Dusk Diver 2 é um RPG com combate rápido, preenchendo um certo nicho de mercado que, ultimamente, não tem recebido tantos lançamentos de destaque. Dusk Diver 2, certamente, bebe da fonte de várias séries como Devil May Cry e Bayonetta, utilizando de várias ideias provindas dessas influências. No entanto, muitas das mecânicas de Dusk Diver 2 carecem de polimento e, consequentemente, resultam em uma implementação medíocre do que foi feito em suas inspirações. O título nunca cai para um patamar ruim ou péssimo, mas também nunca se destaca de maneira apropriada para se tornar uma recomendação
A história se passa um ano após o jogo anterior e, felizmente, há uma recapitulação em texto para introduzir novos jogadores, grupo que me encontrava antes de começar DD2. A trama em si não é excessivamente complexa, mas pode levar um tempo até que iniciantes se acostumem com os termos utilizados pelos personagens. Yumo, a protagonista, e seus companheiros lutam contra criaturas em uma dimensão paralela chamada Youshanding. A dimensão está sendo administrada por um grupo de militares e, paralelamente, uma grande empresa está fazendo investimentos consideráveis em Taiwan e também tem uma mão nos assuntos da dimensão alternativa.
A história tenta evoluir para um conflito complexo de vários diferentes interesses e que Yumo e seus amigos se vêem envolvidos, mas a narrativa simplesmente não sustenta a complexidade que a trama gostaria de retratar. Personagens, mesmo os inéditos, são apresentados de maneira muito rápida, seus arcos usualmente tem uma finalização pouco satisfatória e mesmo os conflitos centrais ao jogo são resolvidos de maneira muito repentina. As side-quests são o melhor exemplo de como a narrativa do jogo é atropelada com começo, meio e fim sendo descritos de forma completamente crua e sem a mínima intenção de prender a atenção do jogador.
Os eventos principais e opcionais estão, felizmente, marcados no mapa e são bastante fáceis de serem acompanhados e usualmente terminam com alguma luta ou em um estágio também repleto de combate. As mecânicas de combate em Dusk Diver 2 são bem competentes com ataques normais, fortes, ataques especiais, esquiva com desaceleração do tempo, parry, entre outros elementos comuns a títulos do gênero. Uma mecânica única ao título é a possibilidade de atordoar seus inimigos ou lançá-los em uma parede e, em seguida, realizar um finalizador que causa bastante dano. A mecânica é divertida e permite derrotar inimigos fortes de maneira eficiente, no entanto, tanto o atordoamento quanto o lançamento em uma parede são inconsistentes em termos de quando ocorrem. Uma vez você irá realizar um combo que imediatamente irá atordoar um inimigo e, em outra ocasião utilizar o mesmo combo contra o mesmo inimigo não necessariamente garante que o atordoamento vá funcionar.
Apesar das mecânicas de combate serem boas, elas são sabotadas pelo aspecto RPG do jogo que está muito mal balanceado. Dusk Diver 2 é um título consideravelmente longo que rende cerca de 30 a 40 horas com conteúdo opcional e, em todo esse tempo, há uma variedade muito pequena de inimigos e com uma quantidade também pequena de padrões de ataque. Isso significa que o jogador está constantemente enfrentando os mesmos inimigos e situações repetidamente até enjoar delas. Cada inimigo leva alguns segundos para ser derrotado (jogando de maneira eficiente) e existem dezenas deles por estágio fazendo com que qualquer nível seja um longo e muitas vezes tedioso exercício de repetição.
A situação do combate é agravada pelo fato que o crescimento dos personagens também se dá a conta gotas e é uma situação particularmente péssima no início do jogo. As armas de cada personagem podem ser evoluídas somente uma vez por capítulo e a vida e quantidade de inimigos cresce de maneira desproporcional ao dano que o jogador consegue causar. Demais equipamentos (armaduras e acessórios) são obtidos de maneira aleatória pelo mapa e também tem status aleatorizados e, na grande maioria das vezes, você vai obter equipamentos muito mais fracos do que o nível de seus personagens. Há a possibilidade também de customizar os status por meio de esferas, no entanto, os encaixes para as mesmas só começam a se tornar mais comuns na segunda metade do título. As habilidades, por sua vez, são aprendidas facilmente, mas sua evolução só veio a ser liberada nos últimos capítulos e grande parte das habilidades aprendidas no meio da aventura costumam ser mais fracas do que as abertas desde o início.
Minha forma de contornar esses problemas foi investir todos os pontos de experiência em ataque para Yumo e La Viada (outra personagem que gostava de jogar) para se tornarem bastante fortes desde o início. A AI não ajuda muito no combate e a troca rápida de personagens permitia vencer os confrontos sem problemas usando somente as duas. Os combates se tornaram mais rápidos (e menos tediosos) quando equipei Yumo com uma esfera que transferia todos os seus pontos de defesa para o ataque. Consequentemente, fui capaz de derrotar até chefes com poucos ataques e, em contrapartida, eu seria facilmente derrotado por pouquíssimos golpes. Isso em teoria, pois há tantos itens de cura que mesmo jogar sem defesa alguma era bastante viável e com pouco risco. O final do jogo foi, francamente, onde o combate mais se tornou divertido, mas isso porque consegui criar um conjunto de equipamentos absurdos e já estava cansado de enfrentar os mesmos inimigos pela milésima vez.
Jogo analisado no PS5 com um código da versão de PS4 fornecido pela Idea Factory International.
Veredito
Dusk Diver 2 não é necessariamente um título ruim, mas também não é uma recomendação. O combate tem mecânicas competentes, mas seu balanceamento faz com que a experiência do jogador passe de interessante para tediosa em poucas horas. É um jogo que tinha grandes ambições, mas não teve o polimento para carregá-las adequadamente.
Dusk Diver 2 isn’t necessarily a bad title, but it’s not a title to recommend either. The combat has competent mechanics, but its balance makes the player experience go from interesting to tedious in a few hours. It’s a game that had big ambitions, but didn’t have the polish to carry them out properly.
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