Uma das qualidades primordiais num game é sua capacidade de divertir. Seja com uma boa gameplay ou uma história interessante, quando sentamos na frente de um console, o que mais buscamos são momentos de diversão. É decepcionante quando um game falha nesse propósito fazendo com que a diversão passe a se tornar algo frustrante ou maçante. Infelizmente Joe Wander and the Enigmatic Adventures, desenvolvido pela Frozen Pixel, acaba sendo um dos títulos que sofre desse problema.
No game controlamos Joe, um explorador claramente inspirado em Indiana Jones, desde suas roupas até o uso de um chicote para atravessar as fases. Após encontrar um estranho artefato, somos transportados para uma floresta e a partir daí passaremos por quatro diferentes hubs representando Selva, Egito, Oriente e Vikings. Cada “mundo” é composto por cinco fases, uma boss battle e uma fase bônus extremamente desafiadora feitas para testar a habilidade e paciência dos jogadores, visto que consistem apenas em trechos de plataforma. Para desbloquear essa fase extra precisaremos encontrar todos os 5 tokens espalhados em cada um dos níveis.
Com comandos bem simples — X para pular, L2 para correr e R2 para usar o chicote — as fases são divididas entre segmentos de plataforma e outros de puzzles. E é aqui que começa a aparecer o grande problema de Joe Wander. Os puzzles do game são extremamente criativos e interessantes. A cada mundo eles vão ficando mais complexos e com novas camadas. Por exemplo: na primeira área resolvemos puzzles apenas com caixas onde devemos prestar atenção ao material que são feitas. Já na segunda, adicionam dispositivos capazes de refletir raios de luz, enquanto que nos demais teremos uso do vento e teleporte respectivamente. A dificuldade dos puzzles escala rapidamente e por diversas vezes passei longos minutos pensando na resolução e fazendo várias tentativas, entretanto o grande problema do game está nos trechos de plataforma.
Em Joe Wander qualquer falha será punida, visto que o personagem não possui nenhum sistema de vidas ou corações. Errou um pulo, levou dano de um inimigo ou encostou nas chamas é morte na certa nos fazendo voltar para o último checkpoint e, caso a morte tenha sido durante um puzzle perdemos a resolução do mesmo tendo que recomeçar do zero. No início isso pode parecer desafiador, mas com o passar das fases o desafio e diversão passam a dar lugar para a frustração. Principalmente durante as fases de chefe onde qualquer erro te obriga a iniciar a luta do zero. Durante minha gameplay também encontrei problemas de física com o chicote e com alguns elementos do ambiente chegando a morrer num chefe porque um pedaço de uma parede quebrada me derrubou da plataforma.
Se a dificuldade do game ainda parecer fácil demais, após finalizar a campanha, são liberados alguns modos extras: Difícil, no qual as fases ficam sem checkpoint, Extremo em que o personagem tem apenas uma “vida” e Cronometrado.
No que tange o aspecto visual, temos aqui um game lindíssimo que mostra toda a beleza da Unreal Engine com cenários exuberantes e detalhes de encher os olhos desde os reflexos na água, até o chão que responde aos nossos passos deixando a grama pisada e marcas de caixas arrastadas. Em contrapartida, toda essa beleza não é vista nos inimigos que são super genéricos e lembram bonecos da era do PSOne com movimentações bastante travadas e animações horríveis. A trilha sonora apesar de representar muito bem cada uma de suas eras, acaba sendo extremamente repetitiva e não passando de um loop incessante: nos momentos de plataforma uma música e nos puzzles outra.
Joe Wander é um game com boas ideias, puzzles interessantes, mas que peca ao trazer uma gameplay de plataforma punitiva que consegue transformar a diversão em frustração. Apesar do visual mais infantil, ele está longe de ser um game para crianças, sendo um título interessante para fãs de bons quebra cabeças, claro, isso se os trechos de plataforma não esgotarem sua paciência.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela publisher.
Veredito
Joe Wander é um game com boas ideias, mas grandes problemas em sua execução. Um game que tinha tudo para ser divertido e ao mesmo tempo desafiador com seu puzzles, mas que acaba sendo frustrante por conta de sua gameplay punitiva. Ainda assim pode conseguir agradar jogadores que buscam um bom desafio.
Joe Wander is a game with good ideas, but big problems in its execution. A game that had everything to be fun and at the same time challenging with its puzzles, but ends up being frustrating due to its punishing gameplay. Still, it may be able to please players looking for a good challenge.
[/lightweight-accordion]