Destroy All Humans! é um título lançado originalmente em 2005 para o PS2 e Xbox. Na época, o jogo agradou por seu humor e pela sua proposta, chegando a vender mais de 1 milhão de cópias. Uma sequência foi lançada no ano seguinte para as mesmas plataformas com uma recepção similar, apesar das vendas terem sido mais baixas. Infelizmente, após esses dois bons jogos, a série foi ladeira abaixo, com os péssimos Big Willy Unleashed (Wii) e Path of the Furon (Xbox 360). Com a THQ falida, a série parecia estar fadada ao esquecimento.
No entanto, como sabemos, a THQ acabou ressurgindo como uma fênix e atualmente temos a THQ Nordic que se tornou uma gigante graças à Embracer Group. Um dos títulos esperados com esse renascimento era justamente um novo Destroy All Humans! e, finalmente, após 11 anos desde o último lançamento, a série retorna. Não exatamente com um novo jogo, mas um remake do original desenvolvido pela Black Forest Games (de Giana Sisters e, mais recentemente, Bubsy: The Woolies Strike Back).
Destroy All Humans! segue a história de Cryptosporidium-137 (Crypto-137), um alienígena da raça “Furon” que vem para a Terra da década de 1950 para… sim, conquistá-la. O real motivo da raça de Crypto precisar invadir a Terra é que os humanos possuem o chamado “Furon D.N.A.” em sua forma mais pura em seus cérebros. Esse composto é essencial para a sobrevivência da raça de Crypto, que conta com um sistema de clonagem para a sua reprodução. Conforme a clonagem avança, mais complicada fica manter a sua forma de vida – esse Furon D.N.A. pode auxiliar no processo.
O enredo começa na verdade com o antecessor, Crypto-136. Ele tinha o mesmo objetivo de Crypto-137, porém não fornece um retorno à base após a sua chegada na Terra. O jogador fica sabendo que ele morreu devido a um teste dos americanos na Área 51 com um foguete. Por conta do sumiço de Crypto-136, Crypto-137 chega à Terra para descobrir o que aconteceu e, no processo, extrair o maior número de cérebros.
A história de Destroy All Humans! possui um desenrolar lento, mas é bem divertida em muitos pontos. Não vou entrar em detalhes para não estragar a sua experiência, mas cito por exemplo o discurso do prefeito como um momento bastante hilário. Vale ressaltar, porém, que apesar desses bons momentos, muitos outros são bem arrastados.
O gameplay de Destroy All Humans! é um jogo separado por missões. Existem seis diferentes regiões que você possui acesso conforme avança, e cada uma delas tem um número de missões que vai acontecendo com a história progredindo. Essas missões podem ser divididas basicamente em três tipos: ação, stealth e nave. Como dito anteriormente, jogamos como Crypto-137, que possui acesso a um variado arsenal e poderes “psicocinéticos”.
A parte de ação é, sem dúvidas, a mais divertida do jogo. Detesto fazer esse tipo de comparação, mas pense em um sandbox simples com super-poderes. Essas regiões mencionadas anteriormente são bastante amplas e, normalmente, as missões de ação consistem basicamente em causar o terror: destrua os veículos (inclusive tanques de guerra) dos humanos, extraia cérebros deles, faça malabarismo com seus corpos, etc.
Crypto-137 possui um armamento considerável. Por exemplo, sua arma padrão causa um choque até que o humano morra. Há também uma sonda anal que, ao atingir o alvo pelas “costas”, causa a sua morte também. Já com o R1, Crypto pode usar seu poder de telecinese. Ou seja, é possível pegar humanos (e objetos) e arremessá-los para onde quiser. Parece um gameplay simples – e é, mas em ação é bem divertido causar a destruição de diferentes formas.
