Freedom Wars Remastered – Review

Para aqueles que tiveram o prazer de aproveitá-lo, o PS Vita foi um console marcante por vários pequenos títulos bem distintos. Apesar de nunca ter feito jus às expectativas de jogos AAA em versão portátil como a Sony prometia entregar, salvo por algumas tentativas muito mequetrefes nos seus primeiros anos de vida, ele acabou se tornando um belo veículo para se aproveitar jogos de nicho.

Um dos nichos estranhamente mais explorados foi o universo dos clones de Monster Hunter. Algo bem natural, considerando à época, visto que a extremamente popular série da Capcom não chegava aos consoles PlayStation graças à uma parceria bastante forte com a Nintendo (o que só se quebraria com Monster Hunter World) e os títulos da franquia que chegaram ao PSP foram parte fundamental para o sucesso do primeiro portátil da Sony, especialmente no Japão.

Essa tentativa de preencher o vazio deixado pela ausência do principal “system-seller” no Japão rendeu algumas experiências bem distintas, com premissas únicas e que só poderiam ter encontrado seu lugar no Vita, estranhamente quase sempre com apoio da Sony. De Ragnarok Odyssey à God Eater 2, passando por Phantasy Star Nova e Soul Sacrifice, várias foram as tentativas, mas poucas tão divertidas de se jogar quanto Freedom Wars, título da Dimps que agora chega ao PS5 remasterizado com suporte da Bandai Namco.

Freedom Wars Remastered

Um dos grandes destaques de Freedom Wars Remastered é sua ambientação. Se passando em um futuro extremamente distópico, mais especificamente no ano de 102.014, onde o planeta já ruiu completamente, sendo incapaz de prover recursos suficientes para a subsistência da população. Como forma de resistência, a humanidade passou a residir em Cidades-Estado subterrâneas chamadas de Panópticos, onde toda a população vive sob constante vigilância e punição.

Em um mundo de recursos escassos, todo e qualquer acusado de um crime é considerado automaticamente culpado e condenado a uma pena de 1.000.000 de anos, cuja única forma de reduzir sua sentença é lutar compulsoriamente pela sua liberdade. Literalmente, neste caso. O jogador assume o papel de um protagonista criado por ele mesmo que é condenado a essa sentença pelo crime de “nascer”, cabendo então lutar contra os monstros gigantes do jogo, chamados de Abdutores, para recuperar aos seus poucos seus direitos, reduzir sua sentença e, aos poucos, descobrir mais sobre os mistérios desse mundo.

Em termos narrativos, Freedom Wars Remastered entrega uma ambientação bem rica e uma história até bem desenvolvida para o gênero, apesar de contar com alguns problemas. Muitas do seu êxito vem da ambientação e a forma como o jogo constrói sobre isso, tentando trazer uma discussão sobre a exploração do trabalho humano enquanto alguns poucos vivem em literais tronos no céu e a necessidade de lutar contra o “destino” que é imposto.

Freedom Wars Remastered

É tudo bem legal e funcional e esteticamente o mundo consegue trazer bem o clima mais opressivo de se viver em uma literal prisão de concreto, com a forma como você precisa literalmente lutar contra monstros para recuperar seus direitos mais básicos sendo uma metáfora bem legal. Mas a história em si é um pouco mal estruturada, terminando de forma bem repentina e incompleta, quase como se o estúdio esperasse ter tempo para dar suporte ao jogo, talvez via uma versão expandida, ou explorar melhor o universo com uma sequência.

Em termos de gameplay, Freedom Wars Remastered é, ao mesmo tempo, bastante divertido e um tanto frustrante. O looping central gira em torno de sessões de história e sessões de combate. Durante a exploração, você poderá conversar com diferentes personagens e conhecer um pouco mais do mundo, seus personagens e a visão que cada um tem sobre a vida nos Panópticos.

Durante o combate, você partirá em missões para enfrentar os Abdutores, que podem ser tanto offline, com aliados controlados por IA surpreendentemente úteis, quanto online (que podem ser missões cooperativas ou PvP). O jogador tem ao seu dispor algumas ferramentas centrais na batalha. Uma delas é um andróide que o acompanha chamado de Acessório, o qual te ajuda nos objetivos das missões, que costumam ir de derrotar seus inimigos, capturar certos pontos ou resgatar civis, coletam materiais ou atacam os Abdutores.

Freedom Wars Remastered

O jogador tem ao seu dispor seis tipos distintos de armas, com três tipos de armas para combate corpo-a-corpo e três tipos de armas de fogo. A nomenclatura acaba enganando um pouco, já que, apesar de apresentar poucos tipos distintos, armas que em outros seriam um tipo específico aqui aparecem como parte de outros grupos, então apesar de aparentar menos opções do que outros jogos do gênero, ele acaba escondendo essa variedade sob nomes diferentes.

Dito isso, o combate é bem divertido dentro de certos parâmetros. Freedom Wars Remastered é especialmente funcional durante o uso de armas de fogo, parecendo um jogo especialmente desenhado para isso. Já caso o jogador opte por utilizar armas de combate físico, ele acaba sendo mais variável, com o funcionamento dos golpes não sendo muito consistente e a câmera sendo mais incômoda nestes casos. De toda forma, você sempre estará com uma opção de cada tipo, podendo facilmente alternar entre uma e outra com triângulo.

