Crash Bandicoot 4: It’s About Time – Review

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Crash Bandicoot ressurgiu das cinzas nesta geração. Isso é completamente inegável. Depois de vários anos com jogos medianos, tivemos os remakes (ou remasters dependendo de como você quiser classificar) da trilogia original do PlayStation. Na ocasião, a trilogia foi trazida de volta de uma forma surpreendente, mostrando que Crash podia agradar ainda tanto os fãs de longa data como conquistar novos. Apesar de não ser do gênero plataforma, Crash Team Racing: Nitro-Fueled seguiu o mesmo caminho, trazendo um conteúdo bastante vasto que ia muito além do original de PS1.

Com toda essa nostalgia trazida à tona, o desejo por um jogo completamente novo se tornava real. Sabendo disso e aproveitando o momento, a Activision colocou nas mãos da Toys for Bob (em parceria com a Beenox e Activision Shangai) a missão de fazer um jogo completamente inédito de Crash. Não era uma missão fácil, mas a desenvolvedora conseguiu nos entregar algo especial.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Ignorando a existência de todos os outros Crash que saíram após a trilogia original, Crash Bandicoot 4: It’s About Time é uma sequência direta dos clássicos. Dito isso, recomendo fortemente que jogue a trilogia antes de se aventurar aqui. O motivo? Crash Bandicoot 4: It’s About Time é insanamente difícil.

Amo jogos de plataforma. É facilmente um dos meus gêneros favoritos. Gosto de praticamente tudo que é feito no gênero, principalmente aqueles que são com uma pegada mais 3D. Tenho experiência no gênero há mais de 20 anos, seja com Super Mario 64 lá na década de 90 ou com o recente Fall Guys, cuja platina conquistei recentemente. O que quero dizer com esse parágrafo é que mesmo você, expert em jogos de plataforma, vai penar muito com Crash Bandicoot 4.

Entenda: terminar a campanha não é impossível. O jogo possui um modo Moderno que basicamente possui vidas infinitas (o modo Clássico fornece o jeito normal, mas considerando que as frutas Wumpas são abundantes, você sempre terá inúmeras vidas também), então basta ter paciência que a fase vai ser concluída uma hora ou outra. Mas sabemos que Crash não é só isso. Se as fases por si só já são difíceis de serem finalizadas, a busca pelo 100% (ou até mesmo o 106% que existe agora) é simplesmente surreal. Será uma platina de respeito.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Pessoalmente, gostei bastante que o jogo está difícil. Os títulos de ação e plataforma não estavam apresentando muitas dificuldades (como o recente New Super Lucky’s Tale, por exemplo), então algo desafiador é muito bem-vindo. Mas eu entendo o outro lado. Pegando a minha esposa, por exemplo, que ama Crash (ela platinou Crash Bandicoot: Warped e finalizou os outros dois jogos da coletânea), é triste vê-la se frustrando e até mesmo desistindo de jogar por conta da dificuldade bastante elevada.

Espero que você entenda meu ponto: o jogo está realmente difícil. Mas não são todas as pessoas que possuem anos de experiência em jogos de plataforma ou que gostam de desafios absurdos. Se você se irrita fácil ou não se considera um exímio jogador nesse gênero, peço que, neste caso, reconsidere investir em Crash 4. A frustração será inevitável, principalmente se você buscar o troféu de platina.

Uma coisa, porém, e que considero um ponto negativo em qualquer cenário: as fases são muito longas. Existem fases que possuem cerca de 300 caixas nelas. Chega a ser desanimador jogar uma mesma fase pela primeira vez por cerca de uma hora. Os desenvolvedores podiam ter separado as fases e duplicado o seu número. Além de tornar as coisas menos exaustivas, ajudaria a nivelar a dificuldade discutida até então.

A dificuldade era um ponto que precisava destacar nesta análise. Passado isso, podemos destrinchar os outros elementos.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Crash Bandicoot 4 possui um gameplay muito similar aos clássicos. Você anda, deve destruir caixas, coletar Wumpas e pegar as Joias – tudo isso enquanto evita morrer. As caixas continuam sendo as mesmas de sempre: as básicas com Wumpas nelas, a TNT que explode em três segundos e a de Nitro que detona se encostar nela. Uma caixa nova é uma que possui chamas ao seu redor, mas nada muito diferente – basta girar quando as chamas não estão presentes.

