Elden Ring: Shadow of the Erdtree – Review

Quem acompanha de perto o trabalho da FromSoftware, sabe que, ao longo dos anos, a criadora da fórmula Soulslike construiu uma reputação de entregar ótimos conteúdos adicionais para seus jogos. Sendo assim, quando Shadow of the Erdtree foi anunciado, muito se especulou sobre o desafio que empresa japonesa teria para manter o DLC no mesmo patamar alcançado em seu jogo base. Afinal, ao levar sua reverenciada fórmula para o conceito de mundo aberto, a FromSoftware fez de Elden Ring seu projeto mais ambicioso. Essa ousadia foi recompensada com o prêmio de jogo do ano de 2022, e resultou na recente marca de mais de 25 milhões de cópias vendidas.

Mas seria mesmo Shadow of the Erdtree uma expansão capaz de se equiparar ao que já era um excelente jogo? Após passar mais de 40 horas explorando seu conteúdo, posso afirmar que sim. Ao adicionar novas camadas de exploração através de ambientes mais complexos, incrementar consideravelmente o arsenal de itens e apresentar novos desafios de combate na forma de alguns dos chefes mais insanos que já criou, a FromSoftware chegou muito perto de alcançar a excelência.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Certamente, Shadow of the Erdtree foi pensado para ser um conteúdo mais voltado para o endgame de Elden Ring. O nível estimado para enfrentar os novos desafios gira em torno de 150. E mesmo uma build bem montada ainda é capaz de encontrar dificuldades para vencer alguns dos chefes da expansão. A própria maneira como o DLC dever ser acessado já dá uma ideia do nível exigido para encará-lo.

Quem quiser se aventurar pela nova região deverá superar dois chefes considerados opcionais. Um deles é o Flagelo Estelar Radahn, localizado na região de Caelid, e que pode ser acessado relativamente cedo no jogo. Já o outro é  Mohg, “Lorde de Sangue”, um inimigo considerado de nível avançado e que, conforme informação divulgada pela própria desenvolvedora, apenas cerca de 30% dos jogadores haviam derrotado até o momento.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Esta maneira peculiar de liberar a expansão não é exclusiva de Shadow of the Erdrtree. Boa parte dos conteúdos adicionais da FromSoftware requer que seus jogadores tenham feito um progresso considerável pelo jogo principal. Isto até combina com a proposta da expansão de subir a curva de desafio, mas também pode ser uma barreira para aqueles que já avançaram para o ciclo de Novo Jogo+ ou adiante. Para estes jogadores, resta optar entre enfrentar o DLC em uma dificuldade ainda maior, ou criar um novo personagem tendo que passar por quase todo o jogo novamente.

Falando um pouco sobre a história, Shadow of the Erdtree coloca o Maculado para seguir os passos de Miquella, “o Bondoso”, que partiu para a região que ficou conhecida como o Reino das Sombras, após uma guerra causada pelos exércitos incendiários de Messmer deixar o lugar em estado de destruição. Durante sua peregrinação por essa terra desolada, Miquella se viu obrigado a passar por provações que o levaram a abrir mão de seus bens mais valiosos, começando por sua carne, até chegar em seus sentimentos mais profundos.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

De forma geral, pode-se dizer que a história de Shadow of the Erdtree acontece de maneira um pouco mais direta do que na maioria dos jogos da FromSoftware. Ainda que muitas informações para engrandecer o lore estejam disponíveis através de leitura de itens e de diálogos, quem optar por não se aprofundar nestes quesitos ainda será capaz de compreender o enredo da expansão sem maiores problemas.

Um dos elementos que ajuda no desenvolvimento da história é o grupo de NPCs seguidores de Miquella. Estes guerreiros poderão ser encontrados durante toda a aventura e serão peças importantes para fornecer informações ao jogador, além de também oferecer ajuda durante algumas batalhas. Interagir com estes personagens e acompanhar suas missões também trará consequências para o curso da expansão.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Outra forma de aprender um pouco mais sobre a história de Miquella são as cruzes que são encontradas pelos cenários. Elas marcam os momentos em que ele passou por alguma de suas provações. É possível adquirir mapas contendo dicas sobre a localização destas cruzes e usá-las como orientação para determinar os próximos passos de sua jornada.