A preferência pelo uso das armas de fogo acaba sendo bem condizente com a outra ferramenta que o jogo disponibiliza, um chicote chamado de Espinhos. Essa ferramenta é basicamente um gancho que pode ser usado inicialmente para mobilidade pelo campo de batalha, te lançando ao ar para atacar um inimigo, e para puxar os inimigos para o chão, aumentando a possibilidade de golpes para unidades de combate corpo-a-corpo. Ao longo do jogo você terá acesso a diferentes melhorias que vão abrindo a possibilidade de alterar o funcionamento dela, te permitindo colocar armadilhas ou curar aliados, por exemplo.

Freedom Wars Remastered

Completar as missões te renderá diferentes materiais que podem ser usados de duas formas distintas. A principal delas é como um tributo ao Panóptico, o que te permite não só reduzir a sua sentença e aumentar o ranking dele, mas também rende Pontos de Direito que podem ser usados para comprar direitos. Esses “direitos” vão de coisas bestas, como a possibilidade de customizar a sua aparência ou a aparência do seu Acessório, ou ter acesso a diferentes tipos de arma. Por outro lado, esses recursos também podem ser usados como materiais no sistema de crafting do jogo, então há uma necessidade grande de equilibrar o uso desses itens e um certo grind natural desse tipo de jogo.

O crafting é parte essencial aqui e inclui itens consumíveis, como suprimentos de cura e granadas, e mods para as suas armas, que permitem alterar o funcionamento delas durante o combate. Embora o jogo tenha sua própria narrativa e tudo mais, é justamente esse looping de combate e crafting que é a parte central do jogo e o único incômodo fica por um certo degrau de RNG que pode atrapalhar até o melhor dos planejamentos.

Felizmente, o sistema de crafting foi totalmente reestruturado para se encaixar melhor com a realidade atual, já que o jogo original dependia bastante do relógio interno do Vita e da passagem de tempo no mundo real para criar seus itens. Dito isso, se prepare também para um grind considerável, especialmente no endgame, o que acaba trazendo um pequeno degrau de repetitividade, algo que também já seria esperado do gênero.

Freedom Wars Remastered

Por fim, falando sobre a remasterização, o trabalho central dele parece mais voltado para elementos básicos do que se esperaria e demonstra bem claramente que a intenção desse relançamento realmente é colocar o jogo de volta na frente de um público que passou batido por ele graças à baixa popularidade do PS Vita. Para isso, o jogo chega ao PS4 e PS5 com texturas, modelos e interface em HD, com o jogo tendo suporte para 4K no PS5 e um bem-vindo rebalanceamento do combate. Além disso, a localização em PT-BR disponível aqui ficou excelente, sendo uma boa adaptação e tornando o jogo bem mais acessível, incluindo servidores na América Latina.

Não espere, no entanto, o jogo mais lindo do mundo e a performance em si tem seus problemas, com alguns loadings estranhamente longos mesmo no PS5, ainda que, no geral, em comparação ao original tudo seja bem mais ágil, tanto em gameplay quanto na parte técnica e mais suave de se jogar. Freedom Wars Remastered é um jogo visualmente muito agradável, mas com suas limitações oriundas, basicamente, da sua versão original. A trilha sonora também é bem boa e ajuda na ambientação, mas nada que será lembrado eternamente. Por último, cabe dizer que o online, pelo pouco que conseguimos testar, funcionou bem, sem grandes problemas, mesmo com poucos jogadores nesse período pré-lançamento.

No geral, Freedom Wars Remastered é um título bem divertido e que trouxe uma boa experiência em ser revisitado. Dito isso, muitos dos seus sistemas, mais de 10 anos depois, acabaram ficando defasados, especialmente com os avanços que o gênero trouxe. Ainda assim, é fácil revelá-los graças a boa ambientação do jogo e sua história, que só sofre pela conclusão repentina, mas que traz algumas boas 60 a 70 horas (ou mais) de conteúdo para fãs do gênero.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco Entertainment.

Veredito

Apesar de suas limitações, Freedom Wars Remastered é uma excelente forma de se revisitar um dos mais divertidos jogos de caça de monstros lançados para o PS Vita. Sua história e conceitos continuam ressoando e o combate, graças às melhorias trazidas nessa remasterização, é ainda mais fluido e funcional. Infelizmente, problemas com o combate corpo-a-corpo persistem e algumas limitações técnicas atrapalham o pacote como um todo.

80

Freedom Wars Remastered

Fabricante: Dimps

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: Bandai Namco Entertainment

Lançamento: 01/10/2025

Dublado:

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Despite its limitations, Freedom Wars Remastered is an excellent way to revisit one of the most enjoyable monster-hunting games released for the PS Vita. Its story and concepts continue to resonate, and the combat, thanks to the improvements brought in this remaster, is even more fluid and functional. Unfortunately, issues with melee combat persist, and some technical limitations hinder the overall package.

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