Ever 17: The Out of Infinity – Review

Ever 17 – The Out of Infinity é uma visual novel originalmente lançada no Japão em 2002 para Sega Dreamcast e PlayStation 2, desenvolvida pela KID, empresa que encerrou suas atividades alguns anos depois, e que agora recebe uma remasterização pela Mages, sendo publicada no Ocidente pela Spike Chunsoft.
Essa é só uma breve introdução, já que até para gamers pouco habituados com o gênero, Ever 17 – The Out of Infinity talvez seja um dos jogos mais famosos e reverenciados de todos os tempos. A grande mente por trás do jogo é um homem bastante conhecido por fãs de jogos japoneses: Kotaro Uchikoshi, a mente por trás dos jogos das séries Zero Escape e AI: The Somnium Files. O jogo em análise recebeu um lançamento oficial em mídia física para PC nos Estados Unidos em 2005, mas como a KID logo fechou, nunca mais foi distribuído legalmente fora do Japão.
A Mages, empresa por trás de sucessos como Steins;Gate e mais recentemente Anonymous;Code, detinha os direitos de todo o catálogo da KID após a falência, aproveitando para continuar algumas outras franquias da empresa, mas que agora decide dar a Ever 17 – The Out of Infinity (e Never 7 – The End of Infinity, coberta em outra análise) o tratamento que sempre mereceu.
Ever 17 – The Out of Infinity começa contando a história de Takeshi, um jovem que decide visitar LeMU, uma mistura de centro cultural e parque de diversões que fica numa ilha artificial, após receber um convite sobrando de um amigo. Chegando lá, Takeshi acaba se separando de seus amigos quando decide descer para conhecer as instalações submarinas do parque.
LeMU é composta pelas atrações que ficam no térreo, assim como outros três andares que ficam no subterrâneo, ou melhor, debaixo do mar, já que é uma ilha artificial criada por um conglomerado. Após Takeshi chegar ao primeiro andar “submarino” (ao invés de “subterrâneo”) e esbarrar com algumas figuras desconhecidas, logo as coisas começam a dar errado.
Um grande acidente ocorre nas instalações, obrigando a todos evacuarem das premissas urgentemente, já que a estrutura submarina entrou em colapso. O protagonista, juntamente de Tsugumin, uma jovem que chamou sua atenção, rapidamente percebem que estão em apuros.
Todos os equipamentos para evacuação foram utilizados, todas as saídas manuais para a superfície estão lacradas ou danificadas, bloqueando qualquer caminho para a segurança. Ao procurar por alternativas, eles encontram outros personagens que se encontram na mesma situação: Sora, a guia do parque que guiou Takeshi na descida, Coco, uma garotinha que desceu sozinha e cativou a atenção do jovem também na descida, assim como You, uma jovem trabalhadora do parque, e Kid, o nome dado a um garoto que perde todas as memórias com o acidente.
Agora o grupo heterogêneo deve colaborar entre si para buscar recursos para sobreviver nas instalações submarinas do parque, fugir dos locais que estão entrando em colapso, além de principalmente, procurar um caminho que possa levá-los até a superfície e enfim, para a segurança.
Ocorre que nada é como parece e aos poucos, Ever 17 – The Out of Infinity vai mostrando ao jogador que muito mais se esconde por trás de um evento que parece um acidente imprevisto na vida de algumas pessoas. Especialmente pela forma como o jogo é dividido em rotas diferentes, que vão plantando novos mistérios e perguntas, até que possam ser devidamente respondidas no fim do jogo.
O gênero muda a cada cena do jogo, tendo momentos de comédia, com as rotas seguindo uma lógica de “romance”, já que cada uma segue mais especificamente uma das garotas que estão presas, mas pode se dizer que no centro de tudo, é um jogo de mistério e ficção científica. A história se passa num Japão do ano 2017 com uma tecnologia bastante avançada (lembrando que o jogo foi desenvolvido em 2002).
Aqui começo um comentário mais direcionado para fãs de visual novels, mas principalmente fãs do Kotaro Uchikoshi. Ever 17 – The Out of Infinity não foi o primeiro jogo em que o reverenciado diretor trabalhou, mas certamente foi seu primeiro grande trabalho de destaque, uma vez que ele escreveu o roteiro principal e o jogo chegou a patamares inéditos em sua carreira.
Acontece que Uchikoshi ficou conhecido ao longo do tempo por reciclar e requentar alguns pontos que ele introduzia em seus jogos. Eu digo isso porque, antes de ter a oportunidade de analisar as remasterizações de Ever 17 – The Out of Infinity e Never 7 – The End of Infinity, já joguei todos os outros jogos dele lançados no Ocidente, como 999: Nine Hours, Nine Persons, Nine Doors e Zero Escape: Virtue’s Last Reward.
Os dois jogos, além de Root Double -Before Crime * After Days- Xtend Edition, um jogo que teve envolvimento de parte da equipe de Ever 17, trazem muitas das mesmas reviravoltas e temáticas, até mesmo de forma mais elaborada, levando em conta que foram lançados depois e tiveram tempo de trabalhar melhor cada ponto. Não é um enorme detrimento para Ever 17 – The Out of Infinity, mas se você é alguém que já passou por esses jogos antes, talvez não tire tanto proveito como teria se tivesse jogado lá atrás, quando o jogo foi lançado na década de 2000.
Voltando à análise, a remasterização do jogo é baseada no remake lançado para Xbox 360 em 2011, com ajustes na história, na arte, com ilustrações adicionais, além de um novo arranjo da trilha sonora. O remaster agora traz basicamente o remake de Xbox 360, mas com a arte 2D original, com melhorias para maior resolução.
A arte não parece datada, pelo menos em termos de qualidade. Talvez os traços sejam um pouco característicos da época, mas não é uma reclamação, já que os jogos atuais costumam seguir um estilo muito parecido entre si. A trilha sonora é engajante, com algumas faixas específicas que ficam na cabeça, principalmente as dos momentos mais tensos do jogo. O jogo é inteiramente dublado em japonês, com opção de idioma em inglês.
É possível fechar Ever 17 – The Out of Infinity por volta de 30 horas de jogo, ou até mais se decidir não usar guias para as escolhas específicas de cada rota. Um ponto negativo que poderia ser trabalhado neste relançamento e não foi é o fato de que o comando de “pular texto lido” não necessariamente pula todo texto lido. Muitas e muitas cenas eram repetidas entre rotas que não eram puladas com o comando, então era um trabalho manual de ir pulando rapidamente enquanto fico atento para novo diálogo. Trago esse ponto porque ele pode inflar um pouco esse tempo de jogo e incomodar quem quer chegar logo às cenas novas.
Por fim, acredito que Ever 17 – The Out of Infinity seja um dos jogos imperdíveis para fãs do gênero, e que ajudou a construir parte de seu alicerce há mais de vinte anos. O fato de estar sendo lançado no Ocidente após muitas outras obras de Uchikoshi possa não trazer o mesmo fator surpresa ou ineditismo, mas com certeza é parada obrigatória para qualquer gamer que ama o gênero.
Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela Spike Chunsoft.
Veredito
Um dos maiores alicerces do gênero, Ever 17 – The Out of Infinity é uma obra obrigatória para todos fâs de visual novels.
One of the genres biggest foundations, Ever 17 – The Out of Infinity is a mandatory game for visual novel fans.
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