Jogos da série Burnout trouxeram um diferencial para o cotidiano de pessoas aficcionadas por jogos de corrida. Em Burnout, não basta ser um às no volante. A série concebida pela Criterion Games, conhecida pelos seus belos gráficos, alta velocidade proporcionada, dirigibilidade simples, também instiga os jogadores a serem destruídos enquanto perpassam o tráfego das pistas nos vários eventos presentes em cada edição. A estreia da série no PSP nos convida para isto com um conteúdo rico e que alterna entre as novas investidas da franquia e retornos a alguns elementos de jogos antigos, quando a série ainda imperava nos domínios da já falida empresa Acclaim.
Burnout Legends traz tudo que um jogo de corrida habitual contém, como o Time Attack, por exemplo. O modo campanha do jogo, intitulado World Tour, traz uma série de eventos, provenientes de cinco categorias, em diversas partes situadas no globo, indicadas por um mapa-múndi. O início se dá com a categoria Compact. Vários eventos inclusos nesta categoria são acessados, porém alguns vão sendo destravados conforme o seu sucesso nas pistas. Nestes eventos, seu carro disputará os domínios das pistas com outros três veículos, totalizando quatro veículos suportados, contra seis nas versões de consoles. Para obter sucesso nestes eventos, é necessário terminar, ao menos, em terceiro lugar e conquistar a medalha de bronze, porém, a graça está em conquistar o ouro logicamente e ser recompensado por um lote de destraváveis como novos eventos e veículos.
Aqui há o Crash Mode, que data desde o primeiro Burnout e consiste em causar um número massivo de destruição em meio ao tráfego. No mapa, cada evento do Crash Mode é acessado num lugar à parte, bastando apertar um botão específico do PSP. Porém, o que nos interessa é acerca da destruição enquanto estamos dividindo cada pista, em cada um dos 175 eventos, com diversos corredores.
Fãs de Burnout são fãs de takedowns, em sua maioria. Mesmo no modo corrida, no qual chegar à frente é de suma importância, batidas ocasionais devem, a priori, ser provocadas. Cada jogo da série instiga isto e com Legends não é diferente. Tendo em vista que o sistema de controles é simplificado e funcional no PSP, basta se arriscar em drifts, manter o seu carro algum tempo suspenso no ar, devido a declives na pista, dentre outros artifícios, para aumentar o seu boost e acionar o turbo por meio do botão “R”. Não há aquele efeito blur visto em Burnout Revenge, porém a noção de velocidade aqui existe. Quer aumentar o seu boost de forma considerável? Seja agressivo! Burnout Legends premia isto. Além do incremento temporário na barra de boost, realizar takedows ajudará a ganhar os eventos, estipular recordes, acumular pontos e, por conseqüência, destravar novos carros e novos eventos.
Um charme a mais na realização de takedows externa-se nas maneiras realizáveis destes. Jogar o carro contra a parede configura-se no mais corriqueiro dos atos. Contudo, quando proezas como o Psyche Out, baseado praticamente numa retirada psicológica do veículo rival, são conquistadas, o ego aniquilador de muitos deve se inflar. Gratificante descobrir cada tipo de takedown por si só, sem tutoriais maçantes, e se surpreender. Conseguir takedows seqüenciais, quase que instantaneamente? Conseguir com que o carro adversário seja jogado contra um ônibus, ou contra um táxi, ou, até mesmo, contra um caminhão? Se vingar com estilo daquele veículo traiçoeiro? Desafie-se e se sinta desafiado conforme vai guiando o seu automotor em meio a uma inteligência artificial que obtém um gradual ganho de desempenho e de intenção de confrontos diretos e massivos.
Burnout Legends não é o jogo de corrida mais belo do PSP, todavia contém as suas qualidades, algumas trazidas da própria franquia, quase intactas. Você não se deparará com ricos efeitos de partículas proporcionados pela destruição dos veículos, porém o componente visual que retrata isto ainda está aqui e, num portátil, ainda podendo ser apreciado em diversos ângulos e em câmera lenta, impressiona. Os veículos são bem feitos e as pistas são amplas, cheias de elementos e trazem consigo o tom imersivo dos diversos desafios mundo a fora. Nos deparamos com alguns poucos problemas de carregamento dos cenários, mas a alta velocidade proporcionada, mesmo que pouco equiparada às versões da franquia em consoles de mesa, nos faz relevar parcialmente os defeitos relatados. Mesmo o jogo rodando a 30 quadros por segundo, ele flui de forma satisfatória e é embalado por diversas trilhas sonoras licenciadas primando por estilos como pop-rock, muitas vezes como uma sonoridade agressiva, e que podem ser mudadas a qualquer momento por meio do botão “Select”, ou seja, certamente você vai eleger a sua favorita enquanto corre.
O multiplayer tem suporte para até seis jogadores via ad hoc wireless, porém sofre pela falta de um online. Num portátil,isto é uma perda significativa, porque é o grande chamativo da franquia e não é muito comum conhecer muitas pessoas que têm o portátil para que a diversão, em corridas ou para ver quem consegue mais takedowns, seja plenamente realizada. Contudo, é possível realizar torneios e jogar praticamente todos os modos de jogo que há no single-player.
A série Burnout tem um lugar cativo nos corações dos apreciadores de um bom jogo de corrida. E Legends traz um jogo consistente para um portátil, mesmo que inferiorizado se comparada às “versões caseiras”. Quase como uma ode à própria franquia, com elementos dos primeiro Burnouts, como carros clássicos e o Modo Pursuit que faz o seu retorno a fim de trazer perseguição a um veículo transgressor (único momento em que você não transgride nada no transito, porque estar no controle de um carro policial), Burnout Legends convida os jogadores a experimentarem o seu melhor, afinal, quem não vibra com um “takedown revenge”? Uau! E como gostamos disto!
— Resumo —
+ Traz elementos de diversos jogos anteriores da franquia
+ Bons controles
+ Variados takedowns
+ Ótima Inteligência Artificial
+ Belos visuais para um portátil
+ Estímulo total ao destravamento de conteúdos
+ Viciante
– Não há multiplayer online
– Perde em visual, se comparado às versões de consoles