Battlefield 1

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A Primeira Guerra Mundial foi amplamente explorada em universos como a literatura, que nos deixou obras como Nada de Novo no Front (1929), de Erich Maria Remarque, e Adeus às Armas (1929), de Ernest Hemingway. O cinema também nos legou clássicos como Glória Feita de Sangue (1957), de Stanley Kubrick, e Sem Novidade no Front (1930), de Lewis Milestone, baseado no livro de Remarque, que abocanhou os Oscars de melhor filme e de melhor diretor.

Por ter sido uma guerra ainda de certa forma rústica, com muito combate corpo a corpo, em trincheiras, com cavalos, sabres, a indústria de games parece de maneira geral ignorar esse momento histórico tão emblemático, talvez por achar que o público teria pouco interesse em algo a princípio tão retrógado.

Pois a DICE resolveu remar contra essa enxurrada de jogos futurísticos com robôs, armas a laser e espaçonaves, e nos brindou com uma das experiências mais imersivas já retratadas no universo dos games. Battlefield 1 é um dos raros jogos em que a morte é retratada de forma dura, com pesar, e não com o prazer e a paixão que costumam encher de orgulho as falas dos combatentes ao aniquilar um ou vários inimigos, como estamos acostumados a vivenciar em outros games. A atmosfera lúgubre é intensificada com a paleta de cores mornas e frias. Mesmo em cenários com muita grama e sol a pino, as cores não são vibrantes. A mensagem antiguerra permeia todo o jogo, buscando em vários momentos comover o jogador com a violência tanto física quanto psicológica, deixando o tom pacifista latente entre os combates cheios de sangue, fogo, lama e dor.

A campanha de Battlefield 1 se divide em cinco histórias, podendo ser jogadas na ordem que for preferível. São histórias relativamente curtas — cada uma delas leva em torno de uma a duas horas para ser finalizada. Por outro lado, a curta duração é compensada pela intensidade não só dos combates, mas também dos personagens e suas histórias de vida, cada um com seus próprios dramas.

São retratados alguns dos mais intensos combates ocorridos durante a Primeira Guerra. A Batalha de Cambrai, na França, uma das primeiras vezes em que tanques foram utilizados em larga escala, é talvez a mais cruel e visceral representada em Battlefield 1. A Campanha de Galípoli é outro momento reproduzido no jogo, no qual o Império Britânico, representado pelos australianos, com sua enorme frota naval, lutou contra o Império Otomano, adentrando o Estreito de Dardanelos, na Turquia.

O jogador também encarna um arrogante e pretenso aviador americano na Força Aérea Real Britânica, a RAF, lutando bravamente pelos céus da França até Londres, quando o Império Alemão invadiu o território britânico com seus imensos zepelins. A Batalha no Monte Grappa representa de maneira envolvente a relação entre dois irmãos lutando pelo exército italiano contra o Império Austro-Húngaro.

A figura histórica do então jovem T. E. Lawrence, eternizado nas telas do cinema por Peter O’Toole no vencedor de sete Oscars Lawrence da Arábia (1962), é retratada combatendo o Império Otomano na região da Mesopotâmia. O jogo ainda deixa o gosto amargo da “ajuda” proporcionada pelo Império Britânico e pela França na luta pela independência dos povos árabes contra a opressão dos otomanos, quando britânicos e franceses não cumpriram o acordo de independência, ficando com as terras e consequentemente com todo o petróleo debaixo delas.

O fato do jogo não focar em uma jornada de um único soldado se mostra ainda mais favorável na variedade de cenários e, principalmente, no gameplay. Pilotar tanques atravessando florestas densas e cheias de neblina; voar sobre os Alpes na França e sobre Londres; subir as montanhas verdes da Itália portando uma imensa metralhadora, protegido por uma armadura praticamente impenetrável; desembarcar de um encouraçado no litoral da Turquia, em uma batalha praticamente perdida antes mesmo de sequer ter começado; ou cavalgar sobre as areias do deserto árabe, buscando destruir um trem do exército turco, uma verdadeira máquina de guerra. Esses são alguns dos momentos que garantem uma experiência marcante e, sem dúvidas, superior a qualquer campanha na série desde Battlefield 3.

Porém, apesar da ótima campanha, não é nenhuma novidade que o foco de Battlefield sempre foi seu multiplayer. O modo Conquest continua sendo o carro chefe, com seus mapas imensos e veículos variados, tanto aéreos, terrestres ou aquáticos, garantindo combate intenso do início ao fim da partida. Team Deathmatch e Domination também estão de volta. O primeiro, lógico, é o clássico mata-mata em close quarters. O segundo é basicamente uma versão reduzida de Conquest. Outro modo já clássico é o Rush, no qual se deve avançar no território inimigo desativando estações de telégrafos, enquanto a outra equipe tenta defender a área.

Dois novos modos também foram incluídos. Em Operations, um time deve capturar as bases inimigas e avançar no território. Ou seja, é basicamente a união dos modos Conquest e Rush. O diferencial fica por conta de cutscenes apresentadas entre uma rodada e outra, contando um pouco da história real dessas batalhas. Inclusive, dependendo do resultado da partida, ocasionando um desfecho diferente daquele que realmente se deu na Primeira Guerra, a narração deixa no ar a questão: “E se realmente tivesse acontecido dessa forma?”. Além disso, ao olhar para o horizonte, é possível ver ao longe a área onde ocorreu o combate da rodada anterior, interligando as batalhas em um conflito maior, aumentando ainda mais sensação de estar participando de uma guerra. Essas partidas podem levar facilmente mais de uma hora, deixando Operations praticamente com cara de um modo campanha à parte.

