Dead Space – Review

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Quando surgiu o anúncio oficial do remake para Dead Space confesso que fiquei feliz de imediato. Sendo fã dos primeiros 2 jogos, seria triste demais ver a franquia morrer após o terceiro e fraco episódio lançado em 2013. A felicidade em si não era por reviver novamente o primeiro jogo de forma atualizada, mas sim por saber que a franquia estaria de volta aos holofotes e que milhares de fãs poderiam ter esperanças de um outro futuro mais positivo para a franquia.

Pelas mãos da Motive Studios, Dead Space de 2023 é mais como uma releitura do que um remake ao pé da letra. Se formos usar uma comparação direta, não fica somente no escopo de 1 para 1 como foi em Demon’s Souls, mas sim indo além apenas das melhorias técnicas e avanços visuais e também moldando o jogo para um estilo mais atual, moderno, revigorado e com novidades que lançam o título como um dos melhores do ano desde já.

Para os que não são familiarizados com Dead Space, a história começa em 2508 quando uma nave de mineração interplanetária, a USG Ishimura, perde contato durante sua missão numa região afastada das zonas seguras no planeta Aegis VII. Com isso, uma equipe é enviada para avaliar a situação e reportar os acontecimentos, assim como colocar a Ishimura operacional novamente.

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Nessa equipe há o engenheiro Isaac Clarke, que se voluntariou para a missão com intuito de também encontrar sua namorada, Nicole Brennan, tripulante da Ishimura. Quando a nave de resgate atraca na mineradora e se observa o caos instalado ali, com vários tripulantes mortos ou desaparecidos e nenhuma explicação dos eventos, a equipe começa a ser atacada por monstros humanoides, conhecidos como necromorfos, e precisam lutar para sobreviver de agora em diante.

A campanha segue Isaac tendo que continuar vivo junto aos outros sobreviventes, reparar o necessário da USG Ishimura para que isso seja possível enquanto procura uma forma de escapar da nave. Enquanto isso e também lutando contra seus próprios demônios, Isaac ainda vai descobrir o verdadeiro propósito da exploração de Aegis VII pela tripulação da USG Ishimura, o propósito de boa parte da tripulação ali, o envolvimento de sua namorada na história e até mesmo a relação de uma religião extremista com monstros espaciais.

Se abordarmos diretamente os eventos da história, a maior novidade é como eles foram moldados para um Isaac com mais personalidade e voz agora. No Dead Space original, o protagonista não tinha voz e só mostrava seu rosto no fim do jogo, o que é bem diferente agora. Há mais cenas envolvendo Isaac e sua relação com os personagens e eventos, assim como demonstra sua personalidade que só foi vista em Dead Space 2 (2010). Isso também é mérito do retorno de Gunner Wright como Isaac, fazendo um ótimo trabalho no amadurecimento do personagem que tem bastante a dizer agora.

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De forma geral, a estrutura da campanha é quase a mesma e mantém a linha narrativa do jogo original. As sequências de eventos que vão se intercalando, tanto para a sobrevivência na Ishimura quanto para o desmembramento dos segredos, não teve tanta mudança. Há ajustes e uma expansão maior de certos arcos, assim como ligeira alteração na ordem de alguns eventos. De toda forma, saiba que ainda haverá objetivos idênticos ao original, como restaurar o sistema de ar, evitar uma morte certa por asteroides ou até mesmo correr feito louco de monstros.

Não se engane e nem seja traído pelo saudosismo, as qualidade que destacaram o Dead Space original se fazem presentes aqui da mesma forma. Eventualmente os atributos técnicos e visuais moldam isso de forma diferente, mas jamais alteram a fórmula de sucesso. O jogo ainda é um frenesi de tensão e terror a todo momento, guiado pelo sistema visual e sonoro de forma impecável, brincando com as expectativas do jogador e surpreendendo mesmo os que já são experientes na franquia.

