Born of Bread é um simpático e carismático RPG desenvolvido pela WildArts Studio e distribuído pela Dear Villagers. Trazendo uma forte inspiração de Paper Mario, temos aqui um game que num primeiro momento pode parecer ser simples, mas que brilha em tudo aquilo que se propõe e diverte do começo ao fim.
A história de Born of Bread tem seu início a partir de uma escavação na qual um grupo de professores acabam despertando uma antiga civilização conhecida com Embers. A partir daí somos apresentados ao Papa Baker, um padeiro que trabalha na cozinha do castelo de Royal Town. Após preparar um pãozinho seguindo as instruções de um livro de receitas, ele acaba criando Loaf, um pequeno golem de farinha e totalmente gluten free. Imediatamente o castelo é atacado por Jester e seus comparsas que estão em busca dos pedaços da Sunstone, uma pedra preciosa que pertencia ao reino dos Embers. No meio da confusão, nosso protagonista é arremessado para longe, indo parar numa floresta onde encontra o guaxinim Lint. Juntos eles voltam para o castelo apenas para descobrirem que Papa Baker foi acusado de criar monstros e de fazer parte do grupo de Jester. Para provar sua inocência, Loaf e Lint partem em uma jornada em busca dos pedaços da Sunstone para que possam impedir os planos de Jester.
Viajando pelos mais diferentes lugares, nossos heróis irão encontrar diversos NPCs e novos companheiros para se juntar à party. O elenco de Born of Bread é bastante diversificado e responsável por grande parte da diversão do game. Cada um deles tem características próprias e jornadas pessoais que contarão com a ajuda de Loaf para serem concluídas. Sem falar que todos eles são inspirados por elementos da nossa cultura pop. Yagi, por exemplo, é claramente influenciado pelos shonens, especialmente Naruto e Dragon Ball. Enquanto Chloe bebe direto da fonte de Sherlock Holmes. Essas influências não só estão presentes nos personagens como também na construção do mundo e dos locais onde eles são encontrados. Voltando ao exemplo de Yagi, junto dele teremos também um arco de um torneio de artes marciais.
Um outro personagem que merece destaque é o pequeno Dub, um filhote de dragão responsável por salvar nosso progresso. Trajado como um bom trovador, Dub realiza a gravação de uma maneira um tanto diferente: usando um laptop. Ele também faz streams dos nossos combates, onde os espectadores reagem, dão sugestões de ações a serem realizadas e, se concluídas, geram pequenas recompensas.
O combate de Born of Bread segue o tradicional RPG em turnos. Podemos ver os inimigos no mapa e decidir se iremos travar uma batalha. É possível tentar enganar o inimigo e atacá-lo por trás, dando vantagem no início do combate. Já na arena onde as lutas acontecem, temos um menu com opções de ataque, defesa, item, especial e fugir. Cada um dos ataques possui um pequeno QTE que varia de acordo com seu tipo de arma, por exemplo: flechas terão um pequeno círculo para mirar, as magias são lançadas ao apertar uma sequência de botões e o martelo demanda apenas que acertemos o timing de pressionar o botão X.
Apesar de parecer simples, o combate de Born of Bread possui diversos elementos estratégicos. Loaf e seus amigos além de terem a famosa barra de HP, também possuem as barras de Will Points e Resolve Points que serão consumidos ao usarem determinados ataques e habilidades especiais. Inimigos são vulneráveis não só a tipos de armas como também a elementos. Usar os golpes certos farão com que eles sofram ainda mais dano e acabem mais rapidamente com a batalha. Ainda sobre os ataques, é possível adquirir novos golpes de duas maneiras: com Loaf basta encontrar novas armas e colocá-las na mochila. A parte estratégica fica por conta do espaço limitado, onde para fazer com que todas caibam, será necessário “brincar” um pouco de tetris e também realizar upgrades. Já para os outros membros da party, será necessário conseguir skill points para desbloquear os novos ataques. Além das armas também é possível ter equipamentos que ajudam e muito durante a gameplay.
A ideia dos QTEs também está presente ao receber dano. Parecido com algo já visto em Mario & Luigi Saga, no momento em que um inimigo ataca é possível pressionar o botão X no timing certo para diminuir o dano levado e, no caso de estar usando o comando de defesa, não só conseguir zerar esse dano, como também recuperar will points.
