Astronite é um jogo de aventura do subgênero metroidvania no estilo 1-bit, ou seja, um design retrô utilizando apenas das cores preto e branco para seus visuais. Confesso que nunca fui tão fã de jogos com essa pegada antiga (sem ser de fato algum clássico) e são poucos que de fato cheguei a ter em meu console. Com este título foi um pouco diferente e ele logo me chamou atenção. Talvez, é claro, por estar ainda órfão de um bom metroidvania e no aguardo de Silksong e querer jogar tudo que sair similar até lá, mas ainda assim parecia haver algo de interessante ali. Vamos então ver o que percebi nessas quase 10 horas que levei para finalizar o game.
A história de Astronite é bem simples. Você é um agente que tem a missão de ir ao planeta de Neplea, local que era sua terra natal e que há anos foi tomada por uma entidade mística que se apropriou do núcleo do planeta, arruinando-o todo e trazendo um exército de monstros para o local. O intuito é descobrir formas de retomarem ao seu lar natal, porém sua nave cai em Neplea e você fica totalmente sem comunicação com o restante de seu time, precisando apenas sobreviver. O restante da história não segue com tantas surpresas, porém muito bem contada através de diálogos entre personagens ou inimigos que encontra durante sua exploração. A localização para o português brasileiro é excelente e permite o entendimento total da história por todos.
No começo do jogo você possui todas as habilidades aprimoráveis existentes em sua jornada: arma para atirar, jetpack e um propulsor (para aquela famosa corridinha / dash). Como a vida de Astronite não está nada fácil, logo você perde todos seus itens e também terá como objetivo de sua jornada recuperar todo seu equipamento perdido, além de conseguir novos aprimoramentos para acessar todos os locais do mapa. Há pequenos tutoriais para explicar o funcionamento dessas skills que irá utilizar em sua aventura e a jogabilidade é fácil e fluída, sem complexidade nos comandos.
Por falar em mapa, não o achei tão grande assim. Como citei no começo, é possível finalizar com 100% em menos de 10 horas (é claro, sempre dependendo de sua habilidade nas lutas contra os chefes). Por conta disso, em alguns momentos você pode ter uma impressão de linearidade, já que não há tantas opções de caminhos para seguir. Quando você encontra algum extra, logo em seguida verá algum tipo de bloqueio de portão ou de habilidade que não possui, sendo obrigado a voltar pelo caminho certo. A visão do mapa em si é bem intuitiva e sempre mostra onde você está (e sem a necessidade de um item!). Porém, me incomoda o fato de não conseguirmos fazer marcações nele. Tirando um aprimoramento que te permite ver os locais que possuem baús, não haverá nada extra pra ele. Seria interessante poder colocar pins em pontos de interesse para facilitar um retorno futuro. Percebi que me perdi algumas vezes por conta disso.
Uma das formas de conseguir estes aprimoramentos, além de encontrar em locais do mapa, é comprando numa loja com shpirtis (a moeda/ponto de experiência em Astronite), obtidos sempre que se derrota um monstro ou através de baús secretos. Pegando um pouco da essência de jogos souls, sempre que você morre acaba deixando todo este “dinheiro” para trás (podendo guardar até 25% caso tenha um aprimoramento específico), sendo necessário voltar até seu ponto de morte e recuperá-los. A única utilidade dos Shpirtis é essa, ou então para se gastar com teleportes no mapa. Não há nenhuma outra forma de aumento de nível. No começo pode parecer demorado para se juntar os pontos necessários e comprar tudo, porém logo logo você encontrará ótimos locais para farm e poderá rapidamente fazer um bom grind e comprar todos os itens.
Apesar deste detalhe de perder sua experiência / dinheiro se assemelhar a um jogo do estilo souls, não temos outros elementos do gênero. Não há itens de recuperar vida nem qualquer forma de drená-la do oponente, a única forma de cura é através dos pontos de salvamento, que também servem como forma de resetar as salas. Também não achei Astronite um jogo tão difícil assim. Claro, entendo que tenho já certa prática no gênero, mas ainda assim em nenhuma vez eu desliguei o console para respirar durante uma luta intensa de chefe ou fiquei horas empacado em algo. As batalhas são sim interessantes, um pouco complexas e todas necessitam de uma certa curva de aprendizado, porém, nenhuma delas chega o ponto de você achar que venceu e de repente o boss recuperar sua vida ou surgir em uma nova forma complexa.
O conceito que criaram de 1 bit funcionou bem em Astronite. Como disse antes, sempre fico com um pé atrás em títulos com a vibe retrô, principalmente de ficar algo cansativo ou sem qualquer versatilidade no design. Apesar de ter um pouco de ressalva com a pequena variedade de inimigos (que pode até ser justificado pelo tamanho do jogo), os cenários conseguem ser bem variados e você consegue perceber boas diferenças quando sai de um ambiente e vai para outro. Infelizmente já na parte de som não posso dizer o mesmo, que segue como o ponto mais fraco dessa aventura. A trilha sonora é praticamente inexistente e, quando aparece, ou é baixa ou sem qualquer impacto.
De maneira geral fiquei feliz de ter conhecido Astronite e me proporcionou boas horas de diversão. Não há muito o que fazer de pós game, talvez só completar o que pode ter deixado passar para os 100%, e também não enxergo um grande efeito replay. Para quem é fã do gênero com certa acaba sendo um título interessante para conhecer, considerando até por possuir um preço relativamente baixo. Mas caso você seja um novo entrante e queira se aventurar em um bom metroidvania, talvez seja melhor ir logo em um Hollow Knight ou então Ender Lilies, para aí sim desfrutar de histórias incríveis e títulos mais desafiadores e completos.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela JanduSoft.
Veredito
Astronite é aquele jogo que você nem aclama como incrível ou seu favorito mas também não está chamando de ruim. Ele é bom naquilo que deseja fazer e consegue proporcionar interessantes horas de diversão, mesmo não ousando tanto na hora de explorar o gênero.
Astronite is that game that you’re not going to call it amazing or your favorite but it is not bad either. It can be just another simple metroidvania to play during the weekend.
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