FOAMSTARS é o tipo de jogo multiplayer que há muito eu esperava ver em um console PlayStation. Em um mar de Battle Royales e jogos de tiro competitivos em meio à guerras, faltava um título com uma estética e abordagem mais descompromissada. Se inspirar então em um das mais bem-sucedidas novas IPs da Nintendo nas últimas décadas então era um bom ponto de partida para entregar um título leve e divertido, desde que o pacote trouxesse modos e gameplay capazes de te prender.
Quando a beta aconteceu algo parecia muito claro, por mais ignorado que tenha sido: embora a espuma fosse bastante similar esteticamente ao visto em Splatoon, FOAMSTARS buscava estabelecer sua própria identidade, colocando uma abordagem diferente ao gameplay baseado em pintar as arenas na cor do seu time.
Com o lançamento final do jogo, é possível dizer que FOAMSTARS entrega e não entrega aquilo que era possível de se esperar dele. O jogo que se vê aqui é ao mesmo tempo bastante divertido e bastante raso, com uma amplitude de experiências muito grande a depender do perfil de jogador que resolver se aventurar por aqui.
A base toda do jogo fica por conta do seu gameplay. Ao iniciar uma partida o jogador escolhe um herói e parte para o combate em um dos diferentes modos à sua disposição. Cada herói possui uma arma diferente e três habilidades, duas mapeadas para L1 e R1 que são habilidades comuns e uma habilidade especial chamada de SuperStar Skill (SSS) que é a habilidade suprema daquele herói. Há uma amplitude grande sobre como elas funcionam e é nisso que as comparações com Splatoon vão por água abaixo e se percebe que ele é mais semelhante a um outro jogo multiplayer: Overwatch.
FOAMSTARS parece muito mais um “hero shooter” do que o clone que o acusam de ser, algo que fica bem claro quando se mergulha e analisa melhor o gameplay do jogo. A começar pelo fato de que cada um dos 8 personagens disponíveis no lançamento são imensamente distintos entre si, com suas armas e habilidades funcionando de forma bem singular para cada e muito bem balanceado, sem nenhum personagem quebrando totalmente o jogo.
Enquanto Soa tem uma arma que dispara balas de espuma, Agito conta com uma escopeta, já Rave Breaker tem uma arma de rajada mais parecida com uma metralhadora. Alguns personagens têm habilidades que funcionam melhor como ataques diretos aos inimigos, enquanto outros ajudam mais a espalhar espuma pelo cenário e controlar os espaços para ajudar na movimentação da sua equipe. É tudo muito único e a composição da sua equipe influencia demais o sucesso em combate. Ainda que todas elas sirvam no fim para espalhar espuma por aí até seus inimigos ficarem vulneráveis a sofrerem um “chill”, cada herói tem abordagens bem distintas.
Outro ponto bem legal que se percebe logo de cara é a vibe bem positiva em torno do jogo. Há uma intenção muito clara de tornar tudo muito leve e divertido, colorido e alinhado com o estilo dos “jovens de hoje em dia”. Todos os personagens são estrelas de uma grande competição esportiva na qual você derrota os inimigos realizando “Chills” e todos celebrando depois.
Apesar de soar genérico, FOAMSTARS é tão sincero na sua tentativa de criar esse ambiente que de alguma forma funciona. As arenas são bem legais e o jogo tem uma identidade visual bem agradável, ainda que pareça (e possa ter sido) imaginada por uma IA. Os personagens são bem variados (tanto em termos de estética quanto gameplay) e se encaixam no universo e suas interações são leves e divertidas. E com todo o colorido e caos que as partidas conseguem se tornar, esse clima descontraído faz com que seja um lugar legal para se jogar algumas partidas.
Bom, como são essas partidas? FOAMSTARS gira tem uma quantidade até surpreendente de modos, com opções PvP e PvE que geram justamente a amplitude de experiências citada anteriormente. E, por mais que possa parecer esteticamente similar a Splatoon, é aqui que você perceberá que o jogo tem suas ideias próprias e as executa bem, mesmo que não tanto quanto poderia.
A primeira opção à sua disposição são os modos PvP, no qual equipes de 4 jogadores se enfrentam em partidas 4×4. O principal deles é o Smash the Star, um modo que é, essencialmente, um Team Deathmatch no qual vence a equipe que chegar primeiro à marca de 7 chills e, após isso, derrotar o “Star Player” da outra equipe. É bem divertido e o modo mais caótico e simples de se entender na prática como o gameplay funciona, se não fosse por um problema: as partidas costumam ser muito rápidas.
