Banner of the Maid – Review

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Ficção histórica é um gênero amplamente subestimado. Muito mais comum na literatura do que nos videogames (se desconsiderarmos os milhões de shooters da Segunda Guerra Mundial, que realmente não se aplicam ao conceito), há algo de especial em reimaginar eventos históricos com certos toques de ficção e magia, tornando-os ainda mais impactantes.

É claro, muito do apelo do gênero vem do leitor/jogador conhecer os eventos históricos que inspiraram aquela obra. Há uma certa necessidade de se estar familiarizado o suficiente para não só entender a narrativa, mas conseguir observar as mudanças incorporadas e as inspirações por trás dela.

O apelo por trás desse tipo de narrativa é o motivo pelo qual franquias como Assassin’s Creed se tornaram tão populares e o porquê do uso de figuras históricas é tão importante neles. Entregando momentos narrativos e de combate tão memoráveis quanto os encontros com figuras como Leonardo Da Vinci, George Washington, Barba Negra, Karl Marx, Cleópatra e Sócrates.

Banner of the Maid

Banner of the Maid, novo SRPG desenvolvido pela Azure Flame Studio e publicado pela CE-Asia, é um ótimo exemplo de como fazer um jogo de ficção histórica. Ambientado durante a Revolução Francesa no final do século XVIII e ancorado por uma das figuras mais conhecidas de toda a humanidade em Napoleão Bonaparte.

E, por mais interessante que seja ver desenvolvedores ocidentais reimaginando a Revolução Francesa (vide o próprio Assassin’s Creed: Unity), mas há algo de ainda melhor em ver uma desenvolvedora chinesa fazer isso. Afinal, ver figuras tradicionalmente vistas com tanta imponência como Napoleão, Robespierre, Louis XVI, Marie Antoinette, o Marquês de Lafayette e tantos outros (e outras) reimaginadas como personagens de anime e falando chinês (com legendas em inglês) é um tanto quanto curioso.

Mas, ao contrário do que se pode imaginar, Banner of the Maid não se foca em recontar os eventos da Revolução Francesa precisamente, o jogo reimagina essa história. Ao contrário, ele trás uma uma série de novos elementos para os conhecidos eventos, estabelecendo uma linha temporal alternativa bem cativante, a começar pela sua curiosa escolha de protagonista: Pauline Bonaparte.

Banner of the Maid

A irmã do famoso imperador francês e esposa de um dos seus principais generais, Charles Leclerc, a existência de Pauline raramente é lembrada, visto que ela não teve um papel tão grande assim nos fatos reais. Ao invés disso, aqui ela é reimaginada como uma comandante do exército francês que se juntou às forças revolucionárias para proteger o povo do seu país e garantir o seu bem-estar.

Pauline é mostrada como sendo uma comandante tão talentosa quanto seu irmão, capaz de liderar todos os tipos de tropas distintas à vitória. Isso se dá graças ao seu intelecto e capacidade de planejar ações militares sempre perfeitas para cada situação, o que acaba fazendo com que o povo francês de a Pauline o título de Maid.

Maids são mulheres com poderes especiais e capazes de motivar e guiar seus companheiros ao sucesso mesmo nas situações mais improváveis, com Pauline sendo compara com uma outra importante figura francesa: a Maid of Orleáns. Se o nome Maid of Toulon não fosse o suficiente, Pauline também recebe uma bandeira para carregar em batalha e sempre tê-la em riste, usada como símbolo para guiar suas tropas ao sucesso.

Banner of the Maid

Se o nome de Maid não fosse o suficiente, a bandeira é o marco definitivo da comparação que o jogo tenta estabelecer: Pauline estaria para esta versão da Revolução Francesa, como Joana D’Arc está para a Guerra dos Cem Anos. É uma decisão narrativa corajosa, mas é uma decisão narrativa que funciona muito bem.