Gosto de dizer que Dead Space (2008) e Dead Space 2 (2010) são jogos que envelheceram bem. Jogar ambos no PC continua sendo uma experiência agradável e que ainda entrega o propósito de cada um. O remake de 2023 não poderia ser apenas uma pincelada visual, mas também era necessário modernizar o título de forma precisa para que possa garantir um futuro de sucesso a partir de agora. É exatamente isso o que acontece.

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Mudanças no level design foram positivas e acontece de forma que parece integrar as melhores partes dos dois jogos originais. A USG Ishimura é uma área toda conectada e não mais apenas executada por capítulos. É possível explorar, realizar missões secundárias e ainda usar do backtracking conforme se avança na história e libera acessos a locais antes bloqueados. Não chega a ser um metroidvania ou algo do tipo (Control ou God of War), já que muito disso do conteúdo secundário são missões que revelam mais informações de personagens ou fornecem mais itens, mas faz um uso melhor de todo o espaço que o jogo permite sem desperdiçar potencial para o terror, inclusive aumentando o tempo total da campanha e dando mais valor na mecânica de risco e recompensas.

Outras novidades ficam na inclusão de mecânicas que só foram integradas nas sequências do jogo original, como flutuar em gravidade zero. Agora é algo comum e acontece em diversas áreas como parte dos ajustes de level design e também atualização para a narrativa e puzzles. Com isso, algumas áreas ficaram mais abrangentes, já que a movimentação por flutuação é mais efetiva e não é mais necessário apontar e esperar o salto de Isaac para pousar em outro local, como acontecia antes.

Quanto ao combate, esse é talvez o aspecto mais familiar quando comparado ao jogo original. Há muito mais ajustes para aperfeiçoar o sistema do que mudanças, como melhorias da mira e hitboxes de inimigos. A estrutura continua sendo intacta e funcional como antes, com monstros de diversos tipos precisando ser eliminados abusando de ataques não tradicionais. Resumindo, não atire na cabeça e sim desmembre os malditos. A mesma quantidade de armas (algumas com modos de tiro alternativo diferentes) e armaduras, com melhorias específicas de armas e da armadura, modos alternativos de tiro/acionamento, munição escassa, controle da moeda para aquisição de itens, munição ou melhorias e mais ainda vão ser o centro da sobrevivência.

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O uso de estase para desacelerar inimigos e partes do cenário, assim como a telecine para controle e arremesso de partes móveis continua sendo extremamente prazeroso. Quer economizar munição enquanto tenta sua run para terminar o jogo usando apenas a Plasma Cutter? A fórmula de paralisar inimigos, arrancar um de seus braços e arremessar de volta via telecinese funciona perfeitamente. Além do combate, essas mecânicas estão mais presentes para a exploração do que antes, fazendo parte do processo de melhoria do level design. E, além disso tudo, sempre é possível aproveitar para pisotear sem parar em inimigos no chão, o que também continua sendo uma das funções mais divertidas em Dead Space.

Quando disse que as fórmulas tradicionais que fizeram o jogo ser o sucesso de antes continuam presentes, isso também vale para a ambientação perfeita. Mesclar luz e escuridão com os corredores sinistros da Ishimura é a fórmula de sucesso melhor aperfeiçoada aqui. É possível andar e não conseguir enxergar nada à sua frente, mas tudo isso mudar quando uma luz piscar e perceber que há um necromorfo a sua espera. Ou melhor ainda, virar em cantos escuros enquanto explora um banheiro escuro à procura de itens e, do nada, estourar os chuveiros e o jogador não conseguir enxergar se isso é apenas cenário ou outro necromorfo pronto para o ataque. Além disso, o título ainda abusa do gore e violência, com monstros que vão se descamando a medida que sofrem danos e expondo ossos e órgãos, sangue jorrando por toda a tela e jamais aliviando nesse aspecto, aumentando ainda toda a tensão visual possível.

