Dynasty Warriors: Origins – Review

A franquia Dynasty Warriors tem passado por momentos conturbados ao longo da última década. Depois do lançamento de Dynasty Warriors 8 lá em 2013, o qual teve tanto sua versão original quanto Xtreme Legends e Empires sendo bem recebidos por seus fãs, uma série de erros acabou fazendo com que o título seguinte, Dynasty Warriors 9, fosse bastante divisivo (para dizer o mínimo).

Esse movimento em uma das suas principais IPs foi bastante estranho, visto o quanto tanto a Omega Force quanto a própria Koei Tecmo tem sido cada vez mais requisitadas como desenvolvedoras de suporte para importantes títulos de outras desenvolvedoras japonesas. Esse processo de ascensão de um estúdio à tanto tempo tratado como “segunda classe” (ou pior) e queda de sua principal propriedade intelectual não é exatamente raro, mas é uma infelicidade dado a frequência com que remakes e remasters tomaram conta da indústria.

Mas, no que depender de Dynasty Warriors: Origins, não mais. O mais recente jogo da série, chega agora quase 25 anos após o lançamento de Dynasty Warriors 2, título responsável por abrir os caminhos para a ação 1v100 pelo qual ela se tornaria famosa. Aqui temos um passo em direção aos elementos que tornaram a série querida por seus fãs, ao mesmo tempo em que várias das sensibilidades modernas que trouxeram sucesso a jogos como Nioh e Wo Long: Fallen Dynasty o inspiram.

Dynasty Warriors: Origins

O primeiro ponto que irá chamar a atenção tanto de novatos quanto de experientes jogadores da franquia é o foco ainda mais reforçado na história. Sim, o jogo, como tantos outros da franquia, se inicia durante a Revolta dos Turbantes Amarelos, um dos pontos mais importantes da história da China e, convenientemente, também o ponto inicial d’O Romance dos Três Reinos, o livro que serve de referência para toda a história de DW. A grande diferença fica por conta do ponto de vista inédito que é adotado para o título.

Praticamente toda a história é acompanhada do ponto de vista do Wanderer, um personagem inédito que é um guerreiro que, convenientemente, perdeu sua memória, mas se vê envolvido no meio dos conflitos que mudariam os rumos da história chinesa, sendo rapidamente recrutado para o exército de Liu Bei, lendário herói conhecido por sua benevolência (e talvez o principal personagem de DW). Esse é o personagem que o jogador assume o controle, podendo customizá-lo com bastante liberdade, incluindo escolher a arma principal de seu uso.

Apesar de alguns pequenos tropeços ao longo do caminho, ele traz um importante frescor para a experiência, especialmente tendo em vista que há um mistério por trás do protagonista, sua perda de memória e um misterioso amuleto de jade que ele carrega, não sendo só um personagem de auto-inserção aleatório, já que ele é, supostamente, o encarregado por trazer paz de volta à China.

Dynasty Warriors: Origins

Um ponto bastante importante disso é que, não só esse mistério é construído de forma satisfatória, mas há um cuidado muito maior com as cenas e com os diálogos ao longo de todo o jogo, com as cenas sendo todas animadas e dubladas (salvo pelo protagonista silencioso) e muito melhor animadas do que em qualquer outro ponto da franquia até aqui. Há uma clara tentativa de tornar o jogo mais “cinematográfico” e isso é executado com sucesso.

Um outro ponto é que a narrativa te permite escolher seu caminho, com diversos pontos apresentando seleções de diálogos e caminhos que vão se dividindo, com cada um dos três reinos (Wu, Shu e Wei) tendo seu próprio final. E não pense que o jogo é focado apenas no novo personagem já que, apesar dele ser a clara estrela, todos os personagens mais importantes da história são muito melhor desenvolvidos do que em outros jogos da franquia, mas podem ser controlados após serem escolhidos como seu parceiro em combate.

Cabe apontar que é o primeiro musou da série a não cobrir toda a história do romance, parando na metade. Isso se dá, naturalmente, pelo foco maior na narrativa e o claro investimento que foi feito neste título, o que acabou exigindo um certo sacrifício da segunda metade da história, o que deve ficar para uma eventual sequência. Ainda assim, se prepare para uma boa dose de missões secundárias e bastante conteúdo para se jogar, com cada experiência de começo ao final rendendo algo entre 20 e 25 horas para ser completado na dificuldade normal.

Durante essas cenas algo que certamente capta a atenção é a evolução gráfica que o jogo traz para a série. Em todos os seus pontos, sejam os modelos dos personagens, cenários ou animações, há uma evolução exponencial em cada detalhe. Os efeitos visuais são mais chamativos, a movimentação é mais fluida (salvo por alguns pequenos engasgos com a movimentação lateral e câmera), os cenários trazem uma boa evolução das folhagens às texturas e realmente capturam a sensação de se estar lutando contra verdadeiros exércitos. Felizmente, a performance como um todo é muito boa e segura muito bem a experiência. As mudanças feitas aos personagens talvez traga alguma polêmica, mas, pelo menos pra mim, eles estão bem mais charmosos e bonitos em relação ao que estamos acostumados.

O gameplay em si é praticamente um apanhado dos melhores elementos possíveis para a franquia. A essência ainda está na boa e velha ação 1v100, com o jogador precisando realizar combos para matar o máximo de unidades adversárias possíveis enquanto se move pelos mapas, captura regiões e derrota comandantes inimigos. O sistema de mundo aberto de DW9 foi totalmente abandonado em favor de mapas melhor elaborados e mais próximos do tradicional na série, ainda que o sistema de bases seja menos fixo, mas ainda fácil de se identificar no mapa.

