FIFA Soccer 13

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Muitos consideram o futebol um esporte apaixonante devido a diversos fatores que trabalham em comunhão com premissas principais. Um desses fatores é o acaso, resultando em diversas ações pouco previsíveis dentro das quatro linhas. Uma marcação cerrada, quase perfeita, pode cometer um deslize em um momento capital do jogo e decidir o destino do certame. Ou não. E aí que está, porque talvez o time que esteja do outro lado pode ser infinitamente superior e mesmo assim sucumbir (Chelsea manda abraços para o Barcelona). Há um tempo, a franquia FIFA, nesta geração, vem tentando, com muitos méritos, tentar emular esse tipo de imprevisibilidade. FIFA 13, apesar de se nutrir de muitas coisas já vistas em FIFA 12, nos mostra um esforço continuado para nos aclimatar a este ambiente de boleiros.

A grande estrela da Eletronic Arts, que antes recrutura Wayne Rooney, do Manchester United, agora é Lionel Messi, argentino, astro do Barcelona e melhor jogador do mundo na atualidade. Espera-se uma diferença aqui, afinal, Messi e Rooney têm estilos diferentes, sendo o primeiro mais habilidoso e o segundo mais definidor. Duas novidades em FIFA 13 estão atreladas a esta nossa definição de Lionel Messi. Uma delas é um sistema mais refinado de dribles, influenciado por FIFA Street. Claro que aqui toma tons adaptativos, devido à diferenciada abordagem de ambos, mas a edição atual do futebol de campo da EA se beneficia, de forma gratificante, de recursos como uma influencia maior do analógico direito, permitindo ao jogador passar com o pé por cima da bola, executando os seus gingados, confundindo a defesa adversária e, unido a um controle maior de sua progressão, efetuar dribles mais precisos. Entretanto, note que tudo ainda é dependente da habilidade de cada atleta, ou seja, o que faz controlando o Cristiano Ronaldo, não fará controlando o Valdívia, por exemplo. Ou fará com uma precisão menor.

Outra novidade que remete ao futebol mais refinado se encontra nos Skill Games. Se você se lembra dos Training Challenges de International Super Star Soccer de SNES, certamente um sorriso ficará estampado em seu rosto. Aqui, em seus níveis Bronze, Prata, Outro e Skill Challenge, tais minigames são viciantes e ajudam a melhor fundamentos como passes, chutes, cruzamentos, dribles, etc. Certamente você se pegará "perdendo tempo", antes de iniciar o jogo, tentando aumentar a sua pontuação ou se tornar um Lendário nos desafios.

Dentre as mudanças propaladas pela EA, está o sistema de controle de bola. Dominar a pelota em FIFA 13 está mais difícil devido ao comportamento hábil de cada jogador unido principalmente à força com a qual você executa um passe ou um lançamento. Logicamente um atacante renomado não dominará a bola com competência similar a um zagueiro medíocre e a citada comunhão aos passes e cruzamentos tenta dar certo controle ao jogador. Entretanto, isto acaba por aumentar ainda mais o abismo que há entre veteranos e iniciantes fazendo com que FIFA se torne uma franquia de domínio difícil e que exige uma intensa dedicação. Junto a isto, alguns erros primários, como uma escapada de bola num passe simples pode irritar até mesmo os jogadores mais experientes.

Dominar a bola de forma tacanha dará espaço às investidas de desarme, claro. O sistema de desarmes de FIFA 13 continua com as similaridades da edição anterior, apenas promovendo ainda mais a "marcação psicológica", ou seja, forçar o jogador ao erro, fechar os flancos do campo para uma defesa mais sólida. O peso dos jogadores se torna mais determinante ainda para uma eventual bem sucedida roubada de bola. Por vezes, correr em direção ao atacante fará com que o defensor consiga tomar a frente deste e obter a posse das ações novamente. Neste caso, as melhoras são nítidas e forçam o jogador a ficar mais tempo com a posse de bola, raciocinar a jogada que irá executar até o triunfo no momento máximo do esporte bretão.

Proveniente do ano passado também, a engine de impacto recebeu algumas melhorias no intuito de evitar bizarrices dentro do campo. Esbarrões cômicos são menos frequentes, mas ainda existem. E por vezes isto pode fazer com que alguns dos jogadores do joystick fiquem irritados, porque tal fator também está condicionado às características físicas do jogador, ou seja, pode se tornar decisivo dentro de um jogo. Contudo, você se pega assistindo a um jogo do Campeonato Brasileiro, vê jogadas similares e logo entende as intencionalidades da EA.

Num jogo coletivo, espera-se que a inteligência artificial de seus atletas esteja apurada. FIFA 13 coleciona méritos e insucessos nesta parte. Jogadores de ataque se posicionam prontamente para receber a bola e jogadores de defesa por vezes realizam desarmes automáticos, bastando somente você cercar o atacante. Contudo, não é raro você pegar, por exemplo, jogadores de defesa desistindo automaticamente do lance em alguns momentos, seja por algum motivo anencéfalo ou por simplesmente tentar, sem sucesso, executar uma linha individual de impedimento.

