Fort Solis – Review

Talvez nesse momento você esteja pensando “Nossa, mais uma história de suspense e exploração em outro planeta?”; mas calma, vem ler o que eu tenho pra dizer e descobrir se este jogo é de fato só mais um ou se tem algo que o difere das outras centenas de títulos assim.

Fort Solis, lançado em 22 de agosto de 2023 pela desenvolvedoras Fallen Leaf Studio e Black Drakkar Games e distribuído pela Dear Villagers, busca proporcionar aos jogadores uma experiência singular e cinematográfica, imersa em uma trama dividida em quatro capítulos intrigantes. O título oferece a oportunidade de ser vivenciado de maneira contínua, assemelhando-se a uma sessão de cinema, ou de forma episódica, permitindo que os jogadores mergulhem nos capítulos como se fossem episódios de uma série fascinante.

Desde o início, somos conduzidos a um cenário misterioso e sombrio, o Fort Solis, uma remota base de mineração pertencente à Terra, empresa na qual Jack e Jess, os protagonistas, trabalham. A urgência do chamado de emergência e o iminente cenário de tempestade estabelecem uma atmosfera de suspense e intriga, elementos que se mantêm ao longo da narrativa. Contudo, é importante notar que, embora o jogo seja majoritariamente jogável pelo protagonista Jack, existem momentos relevantes onde o jogador se torna um mero espectador assistindo cutscenes, o que pode, por vezes, gerar certa frustração naqueles que anseiam por mais interatividade.

A imersão é aprimorada pelo elenco de voz de qualidade excepcional, composto por nomes notáveis como Roger Clark (Red Dead Redemption 2), Troy Baker (The Last of Us), entre outros. A atuação destes artistas traz à tona emoções genuínas, como adrenalina, medo e empatia, conferindo profundidade e conexão emocional com cada capítulo da história.

Além do elenco, a presença de elementos narrativos auxilia na construção do universo de Fort Solis, incluindo registros de áudio, filmagens de segurança e fragmentos do passado. A coleta desses itens adicionais fornece ao jogador uma visão mais abrangente do contexto e dos eventos que desencadearam a situação presente. Eles podem ser visualizados não só nos computadores, mas também no aparelho que os personagens tem no antebraço, ontem também possuem acesso ao mapa da base.

Os visuais exuberantes e as animações faciais e corporais excepcionais são aspectos que não podem ser ignorados em Fort Solis. A utilização do Unreal Engine 5.2 eleva os gráficos a um patamar impressionante, contribuindo para uma imersão profunda. A base de mineração, com seus diversos níveis acima e abaixo do solo, é um ambiente complexo que convida à exploração. No entanto, a jogabilidade pode ocasionalmente enfrentar obstáculos, com a movimentação de Jack sendo característica, mas nem sempre fluida, resultando em momentos em que parece travada.

A busca por colecionáveis, como pôsteres, áudios, vídeos e mensagens, amplia a experiência, recompensando os jogadores por sua exploração minuciosa. Esses elementos, juntamente com os áudios, vídeos e mensagens encontrados, desempenham um papel crucial na revelação gradual da história, como peças de um quebra-cabeça que se forma lentamente.

A construção do suspense é outro ponto forte do jogo. Fort Solis mantém uma aura de mistério que instiga a curiosidade do jogador, mantendo-o ansioso por desvendar os segredos ocultos da base de mineração. É importante notar que a música e os efeitos sonoros desempenham um papel significativo na construção desse ambiente envolvente, adicionando camadas de emoção e imersão, o que fica comprovado já no último trailer que a publisher e as desenvolvedoras publicaram.

Um aspecto notável que contribui para a riqueza do mundo de Fort Solis é a profundidade com que os integrantes da tripulação são delineados. Cada membro possui características distintas, desde personalidade até gostos pessoais e relacionamentos interpessoais. Vídeos, áudios e emails permitem ao jogador mergulhar nas vidas dos personagens, explorando suas atividades de lazer, relações com familiares e desafios do cotidiano. Esses elementos, embora não acrescentem diretamente à trama principal, enriquecem a experiência, fornecendo uma visão holística da tripulação e do ambiente no qual estão inseridos.

Outro detalhe interessante é a peculiaridade de Jack em relação ao uso do seu capacete. Contrariando as indicações, ele tem o costume de retirá-lo sempre que possível, uma característica que adiciona uma camada de realismo ao personagem. Por outro lado, Jess compreende a importância vital do uso correto e demonstra isso ao personalizar o seu próprio, adicionando desenhos que refletem sua personalidade.

Em resumo, Fort Solis oferece uma experiência cinematográfica e imersiva, elevada por visuais impressionantes, atuações emocionais e elementos narrativos cativantes. Apesar de alguns momentos em que o jogador é um mero espectador, as mecânicas de colecionáveis e exploração reforçam a jogabilidade. O suspense habilmente construído e a revelação gradual da história mantêm a curiosidade aguçada, e os efeitos sonoros contribuem para a atmosfera envolvente.

Por fim, vale mencionar que Fort Solis é relativamente curto em duração. A história se desenrola em um piscar de olhos, o que pode pegar os jogadores de surpresa quando se aproximam do desfecho da narrativa, a relativa brevidade da experiência deixando-os ansiando por mais. Ainda assim, contudo, o game entrega uma jornada inesquecível em seu universo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Dear Villagers.