Crypto ainda pode usar um jetpack para ter um pulo mais aprimorado. Falando em aprimoramentos, completar as missões permite que você faça upgrades nas armas e nas habilidades de Crypto, melhorando consideravelmente diversos aspectos (por exemplo, a arma de choque atinge mais de um alvo em um mesmo disparo). Ainda sobre as missões, todas elas possuem objetivos extras que podem ser perdidos (não são necessários para completar a história, apenas se você busca a platina – e ainda assim as missões podem ser jogadas novamente). E são justamente esses objetivos extras que podem deixar as duas próximas partes do gameplay chatas.
Enquanto que Destroy All Humans! é bem divertido em suas partes de ação, as missões de stealth são um desastre. Nessas missões, Crypto deve se disfarçar de humano usando o chamado “Holozé” e passar despercebido por eles. Ou seja, você fica com uma imagem holográfica do humano que escolheu e deve ficar permanentemente fazendo o “scan” de mentes humanas para manter o disfarce. Há várias formas do Holozé falhar, como usá-lo com algum outro humano vendo, por exemplo.
Na teoria, parece algo divertido. Mas na prática essas missões são horríveis. Toda vez que uma missão de ação terminava, torcia mentalmente para que a próxima não envolvesse stealth. São missões que quebram o ritmo, não possuem diversão alguma e, infelizmente, a abordagem stealth é obrigatória (se você não seguir o que o jogo pede e decidir ir em modo “dane-se”, a missão falhará).
Por fim, o terceiro tipo de gameplay é a nave. Em determinados momentos, você precisará usar a sua nave para destruir as cidades. Não é ruim, mas também não é bom. A nave possui diferentes mecânicas além de seu tiro básico, como “sugar” objetos, mas é outra forma de gameplay que fará você pensar por que não está jogando a pé e destruindo tudo na mão mesmo.
Tanto a nave quanto Crypto são protegidos por um escudo que funciona como a sua vida. No caso de Crypto, você o recupera com os cérebros humanos. Já com a nave é preciso usar o “trasmog”, mas o conceito é similar.
Após terminar o jogo, você pode revisitar as missões para fazer os objetivos extras perdidos. Mas o principal replay é visitar as seis regiões e completar os desafios presentes nelas. Esses desafios são acessíveis em cada área desde o início, porém os desafios são muito mais desafiadores sem os upgrades todos que Crypto pode receber. As regiões também possuem colecionáveis que fornecem o XP gasto para aprimorar o personagem.
Destroy All Humans! tem textos em português do Brasil, mas a dublagem, infelizmente, não. Porém, é uma boa localização, com adaptações inteligentes para o nosso idioma (como o Holozé mencionado).
Em relação ao remake em si, os gráficos são bonitos (ainda mais se você compará-los com a versão de 2005) e o jogo foi feito na Unreal Engine 4. Porém, há alguns problemas técnicos. O principal e pior de todos é o loading. O jogo possui muitas telas de carregamento, a ponto de você ficar irritado com tantas vezes que verá a cara feia de Crypto nela. Outro problema é o framerate que, dependendo do que está acontecendo na tela, há quedas graves (por exemplo, nas missões em que você precisa destruir os prédios e casas com a sua nave).
No fim, Destroy All Humans! é um título interessante pelo seu humor e as partes de ação. Mas o restante, infelizmente, ofusca essas partes boas.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela THQ Nordic.
Veredito
Destroy All Humans! é um bom remake de um jogo que acabou se tornando um clássico cult com o tempo. Temos gráficos refinados em uma nova engine, mas ao mesmo tempo um número excessivo de loadings. Em relação ao material base, possui um bom humor em determinadas partes, mas as partes verdadeiramente divertidas (como destruir tudo) são ofuscadas pelas péssimas missões de stealth.
Destroy All Humans! is a good remake of a game that has become a cult classic over time. It has refined graphics in a new engine, but at the same time an excessive number of loadings. Regarding the base material, it has a good mood in certain parts, but the really fun parts (like destroying everything) are overshadowed by the bad stealth missions.
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