Outra tentativa de aproximação do real e que pode se tornar um tormento é a postura da arbitragem. Árbitros se movimentam de forma intensa pelo gramado e em algumas oportunidades ficam muito próximos da jogada, atrapalhando totalmente o jogador. Constante é a tentativa de dar a famosa "lei da vantagem", porém a aplicação carece de ajustes e protagoniza erros grotescos. Em alguns momentos de uma partida, o atleta do meu time sofreu uma falta, a bola estava em minha posse quase na cara do gol e o juiz não deu a citada lei da vantagem, preferindo marcar a falta. Excetuando isto, eles ainda invertem algumas faltas, marcam pênaltis inexistentes, dão cartão amarelo devido ao avanço da barreira na cobrança de falta, enfim, tais características até ajudam a dar uma faceta de realidade ao esporte virtual, mas convenhamos que ter uma partida online decidida por erro de arbitragem não é nada divertido.

FIFA 13 se agiganta quando começamos a desbravar o seu vasto conteúdo. Há muita coisa para fazer, há muita coisa para se entreter. Iniciando pelas poucas, porém bem-vindas, novidades no Modo Carreira. A opção de Player Mananger foi extinta e, com isto, temos um polimento maior na função Mananger. Nela existe uma maior imersão quanto a uma aproximação entre treinador-administrador e diretoria, por meio de um sistema mais robusto de transferência de atletas, auxílios financeiros no meio da temporada mediante pedido e, agora, os Manangers podem alçar voos por seleções de diversos lugares do mundo, caso recebam propostas. A manutenção dos últimos minutos da janela de transferência, gerenciamento de vaidades de seus atletas, querendo chances para atuar, são outros exemplos que nos ajudam a mergulhar neste mundo técnico-administrativo do futebol. Ao escolher "Player", você não é inserido em muitas novidades. Existem objetivos iniciais (quatro) e objetivos na temporada a serem alcançados, o que dá uma dose boa de desafio, se você utilizar um modo de dificuldade honesto. Além disto, agora existe o jogador criado propriamente para o Modo Carreira, o qual não irá perambular em outras opções do jogo, dando um foco maior neste citado modo.

Citamos o Pro Carrer, mas, e para jogar online? Para isto, a Ea resolveu deixar por conta do jogador criar um outro atleta, focado no online, mais especificamente no Pro Clube. Há uma série de objetivos estipulados no intuito de que você sinta seu atleta evoluindo durante as partidas. As jogatinas do Pro Clube, mesmo com suporte a Headset, ainda continuam uma bagunça, porém um pouco mais organizada. Há um hub season, no qual você pode jogar as temporadas pelo seu clube criado, necessitando no mínimo dois jogadores para defender a escuderia novata, mas há problemas de travamento, algo que perambula o modo online inteiro por culpa dos servidores da EA.

Enriquecendo o modo online, ainda existem as disputas por partidas no Head to Head simples, nas temporadas e nas Copas, sempre proporcionando uma rica diversão, porém sem quaisquer mudanças para a versão anterior. Todavia, infelizmente, existem alguns problemas oriundos dos servidores da EA. Além de, por vezes, a conexão a eles se tornar instável, há alguns problemas menores nas partidas, mas que incomodam quando, porventura, surgem. Em alguns jogos, raros, porém existentes, a partida chegou a iniciar sem a bola. Perguntei, por meio de mensagem no PlayStation 3 se o meu adversário estava vendo a bola e, em uma oportunidade ele disse que não e outro, em uma outra partida, disse que sim. Claro que são situações pouco corriqueiras, porém se torna frustrante. Outra situação pouco corriqueira, mas que incomoda se fundamenta no travamento  antes de iniciar a partida. Antes desta, você fica treinando investidas num campo até a partida iniciar. Em alguns momentos, o jogo ficou "ad eternum" naquele campo. Como não é possível sair dali via menus, o indigesto jeito era sair do jogo e reiniciá-lo. Quando funciona (e isto acontece em 90% das partidas), se torna divertido, mas, com a estrutura que a EA ostenta, e por suas ambições em fazer de FIFA um verdadeiro centro de entretenimento e interação online, esses problemas, mesmo que sejam da ordem de 10%, não deveriam ocorrer, por vezes, de forma frequente.

O grande trunfo da EA em FIFA 13 foi ampliar a sensação de rede social futebolística e integração online. O já conhecido acúmulo de XP (experiência) nos rodeia em todos os modos de jogo, o suporte ao clube está mais revigorante, existem ainda os desafios semanais, simulacro de partidas reais, outra herança de International Super Star Soccer e, como novidades significativas, temos o Match Day e o acúmulo de moedas para aquisições na Store do jogo.

