Hitman: Absolution

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Se você começou a jogar videogames apenas na atual geração, talvez desconheça a série Hitman. Pudera, o último jogo da série, Blood Money, foi lançado em 2006, o que, para os padrões de lançamentos anuais que tomaram conta da indústria, soa uma eternidade. Para os que não conhecem, a série Hitman se foca nos contratos do Agente 47, um assassino construído ao nível genético para ser mais forte, rápido e inteligente que o ser humano comum, dando a ele todas as qualidades necessárias para ser o assassino profissional perfeito. E é novamente na pele de 47 que nós entramos em Hitman: Absolution (Absolution), um jogo que, mesmo não tendo algumas características de seus prdecessores, consegue agradar e divertir muito.

Absolution começa com 47 recebendo um contrato para matar Diana Burnwood, a encarregada de fornecer missões ao assassino. Tendo traído sua agência, ela se torna alvo de 47, que a encontra e alveja. À beira da morte, Diana conversa com o assassino e lhe pede que guarde e proteja Victoria, uma garota escondida em sua mansão. Honrando a vontade de Diana, 47 encontra Victoria e se rebela contra a agência, tornando-se um fugitivo caçado pelos seus ex-empregadores.

Absolution talvez não tenha o melhor enredo do mundo nem a melhor narrativa possível, mas a história é bacana e funciona bem. O que dá verdadeiramente brilho a ela, contudo, são os personagens. Do vilanesco Dexter, que alterna introspecções sobre o estilo de vida americano com uma das maiores bocas sujas dos games, ao moralmente fraco Lenny, os vilões de Absolution são marcantes e divertidíssimos de se ver. A linha da maldade em Hitman é bem tênue, sendo que o próprio 47 só pode ser considerado “herói” se você levar em conta que seus alvos são muito piores e mais depravados que ele. O mundo da série é demasiadamente sombrio, mas executado de forma bem convincente.

Muito dessa credibilidade e carisma vem da atuação de voz fantástica do jogo. David Bateson, após muitos pedidos online, retorna para dublar o Agente 47, acompanhado de outros talentos como Keith Carradine (Dexter), Larry Cedar (Wade), Steven Bauer (Birdie) e muitos outros. A excelente dublagem é complementada pela fantástica OST de Thomas Bärtschi, que substitui Jasper Kyd (sempre ele!) com maestria.

Absolution poderia ser descrito como um jogo de tiro em terceira pessoa (Third-person Shooter, ou TPS), mas acredito que essa denominção seja bastante equivocada. Claro, você tem armas, mira e atira com esquema de dual analog e o jogo é em terceira pessoa, mas Absolution está longe de ser um TPS tradicional. As várias “fases” do jogo ocorrem em um local fechado, porém amplo, em que você deve ou eliminar seus alvos ou achar a saída. Deste ponto em diante, como as coisas ocorrem depende inteiramente de você. Absolution nunca segura suas mãos para mostrar um caminho “certo”, e apenas isso já é suficiente para colocar o jogo fora do panteão de jogos extremamente lineares.

Se sua preferência é sair atirando em tudo que se mexe, você até pode, mas esta tática é impraticável em qualquer nível de dificuldade acima do Normal. Absolution se foca muito mais no quesito stealth. Você começa a fase anônimo, e suas melhores chances de atingir seus objetivos é fazendo-os de forma insuspeita. Agachar-se, esgueirar-se pelos cantos, subjugar um guarda e roubar suas roupas, envenenar bebidas e comidas, cortar eletricidade, empurrar seu alvo do parapeito de uma janela, explodir um andar inteiro de um prédio, simular acidentes… Quanto menos parecer que os eventos ocorridos são relacionados a você, melhor.

Isso nos leva a um ponto interessante: o ritmo de jogo de Absolution é bastante lento, lembrando em muito Metal Gear Solid. Cada sala que você entra exige preparação, observação e dedução muito mais que reflexos e dedos rápidos no gatilho. Desta forma, Absolution se assemelha muito mais a um grande puzzle do que um TPS propriamente dito – você olha e planeja, e enquanto executa, talvez precise dar uma improvisada para se manter incognito. Se sua praia for jogos como Gears of War, Uncharted e Red Dead Redemption, Hitman: Absolution pode com toda a certeza ser decepcionante. Para os que gostam de stealth com liberdade, porém, o jogo é excelente.

Uma novidade no jogo é o modo Instinct, acionado ao se segurar o botão R1. Ao acionar Instinct, você poderá ver ao seu redor imediato e através de paredes próximas os inimigos e objetos interativos do jogo, que são marcados em amarelo. Se você já viu a Detective Vision de Batman em Arkham Asylum/City ou a Eagle Vision em Assassin´s Creed, o conceito é similar. Instinct também fornece benefícios extras: você poderá ver a rota prevista que seus inimigos tomarão, indicada através de um caminho flamejante na tela, e nas dificuldades menores, usar Instinct fornece dicas de como prosseguir no jogo, como localização de itens importantes ou disfarces.