Na exploração, Shadow of the Erdtree conseguiu melhorar o que já era excelente em Elden Ring. Ao chegar pela primeira vez no Reino das Sombras, o jogador pode ter a sensação do mapa se assemelhar visualmente à área inicial de Limgrave. No entanto, isso é superado tão logo comece a explorar a região e encontrar uma boa variedade de cenários. Falando sobre o tamanho do mapa, ao primeiro olhar ele também pode passar a falsa impressão de ser pequeno, mas, na realidade, a maneira com que o mundo foi concebido contribuiu para que se tornasse bem maior.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Uma das características da expansão é possuir áreas com um layout mais vertical. Várias regiões têm caminhos adjacentes que resultam em áreas inteiras, valorizando muito mais o trabalho daqueles que se preocuparem em explorar todos os cantos dos mapas. A curiosidade muitas vezes levará a abismos e cavernas que evoluem para ambientes profundos, ou a lugares aparentemente inacessíveis nas regiões mais altas do mapa.

A direção de arte fez um ótimo trabalho na ambientação do mundo. Os cenários de Shadow of the Erdtree facilmente estão dentre os mais belos já desenvolvidos pela FromSoftware. Internamente, os castelos são repletos de detalhes e com ótimos efeitos de iluminação e de sombras. As áreas abertas possuem as mais variadas características, passando por florestas, ruínas, assentamentos, e  muito mais. Os efeitos de clima e de partículas também estão mais presentes. Esta quantidade de detalhes até causa algumas oscilações na taxa de quadros por segundo, mas, assim como no jogo base, não chega a atrapalhar na jogabilidade.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

As dungeons continuam seguindo o mesmo princípio, com as legacy dungeons sendo as áreas onde estão localizados os chefes principais. Nessas áreas, a FromSoftware caprichou no level design. Os ambientes são repletos de caminhos interligados e rotas alternativas. A Fortaleza das Sombras, por exemplo, juntamente com o Armazém que a integra, formam uma das melhores áreas de todo o jogo.

Já as dungeons secundárias estão divididas entre cavernas e masmorras. A maior parte delas é mais extensa e compartilha de conceitos e visuais já apresentados em Elden Ring. Mas também há novas temáticas e posicionamento de mais armadilhas, contribuindo para minimizar um pouco o efeito de repetição comum a estas atividades. Ao final de cada dungeon, as lutas contra os subchefes também se provaram dinâmicas e recompensadoras.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Shadow of the Erdtree não economiza na ideia de inserir uma enorme quantidade de novos itens para serem perseguidos. Desde muitas armas, inclusive com novas categorias como a Katana Grande, Frascos de Perfume, o Escudo Pontiagudo, e até um estilo de combate com chutes, passando para suas habilidades únicas, novos sets de armaduras, diversas magias e encantamentos, cinzas, amuletos, livros de receitas e muitos mais.

Dois novos itens, aliás, fazem parte do sistema adicional de upgrade da expansão. Os Fragmentos da Umbrárvore e as Cinzas Espirituais Reverenciadas são itens raros que podem ser encontrados nos mapas para serem combinados nos pontos de Graça para ganhar a Benção do Reino das Sombras. Essa melhoria garante um bônus nas estatísticas do jogador, e de suas cinzas espirituais, enquanto estiver na área da expansão. De início, seus benefícios pareceram não influenciar na jogabilidade. Mas, conforme aumentei seus níveis, as melhorias na defesa e no ataque ficaram mais perceptíveis.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Partindo para os chefes, em Shadow of the Erdtree eles estão ainda mais mortais. Tudo começa por um design que prioriza inimigos que se movimentam frequentemente pelo cenário e com mais agilidade, quase não dando tempo para o jogador recuperar vida e estamina, e deixando poucas brechas para sofrerem contra-ataques. Praticamente, todos os novos chefes são capazes de encurtar a distância em relação ao jogador em questão de segundos. Seus padrões de ataque podem cobrir maiores distâncias. Além disso, a maioria deles possui ataques devastadores em área que são capazes de aniquilar a barra de vida do Maculado de forma repentina.