O outro modo adicionado é War Pigeon, que consiste em capturar um pombo localizado em um determinado lugar do mapa, escrever uma mensagem e liberá-lo. Enquanto estiver em poder do pombo, uma barra indicando o progresso da mensagem aparece na tela. Os mapas têm o mesmo tamanho que em Domination e Team Deathmatch. Mas o fato de ter um objetivo que se movimenta pelo mapa torna esse modo consideravelmente mais dinâmico.

A Primeira Guerra foi palco propício para que ocorresse um grande salto na indústria bélica, com produção em massa de armamentos e munição, além de novas máquinas, especialmente os tanques. Um deles foi o britânico Mark V, vindo de uma linhagem de tanques Mark, conhecidos pelo alto nível de destruição que causavam. Também está presente o A7V, primeiro e único tanque alemão a ser utilizado na Primeira Guerra, que compensava o seu relativo poder de destruição com uma blindagem que o tornava quase indestrutível. Todas as armas de fogo, tanto rifles como o Lee-Enfield, pistolas como a Colt 1911, ou metralhadoras como a MP18, apenas para citar alguns exemplos, são fielmente reproduzidas. E como é de se esperar, são todas armas pouco precisas, difíceis de controlar a mira e lentas de serem recarregadas. Em suma, pouco confiáveis. A rusticidade no manuseio dessas armas se torna ainda mais evidente pelo fato de não haver nenhum upgrade que auxilie na estabilidade da mira, como grips, por exemplo. Somados, esses fatores dão um toque especial ao gameplay, garantindo um charme único ao jogo.

Ainda em relação ao combate, as armas melee receberam especial atenção em Battlefield 1. Aniquilar um inimigo usando uma maça é rápido e silencioso, tanto quanto usar a baioneta é cruel, ou eliminar um oponente com um sabre pode ser estiloso, ainda mais se montado em um cavalo.

As classes disponíveis em Battlefield 1 sofreram algumas alterações em relação a série, mas nada drástico. A classe de Engenheiro é agora chamada de Assalto, porém, continua sendo o especialista em explosivos. Já o Médico é quem substitui a antiga classe de Assalto, ficando assim com um nome mais propício à sua especialidade, reviver e curar aliados. As classes de Suporte e Batedor continuam iguais como sempre foram: o primeiro carrega pacotes de munição extra, enquanto o segundo é equipado com uma sniper.

Historicamente, a série Battlefield sempre foi referência no quesito gráfico. E com Battlefield 1 não poderia ser diferente. O visual como um todo é estonteante, com direito a detalhes como, por exemplo, ao se deitar em um terreno úmido, a arma ficar toda coberta de lama. Ou ainda, caso comece a chover durante a partida, é possível ver as pequenas gotas de chuva caindo e escorrendo sobre o metal da arma.

O som também sempre foi outro quesito técnico muito levado em conta nos jogos da DICE. O som dos tiros, das cápsulas rolando pelo chão, das explosões ao longe, dos aviões combatendo, das esteiras dos tanques, dos soldados gritando, agonizando até a morte, são de uma intensidade e imersão sem igual no mundo dos jogos.

A destruição de cenários também ganhou nova vida em Battlefield 1. Apesar da ausência do Levolution de Battlefield 4, em que os mapas podiam mudar drasticamente no decorrer da partida, agora é possível destruir praticamente tudo que surge pelo caminho. Ao contrário do que acontecia nos jogos anteriores da série, com a maioria das construções ainda de pé depois de bombardeadas, mesmo sem as paredes, em Battlefield 1 tanto casas quanto fortificações podem facilmente vir abaixo, seja derrubando-as com explosivos ou com o impacto direto de veículos pesados, como tanques.

Felizmente, a EA parece ter ouvido as críticas com relação à dublagem dos últimos dois jogos da série Battlefield, especialmente Hardline, lançado em 2015. Dessa vez não houve inclusão de nenhuma celebridade sem a menor aptidão para a dublagem. Por outro lado, isso não significa que o resultado tenha sido ótimo. Como um todo, a dublagem em português é sim superior se comparada aos últimos jogos da série, mas está longe de ser perfeita. No modo campanha, por exigir uma maior emoção em suas interpretações, há uma evidente falta de sentimento dos atores escalados. Já no multiplayer, como há muita coisa acontecendo, bombas explodindo, aviões caindo, tiros disparados a todo instante, ou seja, a atenção do jogador fica dispersa em meio ao caos, o resultado acaba sendo satisfatório.

Veredito

Apresentando uma campanha dividida em cinco emocionantes histórias, com visuais estonteantes, design de som altamente imersivo, cenários mais destrutíveis do que nunca em toda a série, e o multiplayer não menos que espetacular, com mapas imensos e modos de jogo viciantes, Battlefield 1 pode até não reinventar o gênero, mas por acertar em todos os elementos fundamentais que garantem uma experiência sólida, é sem dúvidas o melhor jogo de tiro lançado nos últimos anos.

Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.

Veredito

98

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Featuring a campaign divided into five thrilling stories driven by stunning visuals, immersive sound design, more destructible than ever scenarios, and a not less than spectacular multiplayer with immense maps and addictive game modes, Battlefield 1 probably didn’t reinvent the whole genre, but by making right all the fundamental elements that guarantee a solid experience, it is without a doubt the best shooting game released in recent years.

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Featuring a campaign divided into five thrilling stories driven by stunning visuals, immersive sound design, more destructible than ever scenarios, and a not less than spectacular multiplayer with immense maps and addictive game modes, Battlefield 1 probably didn’t reinvent the whole genre, but by making right all the fundamental elements that guarantee a solid experience, it is without a doubt the best shooting game released in recent years.

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