Pauline é uma boa personagem e um bom prisma através do qual se observar os acontecimentos da Revolução Francesa. O jogo faz um ótimo trabalho em não cair nas armadilhas de só pintar a nobreza francesa como vilões de cara, estabelecendo uma série de linhas que explicam as motivações de cada um dos vários personagens atuantes no conjunto da obra.

Ainda assim, ele não faz o suficiente para te explicar e apresentar aqueles personagens, o que faz com que a história funcione melhor se você já tem o conhecimento prévio sobre o que aconteceu realmente durante a Revolução Francesa (ainda que o mínimo de lembrança das aulas de história do ensino fundamental/médio talvez já sirvam). Se você é um fã de história ou ficção histórica, Banner of the Maid é um prato cheio e a representação dos personagens aqui tem um carisma único.

Banner of the Maid

Os personagens funcionam e são intrigantes por si mesmos, mas conhecer um pouco das suas contrapartes reais adicionam muito mais a experiência. Ainda assim, a experiência de se ter figuras históricas importantes como aliados de batalha é bem legal adiciona muito a experiência.

Um outro aspecto da Revolução que Banner of the Maid incorpora é o jogo político entre as diferentes facções existentes na França e interessadas no desenrolar dos fatos. Ao longo da história, o jogador poderá escolher entre diferentes opções de fala que lhe darão mais pontos com uma dessas facções, além da possibilidade de realizar missões secundárias que também lhe darão mais pontos com elas.

Ao ir ganhando pontos, o jogador eventualmente subirá de ranking com cada facção (existem cinco ao todo), o que lhe dará acesso a mais itens vendidos nas lojas atreladas aquele grupo. Por exemplo, subir de ranking com os Royalists vai te dar mais opções de itens no Palais de Tuileries, enquanto subir seu nível com os cidadãos parisienses abrirá mais itens na Grocery Store e por aí vai.

Banner of the Maid

É um elemento interessante e dá um pouco mais de peso as suas decisões de diálogo e as missões secundárias, fazendo com que o jogador se sinta mais interessado em completar tudo o que o jogo tem a oferecer. Afinal, todo bom jogador de RPG sabe que ter acesso aos melhores itens é uma parte importante do seu êxito nas batalhas.

Mesmo com as suas outras qualidades, em batalha talvez seja onde Banner of the Maid se sai melhor. Ele segue o tradicional padrão de um RPG de Estratégia, colocando os personagens em um tabuleiro enorme, com cada unidade podendo se movimentar por uma certa quantidade de casas e realizar uma ação, com o jogador e o inimigo podendo mover suas unidades na ordem que desejar durante o seu turno.

Em seu turno, cada personagem pode se mover e então executar uma ação que varia entre atacar, usar itens ou aguardar. Algumas poucas unidades também possuem habilidades que podem ser usadas e utilizam moral, uma barra que vai subindo à medida que o soldado sofre ou causa dano e que também pode ser usada para usar um ataque especial que causa 1.5x o dano normal.

Banner of the Maid

A movimentação pelos mapas é bem intuitiva e existem algumas coisas a serem observadas, como tipos distintos de terreno que atrapalham a movimentação ou dão a unidade ali posicionada alguns bônus, vantagens para certas unidades quando elas atacam de pontos mais altos do mapa e coisas do gênero.

No geral, o combate é bem divertido e funciona bem. Existem alguns pontos interessantes como o fato de quase toda unidade contra-atacar os ataques sofridos de curta distância, algo que é necessário considerar antes de agir. Além disso, como alguns mapas possuem desafios específicos que lhe dão mais recompensas, além de reforços que chegam em meio ao combate e te forçam a reajustar a sua estratégia.

Uma recomendação importante para veteranos do gênero é jogar no General Mode, o equivalente ao Hard. Esse modo é bem parecido com o normal (Officer Mode), com os inimigos sendo um pouco mais fortes e só sendo possível salvar uma vez durante as batalhas. Essa sugestão se dá pelo fato de que os combates no Officer são bem fáceis, com o General realmente oferecendo um desafio mais satisfatório (além de ser necessário para a platina).

