Gungrave é uma série que nasceu na época do PS2 e que tinha curiosidade de conhecer. Seu primeiro título foi lançado em 2002, recebeu uma animação em 2003 e uma sequência do jogo original em 2004. A série então ficou dormente até Gungrave VR ser lançado em 2017 como uma espécie de prólogo para o terceiro título principal da série: Gungrave G.O.R.E.
G.O.R.E foi meu primeiro contato com a série e, logo no seu menu inicial, há um vídeo que recapitula todos os acontecimentos de jogos passados. Francamente, absolutamente nada disso é necessário para aproveitar G.O.R.E, pois o foco do título é pura e simplesmente na ação. A história envolve Grave, nosso protagonista, tentando destruir um cartel de drogas que distribui a droga Seed, capaz de viciar seus usuários e transformá-los em monstros. A história é bastante fácil e simples de ser acompanhada, pois é composta, principalmente, de cutscenes e diálogos bastante simples com a navegadora de Grave.
Assim como muitos jogos de ação, a história é simplesmente um pano de fundo para que o título foque em sua jogabilidade de ação e, certamente, Gungrave G.O.R.E tem um foco cirúrgico em sua ação até mesmo em seu detrimento às vezes. Minha impressão inicial de Gungrave é que se trataria de um jogo semelhante a Devil May Cry, ou seja, derrotar seus inimigos de forma estilosa, mas com um foco maior em armas de fogo. A realidade, no entanto, é um pouco diferente já que o real foco de Gungrave não é derrotar os inimigos de forma estilosa, mas sobreviver a ondas e mais ondas de inimigos que vão aparecer e atacar de todos os ângulos possíveis. De certa forma, é uma experiência mais próxima a um Ninja Gaiden com armas de fogo.
Grave é um personagem com um arsenal bastante amplo de opções e, inicialmente, o jogo faz um excelente trabalho em introduzir cada mecânica. Grave conta com suas pistolas como armas principais para derrotar seus inimigos e essas são eficientes para derrotar os inimigos enquanto se desvia das balas e se move pelo cenário. Tão logo que o jogador deseje uma opção mais veloz, o jogo introduz uma pose de ataque que permite atirar mais rapidamente, mas faz com que Grave não possa se mexer. A falta de mobilidade, no entanto, não é um grande problema, pois levar tiros em confronto não é algo incomum ou sequer uma penalidade, inicialmente, é algo esperado. Grave conta um escudo que irá defendê-lo de um número de ataques e irá se regenerar uma vez que Grave não leve nenhum ataque por algum tempo. Tão logo que o jogador deseje uma forma alternativa de regenerar o escudo, o jogo introduz execuções que consistem em matar um inimigo atordoado com um golpe finalizador de curta distância. De maneira semelhante, tão logo que o jogador deseje uma execução de longa distância, é liberada a corrente que faz exatamente isso.
Existem ainda uma variedade considerável de mecânicas como usar seus inimigos de escudos humanos, atacar em 360º para caso esteja cercado, ataques físicos com seu caixão para devolver tiros de bazuca com uma precisão absurda, ataques especiais capazes de recuperar vida e limpar salas inteiras, entre outras. O conjunto completo de habilidades iniciais é o suficiente para lidar com qualquer confronto e cabe inteiramente a habilidade do jogador de utilizá-los adequadamente. Ainda é possível fortalecer e expandir o arsenal de Grave com novos ataques e especiais, no entanto, a economia do jogo dificulta isso. O jogador recebe pontos após cada nível e a quantidade varia de acordo com o ranque recebido, mas o custo de cada upgrade é bastante elevado. É possível reaver todos os pontos utilizados em qualquer hora que estiver customizando o personagem e isso permite experimentar com diferentes builds, no entanto, em um jogo tão focado em opções seria melhor liberar essas opções com mais frequência.
Cada nível acontece em diferentes ambientações e com ondas e mais ondas e mais ondas de inimigos tentando derrotar Grave. Grave é um personagem superpoderoso e, portanto, a única opção dos inimigos é jogar corpos e mais corpos na esperança de derrotar o protagonista. Essa, para melhor e para pior, é a alma de Gungrave, combate atrás de combate, onda atrás de onda e sem variação nenhuma que desvie do combate. Não há puzzles ou sequer um aspecto mínimo de exploração, somente ação. O foco é certamente apreciado, mas também se torna cansativo. O botão R2 é pressionado para atirar com as pistolas e, francamente, temia pela vida útil de meus controles do tanto que tenho que pressioná-lo a cada nível. Infelizmente, não há uma opção de disparo automático e que certamente facilitaria isso bastante.
Os melhores confrontos do título acontecem quando uma grande quantidade de inimigos cerca Grave e o jogador é encarregado a lidar com ataques de todas as direções. Mesmo com todo o arsenal de Grave, ficar parado no meio do fogo cruzado é uma forma bastante rápida de resultar em um Game Over. Os inimigos atacam com rifles, socos (sim, socos em um tiroteio), granadas de fogo e veneno, tiros de bazuca (que podem ser devolvidos ao remetente utilizando um golpe de caixão, bem útil) e muito mais. Saber administrar todo esse caos é o ponto alto da experiência de Gungrave G.O.R.E e, francamente, é uma experiência bastante divertida nesses momentos. No entanto, também há cenários que criam condições adversas e cujo resultado serve somente para frustrar os jogadores. Por exemplo, existem confrontos que acontecem em cima de meios de transporte improvisados e que, caso Grave caia desses, levam a um Game Over instantâneo.Obviamente nestes confrontos, os inimigos mais numerosos são justamente aqueles que conseguem empurrar Grave com facilidade. Essa alternância entre cenários bons, terríveis e o fato do jogo ser cansativo e enjoativo quanto aos seus confrontos faz com que a experiência do jogo varie bastante. É um título que, certamente, é melhor jogado aos poucos do que em sessões longas.
O principal crucifixo do jogo é justamente essa falta de polimento em todos os seus aspectos. Para o melhor e para o pior, Gungrave G.O.R.E é um título cuja alma está firmemente plantada na época do PS2 com mecânicas inusitadas e interessantes aliadas com implementações grosseiras e desajeitadas. O combate é certamente divertido, mas seus comandos, algumas vezes, não respondem e não fluem tão bem quanto um título de ação moderno. O ritmo de jogo varia entre cenários interessantes de combate e momentos de absoluto tédio e repetição incessante. Seu arsenal que pode ser expandido está travado por uma economia absolutamente arcaica. Há certamente pontos positivos da experiência do jogo, mas que também acompanha sua dose de problemas.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Prime Matter.
Veredito
Gungrave G.O.R.E foi um título que surpreendeu positivamente, mas que acabou decepcionando. Certamente, é uma recomendação para quando estiver com um preço mais acessível e, principalmente, para o público que gosta de títulos com ação intensa e tem a mente aberta para aceitar as falhas do jogo. Francamente, esperamos que vejamos mais versões da série eventualmente e que utilize todo o potencial demonstrado em G.O.R.E.
Gungrave G.O.R.E was a title that surprised positively, but ended up disappointing. It is certainly a recommendation for when it is at a more affordable price and, above all, for the public that likes intense action and has an open mind to accept the game’s flaws. Frankly, we hope to see more titles in the series eventually and that it utilizes the full potential demonstrated in G.O.R.E.
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