Deadpool

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Algo que em até certo ponto pode incomodar um pouco na série Arkham é a personalidade do homem-morcego. Tanto que podemos afirmar, categoricamente, que o Coringa brilha mais que o próprio Batman. O level-design brilha mais que o Batman.  Batman consegue brilhar quando está em jogabilidade. Nas cenas de corte, suas falas não são desastrosas, nem maravilhosas. Apenas normais. Nada de menos. Nada demais. Principalmente quando confrontamos o cavaleiro das Trevas com o mercenário tagarela Deadpool. Em seu mais recente jogo, Deadpool brilha. E muito. O resto? Passável.

 



Fruto de uma parceria entre Daniel Way, ex-escritor das HQs de Deadpool, e a High Moon Studios, Deadpool: The Game se inicia com o anti-herói verificando suas mensagens na secretária eletrônica. Esse início, assim como a verificação minuciosa aos pertences de Deadpool em seu apartamento, já denuncia o humor lascivo que acompanhará o jogador. A citada desenvolvedora protagoniza ótimas linhas de diálogo iniciais, as quais resultam, após anterior recusa, na concordância (por livre e espontânea pressão) de criar o mais incrível título de videogame protagonizado pelo próprio Deadpool. Diante disto, temos uma metalinguagem que por vezes consegue ser excepcional e provocativa, zombando de técnicas que a indústria de videogames usa em seus jogos, como descrição de objetivos, uso dos botões de ação e QTEs, dentre outras.
 
Promover algo que podemos chamar de jogador-incluso também dita um dos méritos da jornada. Enquanto Deadpool precisa batalhar contra diversos inimigos comuns de seu universo HQ, tanto o herói quanto as duas vozes que o rodeiam acabam convidando aquele ser que está com o controle em mãos para participar dos eventos de forma direta, não apenas com comandos, mas tornando o jogador alguém especial dentro da jornada. 
 
Em inúmeras situações, o jogo zomba do jogador ou, até mesmo, dá um alerta para ele. Um exemplo impagável é quando Deadpool acaba sofrendo na mão dos inimigos. Um recurso que ajuda a desviar dos mesmos é o teleporte. Caso o jogador demore a utilizá-lo e o herói perca muita energia, o mesmo dirá “talvez você devesse usar o teleporte…” num tom cômico de voz. A atuação de Nolan North como dublador de Deadpool ajuda ainda mais a enriquecer estes momentos. Nolan já dublara Deadpool anteriormente, mas em outro contexto, e neste jogo encarnou o mercenário de forma excepcional.
 
Se em termos de enredo o jogo nutre as suas qualidades, quando estamos no comando da ação Deadpool se revela um título comum, sem quaisquer adições significativas para o estilo. 



Tal qual um genuíno hack'n slash, combinações de golpes estão presentes. Existem os light attacks e os heavy attacks, os quais apresentam simplicidade e atendem relativamente bem a uma proposta de seções curtas de batalhas, premiando o jogador caso consiga emendar combos longos. Essa premiação consiste em moedas que servem para comprar novas armas e melhorias para as mesmas.
 
Deadpool também carrega consigo armas de fogo, as quais, infelizmente, são desprovidas de um sistema de comunhão de golpes eficiente, tal qual um Dante ou uma Bayonetta sabem fazer tão bem. Atirar pode ser uma tortura em áreas lotadas de inimigos, ainda mais com um mecanismo de mira tortuoso. Oponentes até estimulam um pouco o uso desse poderio, entretanto, com o passar do tempo você perceberá que vale mais a pena confrontá-los portando espadas ou armas similares, afinal, o jogo conta com um afortunado sistema de regeneração de vida (que habilmente representa uma das características do personagem nas HQs). Conforme Deadpool recebe golpes dos adversários, suas vestimentas e seu corpo vão se dilacerando, apresentando uma visão pouco agradável, mas que serve de alerta para o jogador se distanciar dos inimigos no intuito de que a barra de vida se reestabeleça. 
 
O teleporte funciona como uma boa maneira de se esquivar dos inimigos, apenas apertando um botão específico para o manuseio da técnica. Como já adiantado, esse movimento contribui bastante para que Deadpool mostre que estamos dentro de um jogo, apesar dos perigos que assolam seu mundo, e que podemos ficar muito irritados se o teleporte demorar para recarregar. 
 
Além disto, Deadpool conta com outras poucas técnicas de combate como o Momentum e golpes em stealth. São habilidades, no entanto, que atuam mais como reforço da atmosfera cômica do que como recursos sólidos de jogabilidade. No primeiro, ao mesmo tempo que o anti-herói vai acumulando combos em uma sequência de embates, uma barra se enche de energia até proporcionar o Momentum, que deixa Deadpool temporariamente imbatível e capaz de finalizar seus adversários brutalmente. Já os golpes em stealth são mais roteirizados. Na surdina, o personagem pede para que o jogador fique quieto e, ao simples apertar de um botão, o inimigo leva um golpe fatal (mas antes disto, claro que não poderia faltar o jeito especial de Deadpool ser furtivo). Seu caminhar desengonçado certamente faria Snake e Sam Fisher repensarem suas abordagens. Ou não.



Além de técnicas de combate, o jogo proporciona algumas mecânicas desajeitadas de plataforma. Apesar de conferir certa variedade, o level design não ajuda muito, tornando algumas tarefas de salto um pouco tortuosas. Existem seções nos ambientes que exigem o uso do teleporte também, entretanto, não chegam a mascarar a falta de inspiração, por vezes latente. Essa falta de inspiração se perpetua por meio de gráficos medíocres para a sua geração e uma trilha sonora pouco memorável, elementos que também caminham na contramão ao esmero que fora dado ao enredo do jogo.
 

Veredito

Zerar Deadpool não levará mais que cinco horas. Existem uns desafios a serem desbloqueados, que nos fazem lembrar um pouco aqueles de Batman na série Arkham. Praticamente só. Fãs de longa data das HQs reconhecerão as referências, os trejeitos do anti-herói, os vilões. O modo como o enredo se desenvolve, nos proporcionando altas risadas em muitos momentos, fortalece Deadpool. Pena que, em contrapartida, temos uma jogabilidade que em diversas ocasiões peca em entregar o básico, nos fazendo esperar a próxima atuação performática de Deadpool para que o jogo volte a ficar interessante.


 

Veredito

67

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