Quem nunca ficou com os olhos brilhando ao assistir filmes de artes marciais chineses? Ver os personagens fazendo movimentos super fluídos e travando altas lutas chega a ser hipnotizante. Fate Seeker II é um action RPG wuxia que traz essa mesma característica dos filmes para o universo dos games colocando o jogador no comando de Zhuge Yu, um justiceiro que busca acabar com a corrupção política causada por uma organização chamada The Defiant e também tentar limpar o nome de seu pai. Em posse de um item chamado Livro da Vilania, ele deverá desafiar líderes poderosos que usam sua influência para conseguir seus objetivos.
Caso você tenha jogando ou pelo menos visto alguma gameplay de Final Fantasy XIV, sentirá um senso de familiaridade em Fate Seeker II. Isso porque seu sistema de combate é extremamente parecido, onde cada botão ou combinação de botões equivale a uma habilidade. Trago a comparação com FFXIV pois foi o único MMORPG que joguei em consoles. Sua semelhança é notável até mesmo no HUD faltando apenas a janela de chat para ser quase que idêntico.
A comparação com games do gênero não para por aí. Em Fate Seeker II temos um mundo consideravelmente grande para explorar, cheio de NPCs, sidequests e rumores para encontrar. Entretanto, este acaba sendo um dos seus grandes pontos negativos. Durante a exploração, após conversar com alguns personagens, iremos liberar um rumor. Cabe ao jogador descobrir e investigar sobre esse possível rumor, o que eventualmente poderá liberar sidequests ou recompensas. Infelizmente, a grande quantidade de NPCs para interagir e suas informações nem um pouco intuitivas que, muitas vezes, não agregam em nada para o desenvolvimento da trama e de seu conteúdo extra acabam por inflar o game tornando-o cansativo.
O game também traz o sistema de Thinking que consiste em coletar informações e pistas sobre as missões principais e secundárias para, em seguida, tentarmos decifrar o que de fato aconteceu. Por exemplo, em um dos primeiros vilarejos que visitamos é possível liberar uma sidequest sobre um assassinato. Devemos então conversar com as pessoas envolvidas e procurar pistas nos locais informados. Em seguida, cabe ao jogador tentar conectar as pistas e partir para a dedução do que pode ter acontecido para poder acusar o possível suspeito. Mesmo após finalizar a quest não ficamos sabendo se nossa decisão foi a correta, tendo que visitar outro local posteriormente para descobrir se acusamos o verdadeiro criminoso.
Esse sistema chegar a flertar um pouco com a franquia Phoenix Wright nos momentos em que devemos questionar pessoas e apontar provas que contradigam seus relatos. É tão evidente a inspiração no game que na primeira vez em que essa mecânica apareceu quase senti falta de um “Objection!” na tela.
No que tange o combate, as batalhas são divertidas e, na minha opinião, a melhor parte do título. São diversas habilidades que podem ser executadas criando combos que quebram as defesas do inimigo e permitem causar danos absurdos. O sistema de routines traz ainda mais variedade aos golpes e consiste em criar até quatro conjuntos de artes marciais que podem ser alternados em tempo real durante as lutas. O charme dessa mecânica é poder criar uma routine para cada tipo de arma presente no game como lâminas, bastões ou seus próprios punhos.
Ainda atrelado ao combate temos também os Methods, algo como livros que visam alterar diferentes atributos quando equipados. Há um method voltado em melhorar seus ataques críticos, enquanto outro irá focar em recuperar sua vida ao causar dano no inimigo, entre outros. É possível subir o nível deles consumindo methods points adquiridos após determinados eventos.
Além desses pontos, o jogador também terá a sua disposição os bagua points que funcionam como um sistema de upgrade de status. Acessando o menu de bagua, teremos um hexagrama focado em diversas melhorias como defesa, magia, ataque, pontos de vida, ataque crítico. O jogo nos aconselha a escolher apenas dois caminhos dentro desse hexagrama, visando a completa evolução deles. É aí que entram os baguas points que deverão ser gastos para melhorarmos os caminhos escolhidos.
Fate Seeker II conta também com um sistema de construções, no qual podemos comprar lotes e escolher o tipo de construção a ser feito. Essas construções podem ser melhoradas visando uma maior coleta de fundos. Por último, mas não menos importante, a pescaria se faz presente no game e é extremamente simples, servindo muito mais como uma maneira fácil de conseguir alimento para nosso pássaro de estimação.
Mesmo com mecânicas interessantes, sua narrativa lenta e focada em deduções torna a gameplay cansativa e, em alguns momentos, faz sentir que não estamos avançando. É um tanto frustrante você encontrar um rumor ou sidequest, mas não saber ao certo como lidar com o mesmo por conta do quão subjetivo ele consegue ser. Isso também acontece durante as interações com objetos, onde possuímos um conjunto de quatro ações: quebrar, empurrar, queimar e usar item, mas por diversas vezes temos que sair testando todas as opções, pois as dicas apresentadas não são claras o suficiente para entender o que deve ser feito. É compreensível que a ideia do game é tentar motivar o jogador a criar teorias e procurar por soluções, mas ter a base da gameplay fundamentada em cima disso consegue tornar o título desgastante.
No começo da gameplay gravada que disponibilizamos em nosso canal do YouTube é possível observar quedas de frames nas cutscenes, causando até mesmo travas na exibição das legendas, além de um problema ao exibir os botões que deveriam ser pressionados durante os tutoriais, obrigando o jogador a tentar diversas combinações ou fazendo anotações dos controles antes de iniciar o game. Ele também sofria com textos pequenos nas descrições das missões, sendo quase impossível lê-los. Felizmente, após seu lançamento o game recebeu atualizações que corrigiram esses pontos. Entretanto o problema de performance durante as lutas continua presente. Quando há muitos inimigos na tela a queda de fps é gritante, chegando a incomodar. Durante a exploração do mundo também é possível notar texturas que não foram completamente carregadas. Antes de iniciar o game, escolhi jogar no modo desempenho e não esperava encontrar tais problemas em uma versão de PS5.
Fate Seeker II é um game interessante que conta com uma ambientação lindíssima e uma trilha sonora que te transporta imediatamente para a China antiga. O combate é seu grande ponto forte e mesmo com ideias interessantes, peca ao trazer uma narrativa lenta e que passa a sensação de nunca progredir. Tudo isso por conta da falta de objetividade que cerca grande parte das sidequests e algumas quests principais, tornado a exploração maçante e cansativa. Fica evidente que sua estrutura é espelhada em um MMORPG aplicada em um título single player, o que torna os problemas apontados ainda mais preocupantes. Um título com potencial desperdiçado e que dificilmente será a primeira opção de alguém buscando um bom RPG.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NiuGamer.
Veredito
Fate Seeker II é um game que o leva para o universo wuxia com uma boa premissa, mas que acaba tendo seus ponto positivos ofuscados pelos problemas de performance, ritmo de narrativa e exploração maçante. Apesar de ser um título single-player, o game segue uma estrutura semelhante à de um MMORPG e com mecânicas que mesmo sendo interessantes tendem a cansar ou, até mesmo, frustar o jogador.
Fate Seeker II is a game that takes you to the wuxia universe with a good premise, but ends up being overshadowed by performance issues, narrative pacing and boring exploration. Despite being a single-player title, the game follows a structure similar of a MMORPG and with mechanics that, despite being interesting, tend to tire or even frustrate the player.
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