O Match Day busca ampliar a integração do futebol real com o virtual. Existem os jogos da semana, no qual você encarna uma das equipes de jogos escolhidos, já ocorridos, de campeonatos do mundo inteiro. Outra bem-vinda opção é o Live Fixtures, que nos dá a possibilidade de fazer partidas que "encarnam" as últimas rodadas de seu clube do coração ou qualquer outro de sua livre escolha. Por exemplo, a sequência de partidas do São Paulo no campeonato brasileiro são, em ordem, Fluminense, Grêmio, Náutico e Ponte Preta. Jogá-las em sequência, com a classificação do seu time sendo atualizada conforme o futebol real, assim como elementos de escalação nos mostra a imponência desta novidade da EA. Claro que há meios para mudar isto nas configurações, mas se entregar a este modo de jogo certamente trata-se da melhor escolha e ver que, por exemplo, naquela partida decisiva o Fred não poderá defender o time do Fluminense, por causa de um terceiro cartão amarelo.

O acúmulo de XP trabalha em sintonia com a inserção inédita do acúmulo de moedas no jogo. Qualquer coisa que você fizer, moedas são angariadas para se gastar na Store do jogo. Há itens para comprar em diversas modalidades. "Online, Gameplay e Ultimate Team" são algumas delas.Conforme você vai evoluindo no jogo, os itens ficam determinados para diferentes níveis (em FIFA 13, podemos ir até o nível 100). Ainda, se você jogou FIFA 12, seu nível é transportado para o FIFA 13, possibilitando compras mais robustas na loja. Os itens vão desde bolas, uniformes antigos de diferentes equipes, passando por multiplicadores de moedas do Ultimate Team, boost para habildades do Pro Online, dentre muitos outros.

Já mencionando o Ultimate Team, diria que este tem sido uma das grandes estrelas de FIFA nos últimos anos. Praticamente um novo jogo dentro do "main game", a EA também fez poucas, porém necessárias mudanças neste modo de jogo. Você continuará formando o seu esquadrão, defendendo seu clube, acumulando coins para comprar cards representativos dos jogadores, gerenciando contratos, treinamentos físicos, esquemas táticos por meio daqueles. E, ainda, gastar um considerável tempo no leilão de jogadores, tentando barganhar ou se dar bem ao vender determinado card. Abrir pacotinhos ainda dá uma sensação de alegria sem igual. As novidades estão fundamentadas nas Temporadas online e offline inseridas no FUT. E um esquema mais explicativo de coins acumulados durante as partidas. Dependendo de suas ações, você ganhará mais ou ganhará menos. Exemplo: fazer um gol em jogada de escanteio pode dar um número específico de coins dentro do geral, mas ficar em impedimento pode retirar coins de seu total. Ainda existe o desafio ao time da Semana, que pode dar um dinheiro valioso que o ajudará a fazer seu clube crescer milhões adentro ou, quem sabe, tirar aquele jogador de ouro renomado em um pacotinho de ouro.

Em um modo de jogo específico, é possível jogar partidas com o PlayStation Move. Infelizmente, aqui, a jogabilidade é pouco funcional. Claro, existem as opções de movimentar o jogador por meio do controle, ou, guiado por setas coloridas, direcionar os passes, mas nada de tão glorioso e que lembre o esmero tático propiciado pelo Wii Remote na série Pro Evolution Soccer dentro do Wii.

Visualmente, FIFA 13 pouco se diferencia de seu predecessor. As entradas em campo são similares, a tomada de câmeras também e até mesmo as famigeradas cutscenes de substituição de atletas estão lá. Nisso, apesar de o jogo continuar mais bonito que seu concorrente, denota que a EA já precisa repensar a apresentação de seu simulador de futebol. Entretanto, ainda nos maravilhamos com efeitos climáticos como sol e chuva, grandiosidade dos estádios, mas, por outro lado, enxergamos com poucos olhos o número de ligas oficializadas e as faces de alguns jogadores famosos, pouco condizentes com suas faces reais. Para complementar, temos a narração do jogo. A versão em inglês desta continua impecável, com frases bem postas, inserção de reporteres informando placares dos jogos, enfim, tudo como manda a tradição. Em contrapartida, nesta edição de FIFA, temos uma narração em português indigesta do superestimado Thiago Leifert. Leifert nos mostra que não é do ramo e o comentarista Caio Ribeiro tem pouco espaço para comentários. Outro motivo para a narração capenga é a pueril adaptação à narração original, tornando-a mecanizada demais. Junte estes fatores e esta dupla de jornalistas leva de goleada da narração incomparável de Sílvio Luiz e os comentários inteligentes de Mauro Beting, ambos de Pro Evolution Soccer.

A imprevisibilidade que rodeia FIFA 13, ao mesmo tempo que nos mostra os aspectos sensacionais de algo que evoluira monstruosamente nesta geração, também evidencia as fragilidades. FIFA 12 não tinha tantas novidades, mas elas eram mais coesas, de forma que podemos dizer que FIFA 13 consegue, ao mesmo tempo, superar e não superar o seu antecessor. Impossível? Ah, amigo, o futebol virtual também pode ser uma caixinha de surpresas.

— Resumo —

+ Melhorias precisas em alguns modos de jogo
+ Skill Challenges
+ Integração online robusta
+ Longevidade
+ Mais uma vez, FIFA Ultimate Team

Alguns problemas em novidades de jogabilidade
EA Servers
Inteligência Artificial de alguns jogadores e da arbitragem

Veredito

87

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