Um dos pontos chaves da série Hitman são os disfarces de 47. Ao nocautear alguém com função específica dentro do jogo – mecânicos, garçons, jardineiros, guardas, barbeiros etc -, você poderá roubar suas roupas e andar disfarçado pelos locais do jogo. Com o disfarce, apenas outros NPC com a mesma função da roupa que você está vestindo irão suspeitar de 47. Por exemplo, se estiver disfarçado de garçom, os guardas o deixarão em paz (contanto que você não ande armado, agrida alguém ou entre em área proibida), mas outros garçons poderão ver através de sua camuflagem e delatar 47 aos guardas. É nesse momento que entra a função Blend In: ao segurar o botão, estando à vista dos NPCs dque desconfiam de você, 47 irá disfarçar o jeito que anda e se misturará ao meio, garantindo que, enquanto a função estiver ativa e vocÊ estiver no modo Instinct, nenhum NPC desconfie dele. Entretanto, Instinct não pode ser usado ao bel prazer, e ao segurar o botão para acioná-lo, o jogo imediatamente começa a consumir uma barra amarela que fica no canto inferior direito, e ao zerá-la, você não poderá usar as funções extras do Instinct.

Se você pensa que, por conta do instinct Absolution fez Hitman virar um jogo mais fácil, está bem enganado. Claro, ele é uma ajuda a mais para o jogador, mas nem de longe elimina as necessidades basais do jogo de pensar, planejar e, quando necessário, improvisar. Instinct, na verdade, só pode ser abusado de verdade na dificuldade Easy – qualquer outra acima desta começa a eliminar vários de seus benefícios, retirando-se a recuperação automática da barra, as dicas e, por fim, eliminando-o quase que por completo. Absolution merece créditos pela forma que explora seus níveis de dificuldade, alterando não apenas quanto dano você pode levar, mas também os bônus que jogador recebe (chekcpoints manuais, recuperação de Instinct etc), a quantidade de inimigos, seu tempo de reação e suas rotas de patrulha. No nível mais difícil, Purist, o jogador não possui nem mesmo o HUD, tendo apenas a mira (crosshair), algo que certamente fará os fãs mais masoquistas de Hitman vibrarem.

Meu problema maior com Absolution se dá pela extinção do mundo aberto. Por mais liberdade que o jogo ofereça para cumprir seus objetivos, a progressão é bem linear, e você não pode sair de uma sala enquanto não completar o objetivo dela. Hitmans anteriores possuíam fases enormes, com objetivos que você podia concluir em praticamente qualquer ordem, ao passo que Absolution possui fases auto-contidas, muitas vezes divididas em sub-áreas. Como Absolution mantém a tradição de levar 47 para vários lugares diferentes, essa estrutura mais linear faz o jogo parecer mais fragmentado do que deveria. Não é de todo ruim, mas é menos cativante e charmoso que os outros jogos da série, especialmente Blood Money.

Por outro lado, os ambientes menores garantem que Absolution rode sem muitos problemas técnicos. Usando a engine Glacier2, Absolution é belíssimo e roda sem muitos slowdowns perceptíveis. Os efeitos de luz são ótimos, os personagens são bem feitos e o jogo nunca deixa de ser agradável aos olhos. O mais impressionante, porém, são as áreas que contém muitos NPCs, como a estação de trem e Chinatown. A quantidade de NPCs na tela é desconcertante, e é nessas horas em que você percebe o que a IO chamou de “social stealth” para Hitman. Muito impressionante, mais ainda por o jogo continuar rodando sem problema algum.

Para complementar o ótimo single-player, Absolution conta também com um modo online com conteúdos gerados por usuários. Chamado de “Contracts”, ele dá aos jogadores ferramentas para criar seus próprios níveis e depois publicá-los online para outros jogadores enfrentarem. O editor funciona muito bem e é divertido criar as fases, mas sou da particular opinião que Absolution não terá, ao menos nos consoles, uma comunidade tão dedicada a criar níveis como, por exemplo, Little Big Planet e ModNation Racers, as grandes vedetes dos user-generated contents. Independentemente disso, Contracts é muito bacana e pode render muita diversão.

Absolution pode carecer do mundo aberto que os fãs de longa data tanto adoram, mas Absolution é um grande jogo. Admito, não é para todos: se você busca tiroteio e ação constante, Absolution não é sua praia – este é um jogo de puzzle disfarçado de TPS, que exige muito cérebro do que uma primeira impressão passa. Se você gosta de jogos que desafiem sua capacidade de pensar, planejar e improvisar, ele será extremamente recompensador. De forma lenta, gradual e precisa, Aboslution se aproxima do jogador e executa sua proposta com maestria. Tal qual seu protagonista.

— Resumo —

+ Lindos gráficos.
+ Ótimos personagens e dublagem.
+ Gameplay divertidíssimo.
+ Inteligente e desafiador.

Falta do mundo aberto dá a impressão do jogo ser muito fragmentado.

Veredito

90

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