Assassin's Creed III: Liberation

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Assassin’s Creed (AC) é uma série fantástica. Poucos jogos conseguem se embrenhar por “ficção histórica” com o detalhamento e capricho que a franquia da Ubisoft oferece… nos consoles de mesa. AC é primariamente conhecido pelos seus 5 jogos lançados para PS3/360/PC, mas a série também dispões de alguns spin-offs para os portáteis PSP e DS. Spin-offs estes que, embora longe de serem jogos ruins, simplesmente não possuem o brilhantismo encontrado em seus irmãos maiores. Mas e quanto ao mais novo spin-off da série, Assassin’s Creed III: Liberation (Liberation) para o Vita? Certamente, em uma platforma tão poderosa quanto o portátil da Sony, poderíamos esperar um AC do mesmo porte dos jogos principais… Mas infelizmente, não é o que ocorre. Liberation é um bom jogo, mas ainda é aquém dos excelentes jogos dos consoles de mesa.

Sua personagem principal desta vez é Aveline de Grandpré, uma assassina residente em Nova Orleans no século XVIII, pouco após a Guerra Franco-Indígena. Aveline é filha de uma mãe negra com um pai europeu, dando a ela traços um tanto ambivalentes. A mãe de Aveline, uma escrava livre, desaparece e a jovem garota logo é recrutada para a Irmandade dos Assassinos, e lá treina sob tutela de Agaté, seu mentor. Aveline então passa a lutar pelo povo de Nova Orleans contra o governo espanhol que assumiu controle local logo após a derrota francesa na Guerra supracitada.

Um ponto bem decepcionante para mim foi o enredo de Liberation como um todo. Os personagens são pouco carismáticos e o enredo é pouco coeso, carecendo de foco e detalhamento. Outros jogos da série nos mostram várias fases da vida dos protagonistas, como o nascimento de Ezio e sua adolescência ou a infância e juventude de Connor. Liberation não se preocupa em explorar Aveline como deveria, tornando-a um personagem bem menos interessante que os outros assassinos da série. Além disso, o elenco de apoio é fraco e a história simplesmente não faz diferença no âmbito maior da série. Tratar o jogo como um produto da fictícia Abstergo é bem interessante, mas é um recurso de narrativa pouco aproveitado e que, no fim das contas, não é suficiente para dar aos acontecimentos do jogo qualquer destaque dentro do universo da série.

Felizmente, o gameplay de Liberation é bem melhor. Usando-se do poder do portátil e sua interface com dois analógicos, Liberation é “pegar e jogar” para qualquer um que teve contato com AC. Aveline é ágil e mortal, escalando prédios e andando por árvores com a mesma facilidade que perfura, atira e esquarteja seus inimigos – tal qual Altaïr, Ezio e Connor antes dela. Existem algumas poucas adições ao combate, como uma zarabatana e uma corda, mas nada muito gritante ou que faça muito para diferenciar Liberation de outros ACs. Com bons controles e uma navegação fácil (embora ainda com alguns problemas de precisão), Liberation está em seus melhores momentos quando mescla combate e fuga.

Uma novidade interessante vem na forma do sistema de Personas (não, nada a ver com a série da Atlus!) para Aveline. Entrando em um Dress Chamber, você pode “vestir” Aveline como uma Escrava (Slave), uma Lady ou uma Assassina, e cada Persona tem suas peculiaridades. Slave deixa Aveline tão ágil quanto sua persona Assassin, mas em contrapartida, sua barra de energia é bem menor e você não tem acesso a muitos dos armamentos de Aveline. Como Lady, Aveline fica bem mais lenta e não pode escalar construções, além de ser limitada em combate por poder usar apenas as Hidden Blades. Entretanto, a Lady pode usar a habilidade Charm para fazer com que NPCs masculinos venham ao seu auxílio, e além disso, a notoriedade ganha pela Lady é a menor de todas as personas. Por fim, a persona Assassin dá a Aveline todo o arsenal que um membro da Irmandade tem direito e toda a agilidade necessária para usá-la, pelo preço de nunca poder estar Incognito e ganhar notoriedade muito rapidamente. Esse sistema de personas é divertido e exige do jogador um pouco mais de estratégia para navegar pelas missões, embora muitas vezes você não seja de fato livre para escolher como quer fazer cada uma delas, ficando preso a uma determinada persona. Ainda assim, é bem interessante.