As mecânicas básicas são as mesmas: X pula (sendo que o pulo duplo está disponível desde o início), O desliza e se pular em seguida gera um pulo maior e quadrado gira para atacar. Até aí, tudo igual. A principal novidade está no que acontece com o triângulo (ou R2): as máscaras quânticas.

Durante a jornada, Crash e Coco encontrarão as tais máscaras quânticas. Ao usá-las em partes pré-determinadas das fases, você pode ativar mecânicas criadas especialmente para cada uma delas. No total, são quatro:

• Lani-Loli: ao pressionar R2, determinados objetos se tornam sólidos ou não. Ou seja, por exemplo, uma caixa pode ser destruída normalmente, enquanto que outra está em “outra fase” (outra dimensão). Aperte R2 e a caixa anterior se torna sólida, enquanto que a que podia ser pega agora se encontra “invisível”. As mecânicas que envolvem essa máscara costumam ser mais relacionadas a plataformas e paredes que se tornam sólidas ao apertar R2;

• Akano: ao apertar R2, Crash girará sem parar até que você aperte o botão novamente. No ar, Crash plana facilmente com essa mecânica, possibilitando acessar áreas mais distantes;

• Kupuna-Wa: máscara do tempo. Com ela, você pode pausar todo o mundo ao seu redor. Ações como caminhar em caixas de Nitro (que explodem ao encostá-las) se torna possível. Mas o tempo fica paralisado por cerca de cinco segundos apenas, sendo que há um delay de um ou dois segundos para ativar a mecânica novamente;

• Ika-Ika: máscara da gravidade. Com ela, Crash pode andar pelo teto, literalmente. É possível ativar e desativar enquanto estiver no ar. Por conta disso, é possível fazer ações como um “pulo gigantesco” – basta inverter a gravidade e depois voltá-la ao normal.

Todas as máscaras possuem um gameplay bastante interessante e que trazem um ar de novidade à série. Porém, como dito, elas só ficam disponíveis em seções específicas, então são usadas em momentos que os desenvolvedores criaram especificamente para elas.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

As máscaras nos levam a outro ponto de Crash Bandicoot 4: a história. Nos jogos anteriores, esse nunca foi um aspecto muito explorado. Aqui, por outro lado, há um número considerável de cutscenes. Digo que elas acontecem na medida certa: não são exageradas e apenas são exibidas quando fazem sentido.  Além disso, muitas delas farão você sorrir de vez em quando (principalmente os créditos finais).

O enredo básico é que a fuga de Neo Cortex e N.Tropy de sua prisão no passado causa fendas dimensionais de espaço e tempo. Isso leva os nossos heróis, Crash e Coco, juntamente com as máscaras quânticas, a investigar essas fendas e impedir os dois vilões de tentarem dominar o multiverso.

Nessa jornada, Crash e Coco não são os únicos jogáveis (ambos possuem o mesmo gameplay, aliás). Você encontrará Tanwa, Dingodile e até o próprio Neo Cortex – todos jogáveis. Basicamente, em cada mundo há uma fase opcional para cada um desses personagens.

A principal diferença no gameplay de Tanwa é o seu gancho. Com essa ferramenta, ela pode usar uma corda e destruir caixas que estão longe ou usar para chegar em locais distantes. Dingodile usa uma espécie de aspirador para destruir caixas, pegar TNTs e lançá-los longe e até planar por alguns instantes. Já Cortex usa sua arma para transformar os inimigos em plataformas, sendo que o botão O pode ser usado como uma forma de dash aéreo do personagem.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

É aqui, porém, que vem um ponto negativo: apesar de serem fases pensadas para esses personagens, no meio do caminho elas se tornam o mesmo nível que você já jogou antes com Crash ou Coco, com algumas leves mudanças (como mais caixas TNT, por exemplo). Totalmente desnecessário.

No total, Crash Bandicoot 4 possui 25 fases para Crash e Coco. Se levarmos em conta as fases dos outros personagens, o número sobe para 38. Com os chefes, temos 43. Aliás, os chefes são algo que bizarramente vão contra ao nível de dificuldade elevado citado no início desta análise. Além de serem até mais fáceis do que os que temos na trilogia original, mas mais divertidos de serem derrotados, os checkpoints são muito abundantes – basicamente, há um checkpoint a cada dano que você causa no chefe. Dito isso, não importa o quão difícil seja a batalha, o processo de tentativa e erro é extremamente rápido.

