Jogos de plataforma possuem uma proposta simples e fácil de aplicar. Encontre seu caminho e avance por ele através das superação de obstáculos via diversas mecânicas, como pulo, corrida, combate e outros. Seja 2D ou 3D, a premissa continua a mesma e é um trabalho árduo errar nessa tentativa. Infelizmente, a realidade não é essa para alguns jogos.
Guardian of Lore apresenta uma ideia de história excelente e que poderia render muito. Seja um protetor dos contos e lendas e garanta a existência dessas histórias contra diversas adversidades. Aqui, com muito baseado nos mitos da América Latina, o jogador enfrentará perigos de todas as formas para manter vivo esse legado de histórias fantásticas.
No papel do remanescente guardião da biblioteca, príncipe Sayri, aprenda magias, colete equipamentos, avance por diversos mapas perigosos, enfrente inimigos vindo de lendas e chefes únicos na busca de restaurar as histórias perdidas do jogo.
O maior ponto positivo do título é a arte única usada para apresentar a história via cutscenes e background das missões. Aspecto visual, para essas cenas, faz o trabalho muito bem. De toda forma, quando entramos na parte de gameplay, visual das fases e principalmente com tudo isso em movimento, o jogo deixa a desejar.
Não é somente a queda na arte no gameplay que demonstra a incapacidade do título de entregar o desejo de jogar por parte do jogador, mas a jogabilidade em si não é cativante por diversos motivos. Ainda preso na parte artística, as plataformas, acessos pelas fases, perigos e até inimigos (aqui personagem, inimigos e NPCs são apresentados em 3D, diferente dos mapas todos em 2D, criando assim o efeito 2.5D) nunca ficam claros para o jogador e não há marcadores visuais para que você entenda o que está ao seu redor. Não se sabe ao certo de onde vem um ataque, se a plataforma que você está é móvel, fixa ou mesmo uma armadilha, não há percepção de perigos no mapa ou caminhos a seguir, tudo isso pela parte artística vinculada ao gameplay que não funciona.
Indo direto para a parte de interação do jogador, há ideias interessantes para o título quanto a sua jogabilidade, mas todas não são executadas de forma aceitável, para dizer no mínimo. Como exemplo, o sistema de magias é baseado em invocação por comandos, como acontece na série Magicka. Apesar da variação de comandos ser simples e de fácil acesso, usar cada magia depende dos pontos de XP acumulados através de inimigos derrotados e itens. O consumo é extremamente alto e torna quase inviável usar para magias, já que é a mesma moeda gasta para recuperação de equipamentos, compra de itens e mais. Junte isso ao fato de adquirir esse material é escasso e a cada morte você perde parte dele, tornando essa parte do sistema nada agradável.
O combate acontece à distância com magias, como já falado, e com golpes físicos por armas brancas. Aqui, outro problema preocupante são as hitboxes que não são precisas e nada compreensíveis. Inimigos também não sofrem impacto dos golpes e vão continuar atacando mesmo sob efeito de golpes do jogador. Além disso, há uma certa tentativa de fazer o jogo ter uma dificuldade mais alta, mas o que acontece é apenas danos não balanceados e um combate não muito funcional.
Sendo baseado numa estrutura de missões separadas e com caminhos variados dentro de cada fase, o fator replay seria de bom impacto. Entretanto, voltando aos problemas visuais do jogo, não há uma percepção dos caminhos disponíveis ou como acessar cada um, assim como a experiência de combate sendo frustrante, o jogador só pensa em acelerar logo o processo e terminar logo cada tarefa.
Guardian of Lore pode ter uma premissa interessante, mas a execução é um desastre e torna o jogo um processo cansativo e chato, mesmo para amantes de plataforma. Não sendo uma tarefa agradável, investir tempo no jogo para sua conclusão é uma missão sofrível e cansativa. Há uma impressão que o título carece de muito mais investimento, tempo de trabalho e experiência no desenvolvimento.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Top Hat Studios.
Veredito
Guardian of Lore falha em executar bem diversos aspectos de gameplay e jamais entrega algo divertido ao jogador. Mesmo a premissa interessante e a arte agradável não vão salvar o jogo de ser algo medíocre.
Guardian of Lore fails to execute many aspects of gameplay and never delivers anything fun to the player. Even the interesting premise and nice art won’t save the game from being something mediocre.
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