Por tudo que acerta na jogabilidade, porém, Liberation é prejudicado pelo mal de títulos de primeiro ano, ou seja, a necessidade incompreensível de se dar uso para qualquer função do console/portátil. Reclamei disso quando falei de Ninja Gaiden Sigma Plus (NGS+) e volto a reclamar aqui: qualquer elemento do jogo só deve ser adicionado para melhorar a experiência do usuário, não para balançar o hardware na frente do jogador dizendo empurrando goela abaixo qualquer funcionalidade. Tal qual NGS+ e sua inexplicável mira de analógico e giroscópio juntas, Liberation tem sua gama de gimmicks: roubar itens usando o touchpad, remar com o touchpad, abrir cartas usando a touchscreen e o touchpad ao mesmo tempo, virar a carta contra a luz para destravá-la, menus que só podem ser usados com a touch screen… nada indispensável ou que não pudesse ser feito de forma melhor com controles tradicionais. É difícil apreciar todas as funcionalidades de um hardware quando elas são simplesmente incômodas.

Liberation roda em uma versão adaptada para o Vita da engine AnvilNext, a mesma usada em Assassin’s Creed III. O resultado é um jogo muito belo, mas que sofre com grandes problemas de performance, com um frame-rate muito inconsistente e que por vezes cai ao ponto de ser incômodo. Entretanto, o principal problemas aqui são os bugs. Liberation talvez seja o jogo mais bugado que joguei nos últimos dois ou três anos, e os problemas aqui são inúmeros: pop-up de NPCs, problemas de colisão, personagens que atravessam objetos, companheiros que ficam presos no cenário, inimigos que se recusam a morrer e coisas ainda mais surreais – fique matando crocodilos e eventualmente você verá o que estou falando.

Tudo isso é um grande pesar, porque do ponto de vista de design, Liberation é excelente. Nova Orleans é uma cidade muito mais interessante que qualquer uma de ACIII, com muito mais variedade de construções e vistas. O pântano (Bayou) também é um show, com uma vida selvagem diferente da vista na Frontier de ACIII e oferecendo paisagens ainda não vistas na série.

O departamente de áudio foi uma surpresa para mim. Já esperava uma boa dublagem pelo pedigree de AC, mas a trilha sonora composta por Winifred Phillips me surpreendeu pelo bom gosto e músicas cativantes. Já expressei meu agrado pelas trilhas de Jesper Kyd antes e agora faço o mesmo para o Sr. Phillips – agradaria-me muito vê-lo trabalhar mais no futuro da franquia.

Desde Brotherhood, AC também não fica sem seu Multiplayer particular. Caçar outros jogadores escondidos em meio a NPCs enquanto você usa muito mais seu cérebro que seus reflexos é o cerne do Multi de AC… que simplesmente inexiste em Liberation. O Multiplayer de Liberation é estranho, para dizer o mínimo. Você escolhe uma “tropa”, escolhe onde vai atacar e… espera. Só isso. Ganhar ou perder não parece fazer diferença na quantidade de experiência ganha, e o modo como um todo é muito raso e enfadonho para merecer alguma dedicação. Mais um Multiplayer horrível e desnecessário feito só porque tudo hoje tem que ter Multi? Pode apostar que sim.

Se o Multi falha em sua função de fornecer longevidade, Liberation compensa com uma boa quantidade de conteúdo em seu Single Player. Missões opcionais, colecionáveis, fazer 100% de sincronização… Liberation tem muito o que fazer, embora esse “muito” não chegue nem perto da quantidade quase obscena de conteúdo opcional dos jogos “grandes” da série.

Essa última frase talvez seja o maior resumo de Liberation. Ele tenta ser um AC de console, mas acaba sendo um AC simplificado. Existem dois erros aí: o primeiro é que não existe razão de se tentar colocar em um portátil um jogo de console de mesa. O segundo é que, a partir do momento em que você de fato tenta emular um jogo de console de mesa em um portátil, o jogo do portátil invariavelmente acabará sendo comparado ao seu irmão maior, e sairá perdendo. Não estou dizendo que Liberation seja um jogo ruim – a despeito de todos os problemas citados, ele ainda é um jogo bacana. O problema é que Liberation tinha cacife e potencial para ser muito mais que isso – mas não é.

— Resumo —

+ Belos gráficos.
+ O sistema de Persona.
+ Bom desafio.

Multiplayer horrível.
Enredo fraco que não faz muita diferença na história geral da série.
Número assustador de bugs.
Excesso de gimmicks nos controles.

Veredito

70

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