Astro Aqua Kitty é mais um jogo da série Aqua Kitty, desenvolvido pela equipe indie Tikipod, responsável por vários jogos indie lançados na última década para as plataformas PlayStation. O grande atrativo de Astro Aqua Kitty, porém, é o fato de ser um dos últimos jogos desenvolvidos e lançados para o PlayStation Vita, o grande portátil da Sony que voltou aos noticiários quando a empresa decidiu fechar sua loja, e depois voltou atrás de sua decisão.
Astro Aqua Kitty também foi lançado para PlayStation 4, mas a decisão de não fazer o jogo cross-buy entre console e portátil, prática corriqueira e comum em jogos indies desde que foi introduzida há muitos anos, me faz questionar quantas cópias a mais a desenvolvedora espera vender ao fazer das vendas exclusivas em cada plataforma.
A história do jogo é breve, praticamente inexistente. O jogador controla um tripulante e um ajudante no comando de uma nave em uma série de meteoros compostos por água e deverá explorá-los, derrotando inimigos, resolvendo puzzles e enfrentando grandes chefes ao final de cada meteoro.
A jogabilidade é mais próxima do conceito shmup (shoot’em up), em que o jogador, no comando da nave, deve não apenas usar todo o seu arsenal de armas, que possuem níveis diferentes e podem ser compradas nas bases espaciais ou deixadas como loot, para derrotar os inimigos, que vem em todos os formatos e também possuem padrões bastante variados de tiro. Requer alguma habilidade reconhecer os padrões de cada um e aprender a desviar de vários projéteis ao mesmo tempo.
Os chefes ao final de cada meteoro também são bastante variados, tanto em tamanho quanto em estratégia, e dependendo do nível de dificuldade escolhido pelo jogador ao começo da jornada, irá exigir maior atenção e armas mais evoluídas para encarar esse desafio no nível apropriado.
Não resta muito além do jogo fora isso, a jogabilidade fase por fase, em que consiste de avanços entre checkpoints, derrotando inimigos menores e resolvendo puzzles, como quests para buscar material ou acertar a ordem de ativação de certos dispositivos, até chegar no chefe, derrotá-lo e seguir para a próxima fase, até o fim.
Apesar da jogabilidade ser um pouco viciante, existem graves problemas com o jogo, alguns relacionados à plataforma e outros relacionados ao jogo em si. Durante as minhas seis horas de jogo, sofri três crashes totais, que me fizeram fechar o jogo e voltar do último checkpoint. Apesar dos checkpoints serem relativamente fartos nas fases, dois desses três crashes ocorreram durante lutas contra os chefes diferentes, após vários minutos lutando contra eles, bem no final quando estava prestes a derrotá-los (é só conferir a barra de vida do chefe na parte superior da screenshot do crash).
Crashes assim não são necessariamente algo extremamente raro ou inoportuno, especialmente para PlayStation Vita, mesmo eu tendo sofrido pouquíssimos nos últimos anos, mas como fazia muito tempo que não pegava um jogo que consistentemente “crashava” tanto, principalmente um jogo relativamente curto, foi algo bem irritante, levando em consideração o momento em que ocorreram.
Outra questão, agora relacionada ao jogo em si, se dá por uma escolha deliberada dos desenvolvedores, que acredito que podia ser trabalhada de outra forma. Ao final de cada fase, é impossível voltar à anterior. Ao final do jogo, seu save file é literalmente “travado” – tentar carregá-lo traz uma mensagem de “THE END” e você não consegue fazer nada além de começar, do zero, tudo de novo.
Para um jogo que incentiva a exploração, a decisão de impossibilitar que o jogador revisite as fases, principalmente após adquirir um arsenal mais robusto, é no mínimo esquisita para um jogo desse gênero. Para os caçadores de troféu de plantão, fica também o aviso que caso você avance sem pegar todos os troféus em cada fase, ao pular para a próxima, é impossível voltar, nem mesmo em save file, que é automático e não permite que o jogador guarde um save próprio para cada fase.
Após analisar tantos jogos de PlayStation Vita ao longo dos anos, decidi dar uma chance para os últimos corajosos que ainda não abandonaram a plataforma, quase uma década após seu lançamento. Astro Aqua Kitty foi uma surpresa no quesito jogabilidade, mas de resto, por ser curto e não trazer nenhum incentivo convincente para replay, acredito que acaba sendo mais uma indicação para aqueles que querem jogar absolutamente tudo da plataforma ou os poucos entusiastas que já tenham consumido todos os jogos do gênero em outras plataformas.
Jogo analisado no PlayStation Vita com código fornecido pela Tikipod.
Veredito
Astro Aqua Kitty surpreende por ser um lançamento para o pequeno portátil da Sony em pleno 2021, que possui algumas falhas graves, porém ainda deve divertir um ou outro jogador ainda disposto a comprar jogos para a plataforma.
Astro Aqua Kitty surprises by being a new release for Sony’s little handheld in 2021, that despite having some serious flaws, it could entertain a few players still willing to buy new games for the platform.
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