Você conhece jogos do gênero Roguelike e Roguelite? Vambrace: Cold Soul é um desses títulos que possui ambos os modelos. O fato pode incomodar alguns jogadores, principalmente quando o sistema à lá Dark Souls está presente.
Caso você não saiba absolutamente nada sobre os modelos do gênero, fique tranquilo. Nossa análise mostrará como ambos os sistemas funcionam e o quão chato eles podem ser dentro de um RPG que mistura tantos modos ingratos.
A história de Vambrace: Could Soul começa ainda durante o tutorial, onde os guerreiros enfrentam uma nevasca em busca de suprimentos e encontram uma mulher em meio ao frio intenso, desmaiada à beira da morte.
Seu nome é Lyric, e ela foi a única capaz de atravessar a barreira de gelo da amaldiçoada Icenaire. Questionada pelo povo de Dalearch (cidade construída no subterrâneo de Icenaire), a protagonista conta que recebeu uma carta de seu pai e foi instruída a chegar até a cidade. Seu propósito? Ela mesma não consegue responder, e cabe ao jogador descobrir o mistério por trás da relíquia em seu braço e a maldição que aflige a cidade.
Vambrace: Cold Soul é muito mais complexo do que você pode imaginar. Ele possui muitos sistemas misturados e pode, literalmente, irritar jogadores que não sabem lidar com títulos à lá Dark Souls ou Bloodborne, por exemplo.
O começo é um pouco parado e exige diversas conversas para a coisa começar a fluir. Quando você finalmente tem espaço para explorar a cidade, percebe que ela é bem simples, típica de jogos do gênero. Porém, é preciso deixar bem claro que o fato não diminui a beleza do título, que possui gráficos estonteantes e que combinam perfeitamente com a proposta.
A campanha começa crua, e sua primeira missão é investigar a superfície congelada de Icenaire para encontrar a bruxa fugitiva. Como Lyric é a única capaz de trespassar a barreira amaldiçoada com a relíquia em seu braço, o povo de Dalearch confia a ela parte de seu exército para descobrir o que há por trás da maldição. Infelizmente, os fãs de jogos PT-BR ficarão na mão. Não há legendas em português, o que pode interferir muito no entendimento da história para aqueles que não dominam a língua.
Durante o gameplay, alguns problemas técnicos bizarros tomaram conta do jogo. Em um primeiro momento, não foi possível avançar na história. As missões são marcadas com uma exclamação, e ao chegar no local, ele simplesmente não reconheceu o andamento da aventura e “deixou” que Lyric fosse sozinha explorar Icenaire.
Em um primeiro contato com o título, não é possível identificar que isso é um bug cruel. É IMPOSSÍVEL passar pelas dungeons apenas com um personagem (há espaço para quatro integrantes), e caso você morra, tudo que foi conquistado na aventura se perde. Isso mesmo. Esse é um sistema à lá DS e roguelike, onde o permadeath (Morte Permanente) e combates por turnos predominam.
Para tentar resolver o problema, foi necessário começar um outro jogo. Infelizmente, a mesma coisa aconteceu, fato que fez menos sentido ainda. Em uma área da cidade, é possível encontrar um muro, local onde fica localizado um tipo de “museu”. Ao explorá-lo, o jogo te leva para o ÚLTIMO capítulo da aventura sem mais, nem menos. Não há como voltar e o jogador fica completamente sem saber o que fazer.
Na última tentativa, o título finalmente entendeu o rumo da história e seguiu normalmente a partir dali. Esses problemas ainda podem existir, por esse motivo é bom ficar alerta em casos de anomalias.
No rumo certo da história, Lyric pode chamar ajuda na própria cidade de Dalearch, no acampamento. Lá é possível convidar para o seu grupo diferentes raças de guerreiros, que variam entre raposas, druidas, anões e humanos. Conforme você avança na exploração de Icenaire, novos membros podem ser contratados pelo mural.
Embora o sistema de contratação pareça interessante e super diverso, o título não consegue mostrar de verdade muita diferença entre as classes. Além delas serem super iguais, as habilidades costumam ser sempre as mesmas. Porém, para ser justo, cada personagem possui uma especialidade que pode agregar muito à exploração, como por exemplo, se esquivar de armadilhas ou ter uma expertise maior que os outros em montar acampamentos.
Outro ponto negativo nesse sistema de contratação está na falta de personalidade dos viajantes. Durante a aventura você conhece companheiros incríveis, que super agregariam ao seu grupo. Porém, ao invés disso, sua exploração inteira é composta por gente genérica. Algo que, embora seja compreensível devido ao sistema roguelike (se um personagem morrer, é o fim), deixa a desejar no quesito identidade.
Com seu time montado, é possível explorar Icenaire de forma decente. Ao total são 7 capítulos, e cada um deles é habitado em uma determinada região. Seu objetivo é atravessar as dungeons e chegar ao ponto X do local, e é exatamente nesse momento que Vambrace: Cold Soul mostra sua outra face de gênero: o roguelite.
Ao contrário do roguelike, que possui um sistema de morte permanente e batalhas por turno, o roguelite costuma ser do tipo beat ‘em up ou “alguma outra coisa” em tempo real, mas extremamente difícil. Além disso, os mapas possuem recursos aleatórios e não se repetem a cada nova partida.
Para exemplificar o modo roguelite, podemos usar em Vambrace: Cold Soul as várias ações aleatórias dos cenários, como a fogueira (para recuperar HP e Vigor), inimigos, tesouros, recrutamento e ações de exploração que garantem itens especiais.
O maior problema em explorar a cidade de Icenaire e seus perigos está na falta de pontos de save e a dificuldade em se adquirir itens para vender e ganhar dinheiro. Enquanto estiver na superfície, não é possível salvar o progresso, mesmo que você consiga sair da dungeon e encontre uma fogueira. É preciso continuar avançando com o que tem em mãos, e caso Lyric morra, tudo que foi conquistado é perdido.
Esse sistema à la DS pode frustrar jogadores que esperam algo mais leve e simples. O sistema de batalhas é muito parecido com o de Child of Light, onde os comandos são ordenados a partir de uma barra. Porém, tudo aqui é muito mais devagar e chato. As quedas de frame durante as batalhas não atrapalham, mas incomodam com o passar do tempo.
Para prosseguir na aventura, é preciso farmar itens especiais para forjar equipamentos poderosos. A cada passo dado, os personagens podem perder HP ou Vigor, e se um deles chegar a 0, é a morte. Ou seja, será preciso ficar com um olho no peixe e outro no gato se você quiser sobreviver a essa jornada que mais parece uma cilada.
Vambrace: Cold Soul tem um público muito específico. Não é feito para qualquer jogador, principalmente para os que não têm paciência para títulos com muita dificuldade. As artes são incríveis e alguns personagens são marcantes, porém, é preciso ficar atento para não deixar a raiva se sobressair aos pontos positivos.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Headup Games.
Veredito
Vambrace: Cold Soul não é um jogo ruim. Porém, além dos bugs super esquisitos e quedas de frame, o jogador precisa lidar com uma dificuldade que talvez ele não esteja a fim de enfrentar. Mesmo no modo mais fácil as coisas são difíceis, então pense bem antes de adquiri-lo.
Vambrace: Cold Soul is not a bad game. However, in addition to over-requested bugs and downfalls, the player must deal with a difficulty he may not be willing to. Even in the easiest way things are difficult, so think carefully before you buy it.
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