Inheritance (Layers of Fear)

Por meio de uma narrativa que se desdobra lentamente e com espaço para interpretações, Layers of Fear apresenta a trágica história de uma família e a trajetória de um artista insano. Evidentemente, algumas lacunas da trama não são preenchidas e o DLC Inheritance busca complementar o universo do jogo. Pouco explorada no jogo principal, a filha do pintor agora é a protagonista e precisa lidar com traumas do passado enquanto revisita a casa de seus pais.

A personagem deve passar pelos cômodos da casa para encontrar vestígios do passado, para então retomar as lembranças e ativar cutscenes ou novas áreas com gameplay. Diversos objetos espalhados pela casa podem ser inspecionados e há itens coletáveis, assim como na campanha principal. O ponto primordial do gameplay continua sendo a exploração dos ambientes.

As mecânicas deste episódio continuam as mesmas, sem qualquer alteração no gameplay do original. Inclusive, boa parte dos cenários e assets do jogo principal são reaproveitados em Inheritance. O DLC conta com faixas inéditas e uma dublagem bem trabalhada, mas assim como na campanha original, boa parte do game é desprovida de uma música de fundo. Os sustos (jump scares) começam a ficar batidos e previsíveis. Em suma, Inheritance não entrega novidades significativas.

Assim como na campanha original, é possível desfrutar de finais diferentes e aqui há liberdade de escolher caminhos alternativos para prosseguir no jogo. Em dado momento, o jogador pode escolher testemunhar memórias ou “pesadelos” referentes ao pai ou à mãe. Um artifício interessante, embora não salve esse conteúdo adicional da mediocridade.

Inheritance é um episódio curtíssimo e pode ser finalizado em cerca de uma hora, talvez duas explorando praticamente tudo. É efêmero, mas o pior é que o jogo cansa antes de seu fim. Parte integrante do jogo principal era desvendar os mistérios da família, uma ocasião em que o jogador desconhecia completamente o universo em que “mergulhava”. A trama de Inheritance traz poucas surpresas e não incentiva o jogador com uma narrativa atraente.

O aspecto mais grave, no entanto, está relacionado à lentidão do gameplay aliado à técnica pobre, aquém da campanha principal. Puzzles são escassos e o jogo se resume a uma exploração de objetos em cenários disformes, abstratos e que não carregam a mesma beleza do jogo original.

A framerate continua instável e boa parte do draw distance é comprometido por uma neblina (em determinadas ocasiões do jogo) irritante. Não é exagero dizer que em alguns locais do DLC é impossível enxergar poucos metros a sua frente. Tal efeito de fumaça também ofusca a beleza do jogo e colabora para embrulhar o estômago daqueles sensíveis a motion sickness. A predominância de ambientes “deformados” definitivamente não foi uma boa ideia em Inheritance.

Jogo analisado com código fornecido pela produtora.