Então se você estiver em uma sessão de 3 jogadores humanos, 4 bots e qualquer número de palhaços, a vitória já será dos palhaços. Não há nada que possa ser feito, a não ser que você consiga fazer um bot sair por alguma saída de forma forçada (como ele passar acidentalmente por um portal aberto).

Em outras palavras, não jogue com bots, a não ser que queira “farmar” algo para troféu. Mas se quer jogar de verdade, esqueça. Jogue em sessões com outros jogadores.

Outro problema sério de Killer Klowns From Outer Space: The Game são os textos em português do Brasil. Há uma mistura enorme de frases em nosso idioma e outras em inglês. Você pode ver nas imagens deste review alguns exemplos – olhe no objetivo do canto superior direito. Este é apenas um dos vários termos e frases que permanecem em inglês.

Killer Klowns From Outer Space: The Game respeita o material de origem. Você notará muitas referências nos personagens, mapas e assim por diante do filme de 1988. Porém, isso também afeta a variedade do game em si, pois é tudo baseado em uma única obra. Como dito, só há um modo básico e pouquíssimos mapas. Os humanos que podemos escolher são basicamente parecidos (havia perks quando jogamos, porém parece que a Illfonic tirou isso para o lançamento) e os palhaços só mudam de verdade dependendo das armas escolhidas. É uma simplicidade que chega a ser até demais.

Killer Klowns From Outer Space: The Game pode ser divertido para quem busca mais opções de um multiplayer assimétrico, mas não espere profundidade e variedade. É um título que enjoa rápido e pode ser muito estressante se o número de jogadores não for o ideal na partida.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Illfonic.