Todas essas fases, incluindo os chefes, precisam ser concluídas no modo N.Verted para o 100%. Esse modo, que conta com um estilo gráfico diferente, seria uma espécie de “Mirror”. É a mesma fase, mas invertida. Você precisa jogar tudo nesse modo se deseja o 100%.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Seja no N.Verted ou no modo normal, todas as fases possuem as Joias Claras. Há um total de seis por fase: três são pegas pela quantidade de Wumpas coletadas, uma se você pegou todas as caixas, outra se morreu menos de três vezes e a última é que está escondida. As Joias Claras abrem inúmeras skins para Crash e Coco, o que torna a busca por elas mais interessante.

Mas os colecionáveis não param por aí. Para quem já é veterano da série, sabe que existem as corridas contra o tempo. E aqui a relíquia de ouro não será o suficiente para o troféu de platina da PSN – você precisará de todas as relíquias de platina também. É uma tarefa bastante ádua. Acredite.

Há outros dois itens novos. O primeiro é a Relíquia Insanamente Perfeita. Para obtê-la, você precisa terminar as fases sem morrer e com todas as Joias Claras (exceto a escondida). Ou seja, mais um desafio além de todos os outros. Por fim, há a fita VHS escondida em algumas fases. Para coletá-la, é necessário chegar até ela sem ter morrido. É algo que acaba vindo natural considerando os outros desafios.

Essa fita VHS libera os desafios flashback. São fases curtas, mas desafiadoras, que você precisa pegar todas as caixas. A ideia dessas fases é que foi o “treinamento” de Crash nas mãos de Neo Cortex.

Crash Bandicoot 4: It's About Time

Crash Bandicoot 4 possui três modos multiplayer. O primeiro, chamado de Pass N. Play, é ativado na própria campanha single-player. A ideia é seguir o que você faz se tem um parente ou amigo em casa: após jogar até tal ponto, passa o controle para a outra pessoa. A ideia, portanto, é simplesmente que o jogo cuide disso para você, avisando para que passe o controle a outra pessoa. É interessante, mas que num contexto geral não adiciona muita coisa.

Já a Batalha Bandicoot é acessada no menu principal e pode ser jogada nas 25 fases de Crash ou Coco. Existem dois modos distintos: Corrida ao Ponto de Controle e Combo de Caixa. No primeiro, você deve simplesmente chegar ao próximo checkpoint da fase o mais rápido possível. Já no outro modo, seu objetivo é pegar o maior número de caixas mantendo um combo entre elas. Em ambos os modos, ao chegar no checkpoint, o jogo automaticamente troca de jogador. Ou seja, tanto o Pass N. Play quanto os dois modos citados aqui são jogados com um único controle. É um multiplayer, mas com apenas um controle.

Por fim, Crash Bandicoot 4 possui um ótimo estilo gráfico (talvez os mais puristas achem estranho, mas pessoalmente aprovei) e, ao menos no PS4 Pro, não tive problemas com taxa de quadros por segundo. A dublagem em português do Brasil também é muito boa. Some isso a todos os elogios feitos nesta análise, e você terá um título imperdível. Porém, espero que tenha ficado clara a minha mensagem em relação à dificuldade.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Activision.

Veredito

Crash Bandicoot 4 é insanamente difícil. Isso pode ser um ponto positivo ou negativo, dependendo de sua visão. Porém, as fases são, de modo geral, longas demais, tornando o jogo exaustivo em determinados momentos. Exceto esse ponto e se você não se frustar facilmente com dificuldades elevadas, Crash Bandicoot 4 é um jogo imperdível que possui tanto um ar de nostalgia quanto de novidade.

90

Crash Bandicoot 4: It’s About Time

Fabricante: Toys for Bob / Beenox / Activision Shangai

Plataforma: PS4

Gênero: Ação / Plataforma

Distribuidora: Activision

Lançamento: 02/10/2020

Dublado: Sim

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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[lightweight-accordion title="Veredict"]

Crash Bandicoot 4 is insanely difficult. This can be a positive or negative point, depending on your vision. However, the stages are, in general, too long, making the game exhausting at certain times. Except this and if you are not easily frustrated by high difficulties, Crash Bandicoot 4 is a must have title that has both nostalgia and novelty.

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Crash Bandicoot 4 is insanely difficult. This can be a positive or negative point, depending on your vision. However, the stages are, in general, too long, making the game exhausting at certain times. Except this and if you are not easily frustrated by high difficulties, Crash Bandicoot 4 is a must have title that has both nostalgia and novelty.

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