Com partidas muito curtas, pelo menos na minha experiência, acaba sendo um pouco entediante esperar um tempo até se conectar a uma partida só para vê-la se concluir em menos tempo do que você passou esperando e então voltar para o lobby. Esse problema é levemente minimizado no modo ranqueado, mas ainda assim talvez um número maior de Chills permitiria que uma estratégia maior fosse elaborada ao longo das partidas.
Existem outros dois modos PvP disponíveis que se alternam em disponibilidade hora a hora, sendo eles o Happy Bath Survival e o Rubber-Duck Party. O primeiro coloca as equipes divididas em duplas com uma dupla de cada time na parte de baixo do mapa se enfrentando e uma dupla na parte alta, oferecendo suporte para que eles fiquem vivos, afinal, o objetivo aqui é derrotar todos os membros do time adversário. Infelizmente é outro modo que sofre do mesmo problema de partidas rápidas demais, por mais exija um pouco mais de cooperação na equipe.
Já o Rubber Duck Party é basicamente um “capture a bandeira” ou as missões de escolta vistas em Overwatch, com a diferença de que o item a ser escoltado até o objetivo é um gigantesco pato de borracha que se move mais rápido na sua espuma do que na do inimigo (tal qual você) e cuja forma mais eficiente de acelerá-lo é dançar em cima dele. É, honestamente, imensamente divertido e criativo e as partidas mais longas e tensas do jogo, perfeitamente contrastado pelo quão bobo é o conceito do modo pra começo de conversa.
O jogo conta também com um modo PvE que é tanto um “tutorial” de cada herói e também o seu modo mais desafiador. Chamado de “Mission Mode”, ele conta com missões solo e missões co-op. As missões solo são iguais para todos os personagens e servem realmente como um tutorial das suas habilidades e para apresentar um pouco da personalidade de cada um deles, mas são genéricas ao extremo. Felizmente são só 3 delas por personagem, então é rápido de se completar todas e te ajudam a ganhar pontos para melhorar as estatísticas dos seus personagens no PvE.
Dito isso, as missões co-op também são bem genéricas mas bem divertidas. Basicamente a ideia é derrotar Bubble Beasts que estão atacando a cidade e destruindo as fontes de energia existentes nelas. À medida em que você vai avançando pelas missões co-op o nível de desafio vai crescendo exponencialmente e algumas missões vão exigir bastante de você para lidar com a quantidade de inimigos e a variedade de padrões de ataque que o jogo irá colocar contra ti. É bem divertido se você tiver um grupo fechado para jogar e adiciona uma profundidade bem interessante ao jogo. Ao completar as missões você não só ganha EXP para o seu nível de conta/passe de temporada, mas também pontos que podem ser usados para melhorar seus personagens favoritos.
Um último ponto a se citar sobre FOAMSTARS é a monetização que é um ponto bem negativo. Embora ele não afete em nada o gameplay, caso você seja um jogador que gosta bastante de cosméticos, se prepare para uns valores bem altos. Embora o Premium Pass tenha um preço bem tranquilo, as skins individuais tem um preço mais salgado, custando por US$10,99/R$59,50, alguns pacotes de itens para um personagem custam mais de 200 reais cada. É um preço abusivo para qualquer tipo de cosmético em qualquer jogo é totalmente imperdoável, especialmente quando o passe de temporada do jogo entrega uma variedade bem limitada de cosméticos.
Concluindo, FOAMSTARS é um jogo bem divertido e com uma proposta diferente do que estamos acostumados a ver em jogos multiplayer lançados para plataformas PlayStation. Embora a proposta seja executada de forma bem competente, o jogo acaba sendo raso graças às partidas rápidas demais para renderem diversão suficiente e a repetitividade do modo PvE. Acumule a isso o season pass relativamente fraco e embora divirta, FOAMSTARS não gera espuma o suficiente para engolir o mundo sob suas borbulhas de amor.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.
Veredito
FOAMSTARS é um jogo de dois extremos onde nem toda espuma e estilo do mundo conseguem esconder a falta de substância. Ele dá sinais de variedade e profundidade, mas peca por ser raso. Suas partidas curtas divertem, mas não prendem a longo prazo e a repetitividade em seu modo PvE cansa antes do jogador ver o melhor que ele tem a oferecer.
FOAMSTARS is a game of two extremes where not all the foam and style in the world can hide the lack of substance. It shows signs of variety and depth, but ends up being shallow. Its short matches are fun, but they don’t keep you engaged in the long term and the repetitiveness in its PvE mode gets tiring before the player sees the best it has to offer.
[/lightweight-accordion]