Em batalha, você terá acesso aos combos com quadrado e triângulo, além de combos aéreos, um sistema de defesa/parry e esquiva para se proteger e os bons e velhos golpes musou, ataques especiais que podem ser usados ao preencher a barra de energia. Alguns personagens também tem acesso a um Ultimate Musou Attack, o qual é ativado consumindo toda sua barra de musou e de Bravery. As batalhas em si é muito mais divertido de se controlar, com os golpes tendo mais peso e efetividade e as armas passando uma boa sensação de diferença entre elas.

Dynasty Warriors: Origins

O sistema de habilidades também retorna aqui, chamadas de Arts, sendo ativadas segurando R1 + um dos botões de face, gastam pontos de Bravery, uma barra que é preenchida ao causar dano a inimigos e são essenciais para sobreviver às batalhas, especialmente para quebrar as defesas de comandantes inimigos e suas barras de Fortitude. Ao fazê-lo, é possível usar combos pesados chamados Assaults que causam uma boa quantidade de dano.

Dito isso, o jogo traz de volta um sistema de combate mais tático e dificilmente você terá sucesso só apertando inconsequentemente os botões de combo, já que é necessário dar ordens para os seus oficiais antes das batalhas para que se consiga realmente vencê-las com uma estratégia funcional (já que a IA preciso disso para funcionar de forma efetiva). É necessário também ajustar bem a formação das suas unidades, com uma grande variedade presente e te forçando a ajustar isso para que você tenha êxito nas suas missões.

Dessa forma, acaba sendo necessário abordar os combates com mais calma, focando um pouco mais em defesa e parry é ótimo e faz com que a abordagem das batalhas e domínio de Outposts seja mais recompensador. Tem algo de especialmente divertido ver seus soldados sendo moídos por oficiais inimigos e o embate com eles sendo bem mais tático do que antes em que quase não se percebia a diferença entre um mob aleatório e um chefe salvo pela quantidade de HP.

Dynasty Warriors: Origins

Parte da experiência é o sistema de progressão e aqui há uma grande quantidade de itens a serem personalizados como você preferir. Como mencionado brevemente, você pode escolher a arma que preferir para o seu personagem (dentro do gigantesco arsenal do jogo) e, quanto mais usá-la, você irá subindo o seu índice de proficiência que não só aumenta as suas habilidades com ela, mas rendem pontos que sobem o seu Rank Level e, consequentemente, aumentam seus stats e te dará Skill Points que podem ser usados para desbloquear habilidades mais gerais.

Cada arma tem também um medidor separado que, ao aumentar a proficiência, também desbloqueia novas habilidades para aquela arma. Há também um último medidor chamado de “Level of Peace”, basicamente, o nível de pacificação que a região está. Esse medidor está atrelado ao amuleto carregado pelo protagonista e vai sendo preenchido ao realizar diferentes missões, principais e secundárias. Ao alcançar certos patamares você recebe vários bônus que irão facilitar a sua vida na hora da batalha.

Por último, é possível também melhorar a sua relação com outros Oficiais através do sistema de Bonds. É um sistema que já é comum aos jogos da Koei Tecmo, como o próprio Romance of the Three Kingdoms e outros DW, no qual o jogador pode ir evoluindo sua relação através de interações e executando certas tarefas e que trazem diferentes bônus para o combate quando você participar de missões ao lado de unidades com as quais você tem uma boa relação.

Um dos poucos problemas que se pode apontar é a total e completa remoção do modo cooperativo da experiência. Uma das grandes qualidades de DW e que sempre o tornou uma experiência marcante era poder jogar com seus amigos em co-op local e sua ausência definitivamente é sentida, não havendo nem mesmo uma opção para co-op online. A movimentação pelo mapa mundial também é meio estranha, apesar de ser bem funcional (especialmente com waypoints agilizando a movimentação) e até divertido andar até as cidades para comprar itens e falar com aliados.

No fim das contas, Dynasty Warriors: Origins é uma experiência bastante divertida e recompensadora, especialmente para fãs da franquia. Ela pode não trazer grandes novidades ou revolucionar musous para atrair quem já tem uma visão negativa (e muitas vezes preconceituosa) com o gênero, mas sua nova abordagem ao contar a história d’Os Três Reinos é muito bem-vinda.

No todo, é um musou de altíssima qualidade e cuidado com a experiência, especialmente com o seu combate, que é um compilado do que de melhor ele tem a oferecer. É, também, um excelente ponto de entrada para novatos que tenham a mente aberta para o que ele é e não visões pré-concebidas pelo que ele não é. Dito isso, se sua principal crítica é o “combate sem desafios”, o Hero Mode traz batalhas que até mesmo os mobs mais simples te darão trabalho. Assim, DW:O não só coloca a série de volta nos eixos, mas a evolui com decisões muito acertadas.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.

Veredito

Dynasty Warriors: Origins é um retorno à essência da franquia, reforçando seus elementos que cativam os fãs. Com um gameplay excepcional, melhorias visuais e um novo foco na narrativa, o título não só recoloca a série nos eixos, mas entrega um de seus melhores jogos até hoje.

90

Dynasty Warriors: Origins

Fabricante: Omega Force

Plataforma: PS5

Gênero: Ação

Distribuidora: Koei Tecmo

Lançamento: 16/01/2025

Dublado:

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

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Dynasty Warriors: Origins is a return to the essence of the franchise, reinforcing its elements that captivate fans. With exceptional gameplay, visual improvements and a new focus on narrative, the title not only puts the series back on track, but delivers one of its best games to date.

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