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Dead Space já era um jogo de abusar dos efeitos sonoros para criar tensão e medo, além de complementar a ambientação. Agora, no remake, com a modernização de diversos sons e até mesmo as batidas do coração de Isaac quando em alerta ou combate ajudam a deixar esse ambiente ainda mais apavorante. A criação da tensão sempre acontece primeiramente pelo que o jogador escuta, tanto que vários dos sustos são mais comuns por isso e não pelo que se vê/não vê. Inclusive, recomendo fortemente o uso de um bom fone de ouvido, mesmo que isso possa te trazer algumas palpitações a mais no coração.

A USG Ishimura nunca foi tão bela e pavorosa ao mesmo tempo, repleta de sangue e vísceras, moderna e ainda assim robusta para sua época. O banho tecnológico e visual deixa tudo isso mais nítido ao jogador e não mais com texturas lavadas ou efeitos já datados. Modos de jogo para resolução 4k ou com foco em 60fps dão a escolha de como o jogador pode aproveitar, mas particularmente recomendo com a maior taxa de quadros. O trabalho da Motive Studios na parte técnica e visual é sublime, com ótimo sistema de iluminação e efeitos sonoros como já comentado, mas também em modelos de personagens, qualidade de cenário e muito mais. O único porém que coloco aqui é o que parece ser um bug ou oscilação na resolução que acontece quando se usa o trem para locomover dentro da nave e também em algumas cutscenes, em que fica nítido a queda brusca da resolução para o que pode ser 720p. Isso só aconteceu nesses momentos específicos e jamais durante as parte de gameplay.

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A campanha agora tem uma duração maior quando comparado ao original, cerca de 14 horas no remake e 10 no original. Além disso, já há o modo new game + desde o lançamento e outros fatores que impulsionam uma segunda jogada, como a busca por um final alternativo ou pelos troféus mais difíceis. Considerando a qualidade de todo o material, o potencial de conteúdo para mais de 30 horas caso queira completar tudo e as novidades adicionadas, temos um trabalho bastante competente pela desenvolvedora em quantidade e qualidade dentro do jogo.

O ressurgimento de Dead Space acontece de forma especial e com um trabalho de exímia qualidade. Se você encontrar algum problema aqui, provavelmente vai ver o mesmo no jogo original, como por exemplo o fato da narrativa às vezes usar da fórmula “a princesa está em outro castelo”, fazendo o jogador dar algumas voltas que parecem sem muita necessidade, ou em alguns encontros de chefes, mais especificamente o último. Apesar de ainda existirem aqui assim como no original, não creio que algo disso atrapalha a experiência como um todo. De toda forma, a dedicação ao material original e a modernização do mesmo acontecem em paralelo e sem que um se sobressaia ao outro, entregando talvez o que possa ser a melhor obra da Motive Studios até o momento.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Electronic Arts.

Veredito

Dead Space marca o retorno triunfal de uma franquia que não merecia o fim que teve anos atrás. Visual renovado, level design aperfeiçoado, novidades interessantes, uso perfeito das técnicas de som e iluminação, junto da mesma sensação de terror espacial de antes entregam um dos melhores survival horror de todos os tempos.

95

Dead Space (Remake)

Fabricante: Motive Studios

Plataforma: PS5

Gênero: Survival Horror

Distribuidora: EA

Lançamento: 27/01/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Dead Space marks the triumphant return of a franchise that didn’t deserve the end it had years ago. Revamped visuals, improved level design, interesting new features, perfect use of sound and lighting techniques, along with the same sense of space horror as before – all of this delivers one of the best survival horror ever.

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Dead Space marks the triumphant return of a franchise that didn’t deserve the end it had years ago. Revamped visuals, improved level design, interesting new features, perfect use of sound and lighting techniques, along with the same sense of space horror as before – all of this delivers one of the best survival horror ever.

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