Alguns jogos sempre vão se destacar em algo à primeira vista que irá “ganhar” o jogador, seja pela parte visual, história, enredo, mecânicas novas de jogabilidade e mais. Normalmente isso quase sempre acontece num primeiro trailer e imagens, criando um certo tipo de expectativa que precisará ser cumprida depois. Greak: Memories of Azur é um caso assim, tendo sido vendido principalmente pela sua parte artística e que agora mostra ir além disso, mesmo com alguns tropeços.
O jogo do estúdio mexicano Navegante Entertainment traz uma experiência já escassa no mercado. Títulos de aventura com quebra-cabeças se tornaram quase exclusividade dos estúdios indies e raramente temos isso num modelo AAA. Mais recente, e com sucesso considerável, podemos citar It Takes Two, dos especialistas nisso da Hazelight Studios.
Greak: Memories of Azur é uma aventura sidescrolling com foco na resolução de puzzles e combate leve. Conta a história de Greak, um jovem courine do mundo de Azur que procura desesperadamente seus irmãos Adara e Raydel, para que consigam fugir com os demais courines antes que os urlags dominem tudo. Numa espécie de corrida contra o tempo, Greak precisa procurar pelos irmãos em diversos locais de Azur, enfrentar os perigos de cada um e ainda ajudar os últimos courines a deixar sua terra natal.
A proposta do jogo é simples: Siga em cada mapa realizando as tarefas de cada missão, resolvendo os puzzles no caminho e eliminando os inimigos que surgirem. A princípio, não vai ser diferente de qualquer jogo do tipo. Entretanto, tudo isso acaba mudando quando Adara e Raydel são resgatados e passam a integrar a equipe. A mecânica do jogo passa a ser mais complexa para a solução dos puzzles e até mesmo para o combate.
Apresentar 2 ou mais personagens tendo que se unir para solucionar problemas em algum jogo não é nenhuma novidade hoje em dia. Mesmo usando o tipo de fórmula citado, Greak consegue entregar isso muito bem e favorecendo um tipo de jogo que exige raciocínio do jogador, assim como atenção a pequenos detalhes e também enaltecendo seus próprios personagens.
O grande destaque é a jogabilidade diferenciada de cada um dos personagens. Greak é pequeno, age como um ladino, com combate de espada curta, uma besta e consegue acessar locais mais apertados. Além disso, também é o mais ágil de todos os irmãos. Adara é uma aprendiz nas artes arcanas e consegue manipular esse tipo de magia. Com a habilidade de flutuar, tem o maior alcance com pulo e também consegue ficar o maior tempo mergulhando, mas sua magia de ataque não é tão poderosa e também não consegue desviar bem de golpes. O irmão mais velho, Raydel, é um soldado da guarda e especialista em combate a curta distância. Possui uma espada longa e escudo pesado, sendo extremamente eficiente contra qualquer tipo de inimigo. Apesar de conseguir se enganchar em algumas estruturas para acesso de locais mais altos, não consegue nadar e é inútil na água.
Como percebido, cada um dos irmãos possuem características únicas e isso fica evidente no uso delas em cada puzzle. Usar o escudo de Raydel para bloquear um raio que fica num determinado caminho, acessar locais profundos com Adara ou adentrar em buracos com Greak são só exemplos do que pode ser feito no jogo. Muito disso vai depender da curiosidade do jogador em tentar uma solução diferente, com um personagem diferente, ao perceber que não está tendo sucesso para superar um obstáculo.
Por questões narrativas e da história, o jogador só vai conseguir jogar com a equipe completa mais perto do fim do jogo. Entretanto, há um equilíbrio na inclusão de cada nova mecânica e que acontece de forma natural. Digamos que a cada terço do jogo haverá uma experiência diferente, começando com apenas Greak, depois mudando com a chegada de Adara e, finalmente, na parte final com Raydel. Com isso, os últimos puzzles realmente são mais elaborados, principalmente um do final do jogo, dentro de um labirinto.
Apesar de toda a boa execução do jogo com o que já foi dito e também das demais partes que funcionam bem mesmo não se destacando, como o combate e um sistema de itens, há algo que realmente incomoda e vai ficando pior com o tempo: os comandos. Ao jogar só com Greak, nada disso fica evidente, mas quando Adara passa a ser controlada pelo jogador, e posteriormente Raydel, os comandos para coordenar 3 personagens ao mesmo tempo passa a ser cansativo.
Vamos explicar melhor. Os comandos são o padrão já usado, com um botão para ataque, outro pulo, dois botões para o uso de habilidades únicas de cada um, direcionais são usados para trocar o personagem e L1 para o inventário. Até aí tudo ok e funciona sem problemas, com exceção do R1 para habilidades que não é tão preciso assim. O botão L2 serve para comandar os 3 personagens de uma vez só e o R2 para uni-los, caso estejam separados por uma curta distância.
O comando no R2 serve apenas para juntar o time num único ponto, facilitando a movimentação, mas possui os mesmo problemas no L2. É necessário manter o L2 acionado para comandar os 3 personagens de uma vez, mas como cada um tem pulo e movimentos distintos, sempre irá acontecer de um ficar para trás, outro parado numa parede, etc. Isso é frequente e o jogador vai acabar tendo que fazer a movimentação individual para quase tudo. Em resumo, os comandos de L2 e R2 vão funcionar bem só quando necessário andar em linha reta e qualquer coisa diferente disso vai resultar em ter que fazer os mesmos comandos para cada um dos irmãos de forma separada.
Como já foi falado, essa solução não melhora com o tempo e os problemas ficam mais evidentes perto do fim do jogo. Não é algo que você se acostuma, como em Brothers: A Tale of Two Sons, onde os comandos estranhos a princípio vão sendo assimilados com o tempo e progresso no jogo. Aqui é algo que se torna irritante e só não é pior pela duração total da campanha, que fica perto de 6 a 7 horas.
Claramente há mais pontos positivos do que negativos no jogo. A belíssima arte e trilha sonora são destaques, assim como a leve história e os bons puzzles com mecânicas inteligentes. Pesa no jogo os comandos não bem executados com L2, R2 e R1, criando uma experiência não tão refinada quanto poderia ser.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Team17.
Veredito
Greak: Memories of Azur é uma aventura divertida e com ótimas mecânicas de puzzles. A arte feita à mão e a boa trilha sonora são destaques, mas os comandos não funcionais acabam diminuindo a experiência como um todo.
Greak: Memories of Azur is a fun adventure with great puzzle mechanics. The handcrafted art and good soundtrack are the highlights, but non-functional commands end up harming the overall experience.
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