Exist Archive: The Other Side of the Sky

Exist Archive, novo título produzido pela Tri-Ace, é um jogo bastante inspirado em um antigo clássico da produtora: Valkyrie Profile. Mesmo na imensa biblioteca de jogos do PSX, Valkyrie Profile era um RPG bastante único que misturava elementos de plataforma, combate em turnos com elementos de tempo real e uma história sobre a vida após a morte na mitologia nórdica. Exist Archive também é um RPG bastante único que mistura elementos de plataforma, combate em turnos com elementos de tempo real e uma história sobre a vida após a morte (ou quase isso), mas sem a mitologia nórdica e sem o nome Valkyrie Profile.

Como faz alguns anos que eu não jogo Valkyrie Profile as comparações entre os dois títulos terminam nessa breve descrição. De qualquer forma, Exist Archive é um título de qualidade que consegue se sustentar mesmo sem a nostalgia do antigo título da Tri-Ace.

A história começa quando Kanata e outras pessoas são envolvidas em um misterioso acidente. Esse grupo de pessoas é então transportado para outro planeta bastante diferente da Terra. Não se sabe se esse planeta é a vida após a morte ou algo completamente diferente. A razão do acidente é devido a uma entidade chamada Yamatoga, que teve seu corpo dividido em pedaços e cada pessoa no grupo carrega consigo uma parte do mesmo. O fragmento de Yamatoga garante que essas pessoas sejam imortais e tenham poderes para se defenderem dos Chasseur, criaturas desse outro planeta que supostamente se alimentam de almas.

O grupo eventualmente decide procurar por modos de retornar à Terra e as suas vidas normais, sendo necessário coletar alguns cristais para essa finalidade. Cada cristal explica a história individual de cada personagem, suas razões para retornarem, experiências passadas e mais, tornando toda a equipe mais interessante que os usuais protagonistas de RPG. Em especial, Yamatoga é um personagem ótimo e sarcástico, sendo difícil determinar o quão bom/mal essa entidade é. Existem mais elementos na história, mas não gostaria de estragar a experiência para aqueles que irão jogar.

Na procura pelos cristais, Kanata e sua equipe irão explorar cavernas, florestas, ruínas, cavernas com magma, florestas com neblina, ruínas à noite, florestas à noite, cavernas sem boa iluminação e por aí vai. Se não ficou claro, variedade de assets não é um ponto forte do jogo.Exist Archive utiliza de diferentes cenários em missões seguidas para evitar que a experiência se torne muito repetitiva e gradativamente são obtidos novos poderes para ajudar na exploração e assim liberar áreas antes inacessíveis. No entanto, a repetição se torna bastante clara em longas sessões de jogo e piora quando se considera que a variação de inimigos é pequena, com diversas paletas de cores presentes.

Em relação ao sistema de batalha, Exist Archive utiliza de quatro membros na equipe, sendo que cada um é controlado por um botão diferente. O combate se alterna entre fases de ataque e de defesa sendo que cada ação realizada pelos membros da equipe consome certa quantia pontos de ação, representados por uma barra. Na fase de ataque, cada membro da equipe pode utilizar de um combo de até três golpes, sendo necessário pensar na ordem e tempo de cada ataque com o objetivo de maximizar combos. Combos no ar garantem que inimigos deixem mais itens quando derrotados e combos no chão garantem bônus de experiência. A fase de ataque termina quando os pontos de ação remanescentes não são suficientes para realizar qualquer ataque ou quando o jogador optar por terminar o turno prematuramente e guardar a quantidade para um próximo turno. Na fase de defesa, o uso da guarda pode ter vários efeitos diferentes, inclusive de contra-ataque, e a fase termina quando todos os inimigos tiverem atacado.

Como todo sistema de batalha da Tri-Ace que já cruzei, o combate é muito mal explicado. A batalha tem inúmeras nuances que devem ser levadas em consideração, caso contrário, a experiência de jogo pode tornar-se chata ou frustrante. Por exemplo, devido à natureza 3D de Exist Archive, cada ataque individual tem um alcance, no entanto, a única forma de descobrir esse alcance é experimentando com cada ataque individualmente e relembrando suas características. Em conjunto, o movimento dos personagens é automático e depende do ataque, portanto, é mais um fator a ser aprendido. Alie isso ao fato de que inimigos possuem características escondidas que podem parar o movimento de seus personagens ou que simplesmente causam dano por estarem perto e você tem um sistema de batalha que possui muito a ser descoberto. Isso sem mencionar que ainda existem outros sistemas como magia, habilidades ativas e passivas e mais, sendo que algumas dessas são extremamente importantes e outras podem ser ignoradas quase que por completo.

Num geral, o sistema de batalha é ótimo, permite ao jogador ser criativo com as mecânicas e eventualmente se desenvolveem estratégias funcionais para lidar com os inimigos e suas diferentes formações. São em pequenos momentos e detalhes que o sistema de batalha não é confiável, causando problemas que podem variar de pequenos incômodos a até grandes frustrações. Às vezes a câmera pode estar mal posicionada para uma defesa, às vezes seu personagem irá se mover onde não deve e às vezes um combo pode ter sua execução ignorada porque o jogo resolveu sumir com o inimigo antes da hora. São casos pontuais, mas que podem afetar o andamento do combate.

Jogo analisado com código fornecido pela Aksys Games.