Heavenly Sword chegou ao mercado carregando uma imensa responsabilidade nas costas: ser suficientemente bom para preencher uma lacuna na fraquíssima line-up inicial do Playstation 3. Produzido pela novata Ninja Theory, e lançado em meados de 2007, Heavenly Sword era um título ambicioso que prometia visuais estonteantes, história de primeira e jogabilidade variada. Os trailers iniciais do game mostravam batalhas acrobáticas e com hordas de inimigos para enfrentar ao mesmo tempo, além de outros elementos que já haviam consagrado séries de sucesso como God of War. Porém, a ambição do projeto acabou sendo um tiro no próprio pé da Ninja Theory, que não conseguiu concretizar tudo o que desejava.
Dividido em seis capítulos, o game revela tudo que aconteceu a Nariko e seu clã desde o primeiro ataque de Bohan ao seu castelo. Cada capítulo é dividido em uma série de fases curtas em que o jogador deve avançar derrotando diversos inimigos e resolvendo alguns puzzles. O game funciona de forma similar a um beat’em up tradicional como God of War ou Devil May Cry. O jogador conta com dois botões de ataque, um de agarrão e outro para saltar, e a alavanca direita do controle é utilizada para a execução de esquivas. Além disso, ao se pressionar o botão triângulo no momento certo, Nariko executa um contra-ataque fatal. Por fim, Nariko defende os golpes dos inimigos automaticamente, bastando o jogador não estar atacando ao ser golpeado.
Após alguns capítulos, Nariko passa a utilizar a Heavenly Sword, e a jogabilidade se torna mais profunda. Os botões L1 e R1 passam a ser utilizados para modificar o estilo de luta da protagonista, assim como a forma de utilização de sua arma. Segurando L1 ao atacar, a Heavenly Sword se transforma em duas correntes similares às utilizadas por Kratos em God of War, e os ataques são mais rápidos, porém menos efetivos. Já segurando R1, Nariko empunha uma fortíssima espada que peca apenas por ser muito mais lenta, tornando os golpes mais imprecisos e as esquivas mais difíceis de serem executadas.
Em certos momentos, o jogador deve resolver alguns puzzles, sendo a maioria deles simples e limitada (como por exemplo procurar e ativar alguma alavanca que possa abrir passagem). Há outros puzzles mais divertidos em que Nariko deve acertar escudos em interruptores para abrir caminho,mas infelizmente esses desafios são mais raros. A protagonista possui a habilidade de se concentrar para controlar objetos com a mente, tornando possível a alteração do caminho a ser percorrido pelos itens arremessados. Para a execução do movimento, o jogador deve segurar o botão quadrado e utilizar os sensores de movimento do SixAxis para controlar a trajetória do objeto arremessado. No começo o comando pode parecer impreciso, porém com um pouco de prática sua utilização se torna simples, eficiente e gratificante.
Porém nem tudo são flores para quem joga Heavenly Sword. O jogo é muito repetitivo e limita o jogador a guiar Nariko ou Kai de um ponto a outro, derrotando sempre os mesmos inimigos, sempre com os mesmos pontos fracos. Os puzzles também são muito fáceis e simplórios, fazendo com que pareça que eles estão no jogo apenas para preencher espaço e aumentar o tempo gasto para a conclusão da aventura, que mesmo assim é muito curta, tendo em média uma duração de oito horas. Outro ponto negativo é a imprecisão da câmera, que frequentemente se posiciona em lugares inconvenientes, atrapalhando bastante os combates, que por si só já são complicados devido aos slowdowns apontados anteriormente. Além disso, os combates são prejudicados pela ausência de botões para a realização de movimentos defensivos, o que obriga o jogador a interromper combos para realizá-los. Assim, o jogador prefere utilizar a esquiva à defesa, para não interromper o ritmo das batalhas.
Além de curto, o game não conta com suporte a troféus nem modos online ou multiplayer. Após uma partida, não há motivos para uma nova jornada, dado que os extras destraváveis com a obtenção dos emblemas podem ser baixados na PSN Store.
Heavenly Sword é um bom game, porém a ambição da Ninja Theory acabou por não torná-lo um título obrigatório para compra. Por outro lado, o cuidado da produtora com os detalhes, a história, os gráficos e a dublagem fazem com que o jogo mereça ser pelo menos alugado. E mesmo com as inconsistências inerentes à jogabilidade e a falta de fatores que estimulem uma nova partida, temos uma aventura sólida que merece ser experimentada, mesmo que depois o game nunca volte ao console.