Análise – Team Sonic Racing

Desconsiderando os títulos antigos como Sonic Drift e Sonic Drift 2, podemos dizer que Sonic começou a ter seus jogos de kart na geração passada com Sonic & SEGA All-Stars Racing. Foi um bom começo para uma série, apesar de ter um gameplay bastante simples. Mais tarde, tivemos Sonic & All-Stars Racing Transformed e ouso dizer que é um dos melhores, isso se não for o melhor, jogo de kart que já joguei. Desafiador, repleto de conteúdo variado e um elenco único.

Quando soube que a SEGA e a Sumo Digital se uniriam mais uma vez para um jogo de kart de Sonic, não poderia ficar mais contente. Porém, ao ver o anúncio em si de Team Sonic Racing, parecia ser um passo para trás e não para frente nesta série. Com esta análise, espero que você possa ver que o jogo é excelente e que em muitos aspectos supera Transformed – porém em outros não.

Team Sonic Racing é completamente focado em carros no chão, portanto não espere aviões e hovercrafts. Isso não é algo negativo: a parte com carros sempre foi a melhor em Transformed e oferecer algo focado nisso (e aprimorado) é bem-vindo. A principal novidade que existe em TSR são as equipes.

Em praticamente todas as corridas você joga com outros dois companheiros. Cada corredor é enquadrado em uma categoria: Speed, Power e Technique. Por exemplo, Sonic, Knuckles e Tails são, respectivamente, personagens dessas três categorias. Como você pode imaginar, os atributos são diferentes para cada caso. Com isso, há 5 equipes de 3 personagens de cada categoria. Exceto o modo história, você pode mesclar as equipes como quiser, apesar do ideal ser um de cada tipo em seu time, pois além dos atributos, personagens do tipo Power possuem acesso a determinados itens que os outros não possuem, por exemplo.

É uma mecânica bastante interessante e que aproveitada com outros jogadores humanos muda bastante o gameplay. Isso acontece porque não é só você que precisa ir bem na corrida: seus outros dois parceiros também. Para ajudá-los, há três mecânicas distintas.

A primeira é a transferência de itens. Ao pegar um item que você não planeja usar, é possível oferecer aos seus companheiros (mesmo estando longe deles). Já a segunda mecânica é um rastro que o melhor dos três deixa na pista. Se os outros dois seguirem esse rastro, ganham velocidade e, ao sair dele, acontece o chamado efeito estilingue, que é basicamente um boost. Há ainda uma terceira mecânica que é um impulso que você pode dar ao seu parceiro quando passar por ele.

Todas essas mecânicas, ao serem realizadas na corrida, aumentam uma barra que fica visível na traseira do kart. Quando estiver cheia, você pode pressionar triângulo e ativar uma invencibilidade e alta velocidade temporária (pense no All-Star Mode dos jogos anteriores ou na estrela de Mario Kart).

Essas coisas tornam o gameplay com amigos muito divertido. Inclusive, o online foi bastante funcional em nossos testes, apesar de ter sido um pouco deserto. Para o jogador solitário, no entanto, essas mecânicas podem ser um pouco frustrantes, principalmente quando você estiver enfrentando situações mais desafiadoras. A inteligência artificial da CPU não é lá essas coisas e desafios que exigem que você vença com ela em boas posições podem deixar você frustrado.

Team Sonic Racing só possui personagens da série Sonic e, ainda assim, é um elenco bastante raso. Personagens como Vector, que claramente poderiam estar em um Team Chaotix, está mesclado com Silver e Blaze. Dava para fazer pelo menos mais dois times com os personagens que existem no universo do ouriço, pois 15 parece ser um número muito baixo para os padrões atuais.

Para compensar, há a customização dos carros. Primeiramente, você destrava as diversas peças usando uma moeda in-game (não há microtransações) em um sistema de lootbox. Depois, pode customizar do seu jeito. As cores realmente ficam a seu critério e há opções consideráveis, mas o layout do carro em si dependerá mais em qual campo você deseja mais desempenho do que a parte estética. Ou seja, se você quer que Sonic tenha uma velocidade máxima melhor do que sua aceleração, precisará escolher peças que ofereçam isso, ao invés de se preocupar com a parte visual.

Não sou uma pessoa que se importa muito com isso, mas posso imaginar que existam casos de pessoas que querem um visual específico, mas não poderão usá-lo porque não fica com os atributos desejados.

Em relação aos modos de jogo, Team Sonic Racing não decepciona. O modo história é interessante e bastante similar ao World Tour de Transformed. Ou seja, são diversas fases em que você deve completar o que se pede. E não só isso: é preciso fazer ações específicas para receber estrelas e chaves.

Há muitos desafios diferentes. Além das corridas básicas e Grand Prix (quatro corridas em sequência), temos fases com objetivos como destruir os alvos (com o item foguete), coletar anéis enquanto realiza drift e destruir os robôs diferentes de Dr. Eggman. É divertido, desafiador e que dá uma vida útil longa ao game. E é aqui que você se frustrará com a CPU como mencionamos: a diversão estará em jogar com outras pessoas, caso tenha essa possibilidade.

O modo história ainda conta com um enredo bastante desenvolvido e que pode ser ignorado completamente. São inúmeros diálogos que envolvem uma trama que gira em torno da razão de Sonic e seus amigos estarem correndo por aí. Porém, você só tem acesso a esses diálogos se escolher a fase com o botão quadrado (ao invés de X), o que os tornam completamente opcionais. É uma história simples e que provavelmente apenas os fãs mais fanáticos darão valor, mas é algo interessante estar presente. Infelizmente, não há legendas em português.

Em relação ao gameplay de Team Sonic Racing é o que você espera: R2 acelera, L2 realiza o drift, X lança itens ou buzina, bola envia ou pede um item a seus parceiros, triângulo ativa o poder da equipe quando a barra está cheia e quadrado é o retrovisor. O analógico da direita (R3) pode ser usado para manobras aéreas e ganhar velocidade ao pousar.

Algo que talvez seja um pouco decepcionante são as pistas de Team Sonic Racing. A sua variedade em termos visuais é pequena, sendo que há praticamente três pistas com uma temática similar entre si. Ou seja, são sete zonas e há três pistas em cada, totalizando 21 pistas no game. Apesar do design das pistas em si ser diferente em cada caso, me refiro aos gráficos delas. Correr na Roulette Road, Bingo Party ou Pinball Highway parece ser a mesma coisa à primeira vista.

Não me considero muito nostálgico, mas Team Sonic Racing era o momento perfeito para trazer pistas de diversos momentos da história do ouriço. No fim, as escolhas foram de uma maneira geral ruins ou estranhas. Há pistas de Sonic Colors, Sonic Heroes, Sonic Unleashed e até Sonic & Knuckles. No entanto, tirando uma ou outra pista, a maioria não representa as fases mais características desses jogos. É algo pessoal isso – você talvez goste das escolhas – mas para mim ficou um gosto amargo.

A trilha sonora, por sua vez, não podemos reclamar. A SEGA divulgou diversas músicas antes do lançamento e promoveu que Jun Senoue estaria de volta. Admito que as trilhas fora de contexto não me chamavam a atenção, mas no game em si ficaram ótimas. Há muitas composições que me cativaram, como a do Time Trial e na hora de customizar o veículo. Admito que a minha preferida foi a que toca na tela de loading, mas infelizmente é um loop curto de nem 15 segundos.

Por fim, os gráficos agradam de uma maneira geral. O jogo roda a 60 quadros por segundo (Transformed tinha um framerate de 30) com algumas leves quedas e, visualmente falando, é um bom título.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela SEGA.