Como já dito, para adquirir novos ataques para nossa party, será necessário gastar Skill Points, mas para consegui-los teremos de ajudar uma estranha figura a encontrar suas salamandras perdidas. Elas estão espalhadas por todos os locais do game, alguns bem óbvios, enquanto outros irão exigir uma alma de explorador por parte dos jogadores.
E falando sobre exploração, Born of Bread traz um mundo muito rico em detalhes e, acima de tudo, divertido de visitar e explorar todos os cantos possíveis. Prepare-se para visitar lugares que vão desde florestas a até templos de monges e casas assombradas. Algumas áreas só serão acessíveis após expandirmos nosso time, uma vez que cada um dos integrantes possui uma habilidade exclusiva para auxiliar durante a exploração. Lint pode cavar montes de terra, Yagi usa a meditação para gerar plataformas e Chloe arremessa sua lanterna em locais que podem queimar. Revisar as primeiras áreas do game após ganhar um novo integrante acaba sendo viciante e estimula ainda mais o fator replay, já que também será possível resolver pequenos puzzles e encontrar novas sidequests ao refazer essas visitas.
Em um game onde não há voice acting, a trilha sonora acaba desempenhando um papel ainda mais importante. Felizmente as músicas de Born of Bread são excelentes e casam muito bem com todos os cenários presentes no game. Um destaque especial para a trilha das minas que carrega um ar misterioso e te deixa ainda com mais vontade de revirar cada cantinho daquele lugar.
Durante minha jogatina não tive problemas com o game, exceto por pequenos flickers de tela em locais muito apertados, mas nada que atrapalhasse a experiência. Algo que tornaria a exploração mais confortável seria a presença de um botão para alternar nosso integrante da party. Isso porque toda vez que estamos em um cenário e encontramos um local que requer uma interação especial, é necessário abrir o menu e mudar o integrante da party para poder usar a habilidade especial do mesmo, já que junto de Loaf só podemos ter um companheiro por vez. Em alguns momentos isso pode ser bastante cansativo, uma vez que teremos de ficar trocando os bonecos a todo momento.
Algo que senti bastante falta foi da localização para nosso idioma. Para um game que se inspira em tantos elementos da cultura pop e que sempre que possível traz os mais variados trocadilhos em seu texto, a falta da localização pode acabar por afastar alguns jogadores. Seria interessante ver expressões como “egg-celent” traduzidas como “ovocelente”, fãs de Apenas um Show irão entender a referência.
Born of Bread é um daqueles games que merecem atenção, sendo um prato cheio para fãs de Paper Mario ou do gênero. Um dos seus grandes pontos positivos está justamente na simplicidade e leveza com que consegue trazer todos os elementos de um bom RPG, além de um mundo divertido e prazeroso de se explorar. Seu visual cartunesco traz um brilho a mais junto de uma jornada do herói recheada de referências a cultura pop que arrancam boas risadas do jogador. Uma agradável surpresa para darmos início ao último mês de lançamentos do ano.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Dear Villagers.
Veredito
Born of Bread é uma das maiores surpresas do ano. Um RPG inicialmente simples, mas que cativa a cada nova missão e integrante que encontramos. Além dos visuais fortemente inspirados em Paper Mario, o game traz uma leveza que há tempos não encontrava em um título do gênero. Divertido, com uma exploração deliciosa, combate que funciona, uma trilha sonora excelente e cheio de referências a cultura pop, Born of Bread é um game que merece atenção e que cumpre com seu principal objetivo: entreter e, ao final do dia, nos deixar com um sorriso no rosto.
Born of Bread is one of the biggest surprises of the year. An initially simple RPG, but one that captivates with each new mission and companion we encounter. In addition to the visuals heavily inspired by Paper Mario, the game brings a lightness that I haven’t found in a title of this genre for some time. Fun, with delicious exploration, combat that works, an excellent soundtrack and full of pop culture references, Born of Bread is a game that deserves attention and that fulfills its main objective: to entertain and, at the end of the day, leave us with a smile on his face.
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