God of War III

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É até dispensável analisar God of War III. Se a nota final dessa análise fosse 0% ou 100%, você iria jogar da mesma forma ou estou enganado?

God of War III é o típico jogo que justifica a compra de um PlayStation 3. Dado esse fato, é redundante dizer durante a análise que o jogo é bom, ótimo ou excelente, pois você já sabe disso. Mas não sabe o porquê dele ser bom e muito menos como ele não recebeu nota máxima. E é aí que entrará sua vontade de ler essa análise.

O game começa exatamente do ponto em que God of War II terminou. Portanto, se você não terminou os outros dois jogos (disponíveis no PlayStation 2 ou via God of War Collection no PS3), terá sérios problemas em não entender a história, apesar de acontecer um breve resumo que funciona como a abertura do jogo, antes mesmo do menu principal.

Kratos, após ter convocado os Titãs no passado usando o artefato das Irmãs do Destino, retorna ao presente para destruir Zeus. O jogo começa exatamente nesse momento: Kratos com a titã Gaia, a qual está escalando o Monte Olimpo. Percebendo a escalada, os deuses iniciam os ataques. O primeiro a se manifestar é o deus dos mares, Poseidon, iniciando assim a primeira batalha épica do jogo.

O enredo de God of War III se desenvolve de maneira convincente. Há apenas um momento inicial que deixa o jogador um tanto quanto perdido (para quem quiser saber o que estou falando, deixo a dica: Kratos é traído novamente), mas fora isso (e que até serve para mostrar o quanto Kratos só pensa em si mesmo e em sua vingança pessoal), é possível entender com clareza tudo o que acontece e inclusive o final é fora de série, sendo inovador em praticamente todos os momentos. E, como os produtores falaram diversas vezes, o game realmente encerra a trilogia. No entanto, se eles forçarem a barra, ainda é possível puxar a história ainda mais.

Logo nessa primeira batalha de Poseidon, mencionada anteriormente, podemos tirar algumas conclusões: é bom estar em casa novamente e você começa a se acostumar com a absurda escala do jogo. Não quero estragar a surpresa de ninguém, mas a batalha é extremamente épica.

Porém, logo no início, depois dessa batalha épica, você começa a notar o único e verdadeiro problema de God of War III: a sensação de “déjà vu”. Não, as batalhas contra os chefes não são iguais e Kratos adquire várias armas novas e até mesmo um novo sistema de itens que será mencionado mais adiante. O problema é o reaproveitamento de muitas características dos jogos anteriores. Há poucos inimigos novos, as batalhas continuam exatamente iguais com os inimigos já existentes, ainda existem os “QTE” (Quick Time Events, momentos que você deve apertar os botões em ordem para matar um inimigo, por exemplo) e assim por diante. Como God of War é centrado muito nas batalhas, é chato encontrar as mesmas coisas que você já viu em outros dois jogos. No entanto, fico feliz em mencionar que esse será o único defeito de God of War III (talvez exista mais um: sua longevidade, mas será comentado mais adiante).

Se por um lado temos os inimigos repetidos, por outro temos muitos locais do jogo que são novos (mas logo de cara você começa em um familiar – de nome, ao menos), armas novas, magias novas e muito mais. Um sistema novo e que veio para ajudar é o de itens. Existem três barras agora: as duas normais de vida e magia (a qual é usada com o botão R2), e a nova de “itens”, na cor amarela. Essa barra permite que Kratos use determinados tipos de itens e não é necessário se preocupar em recuperá-la (ela se enche sozinha com o passar do tempo). Dois itens podem ser mencionados sem estragar sua diversão: a cabeça do deus Helius, vista na demo, utiliza essa nova barra, assim como o arco de Apollo, o qual, quando carregado, lança flechas de fogo. Para usar esses itens em questão, é necessário segurar L2 e apertar um botão, como triângulo (cabeça de Helius) ou quadrado (arco de Apollo).

Já no quesito de armas, Kratos tem praticamente só armas novas, excluindo as suas duas clássicas lâminas (as quais novamente recebem um novo nome). Com armas novas, novos movimentos podem ser executados. Cada arma não foi criada aleatoriamente: uma era usada por Hades, por exemplo, enquanto uma outra por um certo semideus. Todas, porém, obedecem os comandos padrões da franquia: quadrado é um ataque rápido e horizontal, triângulo é um ataque forte e vertical, enquanto que o círculo agarra o oponente e o X pula. Além das armas, vale notar que dois itens de God of War II estão disponíveis desde o início: as asas de Icarus e Golden Fleece, o item que permite contra-atacar os inimigos.

É difícil comentar sobre o jogo sem estragar sua diversão. O jogo, por si só, já é relativamente curto (terminei, sem pressa, em 8 horas na dificuldade Normal). No entanto, ele possui colecionáveis e o Challenge of Olympus, além de obrigá-lo a terminar na dificuldade Hard (Titan) se quiser platiná-lo, aumentando assim a longevidade para, no mínimo, 15 horas.

O Challenge of Olympus já é algo que se tornou padrão nos jogos God of War. São desafios pré-determinados que são interessantes e difíceis. No entanto, o fator estratégia aumentou mais em relação aos outros jogos. Ou seja, todos desafios possuem um fator que auxilia bastante a sua conclusão. Portanto, tirando uns dois ou três que podem dar dor de cabeça dos sete desafios, a maioria é bem mais fácil que os challenges dos outros God of War.

God of War III esbanja demais o poder gráfico e técnico do PlayStation 3. As músicas, apesar de serem fiéis ao tipo da série, não chamam tanto a atenção devido ao que está acontecendo na tela impressionar mais o jogador. Mas, sem dúvida, é um trabalho impecável.

Os gráficos é até inútil fazer algum comentário. Sabemos que Uncharted 2 é provavelmente o jogo com os melhores gráficos no PlayStation 3 até o momento, mas God of War III consegue chegar perto e até mesmo superar em alguns momentos. Há alguns problemas de texturas que você nota, mas há tanta coisa acontecendo na tela que se tornam despercebidos. O modelo dos personagens, exceto o de Kratos que é simplesmente perfeito de tão detalhado que é, no entanto, são pobres. As mulheres do minigame de sexo, por exemplo, possuem seu corpo muito bem detalhado, mas a face é muito pobre em detalhes. Da mesma forma, alguns deuses mais “humanos”, também sofrem disso. Por outro lado, além de Kratos, há monstros e alguns deuses e semideuses que receberam a devida atenção. São casos e mais casos. Mas como você olha para esses personagens por 5 ou 10 minutos, dependendo do momento da história, é possível passar batido por tal crítica.

God of War III é um excelente título. Há uma quantidade imensa de detalhes, desde os pequenos, como o sangue dos inimigos no corpo de Kratos, até os grandes, presentes nos vastos cenários. Isso faz com que o jogador perceba o capricho que foi dado ao jogo. No entanto, como dito, o game peca em abusar de alguns pontos reaproveitados.

“No final, só haverá o caos”. É o que diz o slogan do jogo. Confira-o e comprove que tal frase não poderia ser mais do que verdadeira.

Veredito

94

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