Banner of the Maid

As tropas são divididas em tipos distintos, sendo que cada uma possui seus próprios equipamentos, habilidades, vantagens e desvantagens. O jogo possui um rol de classes básicas, sendo necessário sempre ter atenção às suas estatísticas, além da possibilidade de promovê-las para outras classes no nível 15 e acessar a escola militar de Paris para destravar habilidades que melhoram a sua efetividade em combate.

Existem quatro classes básicas na Light Infantry (que usam mosquetes), Heavy Infantry (que usam rifles), Light Cavalry (que usam espadas) e Heavy Cavalry, além de duas classes de suporte, nos Drummers, que usam músicas para curar os aliados e aumentar sua moral, e na Artillery, que usam canhões para derrotar os inimigos de longe, mas não podem contra-atacar de perto.

O jogo conta com uma estrutura em que as classes básicas possuem vantagens umas contras as outras (Light Infantry é melhor contra Light Cavalry que é melhor Heavy Cavalry que é melhor contra Heavy Infantry que é melhor contra Light Infantry), sendo sempre necessário manter isso em mente.

Banner of the Maid

No geral, o combate do jogo é bem satisfatório, ainda mais com os cenários sendo bem vivos, mesmo com a relativa simplicidade gráfica do jogo. Talvez o mais decepcionante sejam as animações mais simples dos ataques, mas ainda assim é fácil de ignorar quando a parte mecânica do combate é tão boa (e a trilha sonora ajuda bastante a manter o jogador no clima).

Mesmo que as animações sejam, em parte, decepcionantes, a arte dos personagens e dos ambientes, em especial nas partes de visual novel através das quais a história é contada, é absolutamente primorosa, entregando alguns dos modelos mais bonitos já vistos nesse tipo de jogo. De certa forma, o jogo parece quase tão talentoso quanto Fate em tornar figuras mortas há séculos estupidamente belas, com o rol de Waifus e Husbandos do jogo sendo extraordinário.

Banner of the Maid

Um outro ponto que precisa ser apontado é que, apesar de contar com uma localização melhorada em relação a versão original de PC, Banner of the Maid ainda conta com algumas frases não tão claras. Além disso, o jogo conta com vários termos em francês para manter o tom da ambientação e, apesar de ser fácil de se entender o seu significado, pode atrapalhar um pouco alguns jogadores.

Banner of the Maid

Ainda assim, Banner of the Maid é um jogo incrivelmente recompensador e divertido, em especial para fãs de SRPG e que também são apaixonados por ficção histórica ou tem interesse em ver ambientações mais criativas em jogos. De certa forma, é impossível não ver algumas similaridades e inspirações em Jeanne D’Arc, o SRPG feito pela Level-5 para PSP, mas o resultado final aqui é tão bom ou até melhor do que esse outro tesouro escondido que também se passa em terras francas.

Jogo analisado no PS4 base com código fornecido pela CE-Asia.

Veredito

Apesar do impacto inicial gerar um pouco de estranheza, Banner of the Maid tem um sucesso bem impressionante no que se propõe a fazer. A Revolução Francesa funciona como pano de fundo para uma ótima história em torno da sua protagonista e os elementos de SRPG são bem divertidos e interessantes ao longo de toda a jornada, fazendo dele um jogo que precisa estar no radar de todos.

85

Banner of the Maid

Fabricante: Azure Flame Studio

Plataforma: PS4

Gênero: RPG / Estratégia

Distribuidora: CE-Asia

Lançamento: 12/08/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive platina)

Comprar na

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Although the initial impact generates a bit of awkwardness, Banner of the Maid has a very impressive success in what it proposes to do. The French Revolution serves as a backdrop for a great story around its protagonist and the elements of SRPG are very fun and interesting throughout the journey, making it a game that needs to be on everyone’s radar.

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Although the initial impact generates a bit of awkwardness, Banner of the Maid has a very impressive success in what it proposes to do. The French Revolution serves as a backdrop for a great story around its protagonist and the elements of SRPG are very fun and interesting throughout the journey, making it a game that needs to be on everyone’s radar.

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