Muitos podem achar a dificuldade dos chefes exagerada, outros a encararão com um ótimo desafio. O fato é que a FromSoftware conseguiu implementar mecânicas para obrigar seus jogadores a pensarem fora de sua zona de conforto. Claro que Elden Ring ainda oferece muitas ferramentas para contornar estes desafios, portanto, é importante explorar bem os cenários e repensar algumas táticas de combate caso fique preso em alguma luta.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

A expansão possui alguns chefes obrigatórios, mas também dá liberdade para explorar quase todo o mapa para procurar as muitas áreas opcionais que resultarão em boas recompensas. Além disso, também é possível fazer viagens rápidas ilimitadas para as Terras Intermédias e de volta para o Reino das Sombra. Este pode ser um diferencial principalmente para quem optou por começar um novo personagem para jogar o DLC.

Porém, enquanto os chefes de Shadow of the Erdtree são memoráveis ao ponto de serem um dos maiores destaques da expansão, o mesmo não pode ser dito sobre os inimigos comuns. Apesar de alguns dos novos inimigos seguirem a proposta de agressividade vista nos chefes, e de seu dano ser relativamente alto dependendo do quão baixo forem os níveis de Benção do Reino da Sombras e de vitalidade do jogador, a falta de variação e a frequente reutilização deles ao longo do DLC acabam sendo um problema.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Não bastasse isso, também há um reaproveitamento exagerado de inimigos do jogo base. Desde os mais simples cachorros, ratos e zumbis, passando por aqueles considerados de elite, até para alguns subchefes, boa parte dos inimigos que enfrentamos por horas em Elden Ring retornam para a expansão. Alguns deles até possuem variações de habilidades e de equipamentos, mas outros simplesmente foram replicados ou sofreram um trivial tratamento de reskin.

É difícil entender como a FromSoftware se empenhou em criar chefes tão únicos e áreas complexas de serem exploradas, mas deixou em segundo plano algo considerado básico. Talvez o impacto deste problema seja até subjetivo. Quem ficou muito tempo afastado de Elden Ring pode não ligar para esta reciclagem. Mas quem manteve contato recente com o jogo vai identificar o problema com mais facilidade. O fato é que a repetição de inimigos se torna ainda mais complicada conforme as horas de jogo vão aumentando, reproduzindo um sentimento de falta de motivação nas áreas finais que já havia sido visto como um dos poucos pontos negativos de Elden Ring.

Elden Ring: Shadow of the Erdtree

Inclusive, isto também pode acarretar em uma quebra na imersão de combate ao gerar uma disparidade entre os inimigos da área e seu correspondente chefe. Em lugares onde já possuir conhecimento prévio dos inimigos, você será capaz de avançar sem sofrer muitas ameaças, ou até optar por não enfrentá-los simplesmente por falta de motivação. Não chega a ser algo que afete drasticamente o trabalho realizado pela FromSoftware, mas um melhor equilíbrio entre estes fatores seria uma boa maneira de preparar o jogador para os grandes desafios da expansão.

Contudo, ainda é possível concluir que Shadow of the Erdtree cumpre bem seu papel de promover uma mudança significativa na experiência de combate contra chefes e de exploração de Elden Ring. Quem ousar encarar os desafios do Reino da Sombras pode ter certeza que estará diante de um dos melhores conteúdos adicionais já lançados pela FromSoftware.

DLC analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

Elden Ring: Shadow of the Erdtree é a maior e mais ambiciosa expansão já desenvolvida pela FromSoftware. No entanto, poderia ter sido impecável se não fosse pela reciclagem exagerada de inimigos. Mesmo assim, as desafiantes lutas contra os chefes e a ótima sensação de exploração com a adição de novos layouts nos mapas fazem de Shadow of the Erdtree uma excelente conclusão para a jornada de Elden Ring.

90

Elden Ring

Fabricante: From Software

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG / Ação / Aventura

Distribuidora: Bandai Namco

Lançamento: 25/02/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

[lightweight-accordion title="Veredict"]

Elden Ring: Shadow of the Erdtree is FromSoftware’s biggest and most ambitious expansion yet. However, it could have been flawless if it weren’t for the over-recycling of enemies. Still, the challenging boss fights and great sense of exploration with the addition of new map layouts make Shadow of the Erdtree an excellent conclusion to the Elden Ring journey.

[/lightweight-accordion]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo