Persona 5 é um jogo de JRPG baseado em turnos da Atlus lançado no fim de 2016 no Japão para PlayStation 3 e 4, e que chegou no ocidente apenas em abril de 2017. Alguns meses depois, a desenvolvedora trouxe Persona 5 Ultimate Edition com todas as DLCS, e agora, em pleno 2020, Persona 5 Royal chega ao mercado para satisfazer os fãs da série.
Embora possa parecer um “jeito Capcom” de se ganhar dinheiro, a Atlus fez questão de anunciar que Royal traria coisas novas que não estavam presentes na versão original. Uma delas, inclusive, estava na adição de uma nova personagem ao grupo dos Phantom Thieves.
Mesmo com o anúncio, muitos jogadores se perguntaram se realmente valeria a pena investir em um jogo “igual”, mas diferente, de certa forma. Porém, a Atlus chegou com tudo e provou que Persona 5 Royal vai muito além de um novo personagem e torna-se, mais uma vez, um dos JRPGs mais que obrigatórios para os fãs do gênero.
Antes de começar a falar sobre Persona, é importante mostrar qual o conceito da série. Ele nasceu como spin-off de Shin Megami Tensei, um jogo que tratava sobre invasões demoníacas, captura de monstros e, principalmente, dificuldade exagerada mesmo nos modos mais fáceis.
Mas o que são essas Personas? Elas são representações dos desejos mais profundos de cada indivíduo, e por isso cada uma delas contam com características distintas.
Agora que você tem uma base do que é, está na hora de falarmos de Persona 5 Royal e o porque ele precisa estar na sua estante.
A história se passa no Japão e traz como principal personagem Joker, mais conhecido como (insira o nome à sua escolha). Ele é o líder dos Phantom Thieves, grupo de ladrões capazes de invadir uma realidade alternativa para mudar o coração das pessoas. Mas calma que não é do jeito que você está pensando.
Como “ladrões do bem”, os Phantom Thieves buscam como alvos pessoas com grandes influências, seja na escola, TV ou na própria máfia. Com o inimigo identificado, os “gatunos” entram em seu mundo distorcido (que nada mais é que a distorção de seus maiores desejos da vida real), roubam o tesouro e transformam o coração do personagem em questão, tendo como consequência, a mudança de seu comportamento na realidade. Parece complexo quando explicado em palavras, mas faz muito sentido quando se está jogando.
Tendo isso em vista, podemos dizer que Persona 5 Royal conta várias histórias paralelas, pois cada missão é bem diferente uma da outra. Porém, de forma incrível, a Atlus conseguiu fazer com que elas se conectassem de alguma forma, sempre levando para algo ainda maior.
É muito difícil pra quem não jogou o título anterior perceber as diferenças atuais, mas é preciso deixar claro, mais uma vez, que elas vão muito além do esperado.
Os palácios, que são uma das principais atrações do título, ganharam um novo design e conteúdo extra: as Will Seed. Graças ao novo Graple Hook, a Atlus pôde mudar tudo de lugar e ainda adicionar novas áreas. Isso inclui alguns enigmas. Então se você jogou a versão anterior, pode se perder em meio a essas mudanças.
Já as Will Seed mencionadas acima, são exclusivas da Royal Edition. Existem três sementes em cada palácio e ao coletá-las, transformam-se num acessório especial exclusivo. Alguns outros itens especiais (além das Seeds) garantem skills extras aos personagens e abrem um leque ainda maior de habilidades, já que cada Persona (com exceção de Joker, que pode capturar diferentes Personas) possui um atributo de ataque específico, como gelo, fogo, eletricidade e radiação, por exemplo.
Para enriquecer ainda mais os palácios com novos conteúdos, a Atlus também trouxe para o título novas Personas e novos padrões de ataques dos chefes. Caso você tenha jogado a versão anterior, poderá perceber que eles estão mais difíceis de serem abatidos já na primeira missão. Essa foi uma jogada de mestre do estúdio para não tornar as batalhas repetitivas e monótonas para quem já viveu essa experiência.
E como estamos falando em palácios e Personas, é interessante enfatizar que alguns monstros aparecem com mais frequência. Na versão anterior, uma Persona especial em forma de diamante surgia no meio da dungeon, e quando derrotada, garantia muitos pontos de experiência e dinheiro. Porém, ela era raríssima. Agora tudo mudou. Além dela aparecer com mais frequência, também há possibilidade dela dar as caras em batalhas aleatórias com outras criaturas, garantindo assim aquele level up tão almejado.
Além disso, há também novos tipos de inimigos, como as Personas “sujas”. Elas contra-atacam todos os seus golpes, mas quando derrotadas, explodem, causando um grande dano nos demais adversários. Eles surgem de forma aleatória, mas são ótimos quando é preciso uma boa estratégia.
Indo um pouco além dos palácios principais, temos também os Mementos, que servem como missões paralelas dentro do jogo. Mishima, o “assessor” dos Phantom Thieves, sempre avisa quando alguém faz um pedido de mudança de coração. Embora elas não sejam obrigatórias, ajudam na barra de “quantidade de pessoas que acreditam na existência dos ladrões” e que, consequentemente, libera novas áreas.
Aliás, é muito bom ver que a Atlus melhorou o uso dessa barra na Royal Edition. Antes parecia que ela não aumentava, não importava o quanto você trabalhava para isso. Agora é possível realmente ver a diferença nos números, que sobem de acordo com as missões (principais ou paralelas) cumpridas.
Ao contrário da antiga versão, onde uma ida aos Mementos era um tanto monótona por ser repetitiva, a atual exploração tornou-se muito mais dinâmica e divertida. Com a adição de um NPC chamado Jose, o jogador pode explorar o local em busca de flores. Com elas em mãos, o jogador pode trocar por diversos itens com o personagem. Além disso, conforme se avança nos andares do calabouço, novos produtos vão sendo liberados.
Além das flores, existem também os selos. Cada caminho possui uma quantidade determinada, e quando trocados com Jose, ele consegue aumentar a quantidade de itens coletados nos Mementos, dinheiro ou experiência adquirida. Existem dezenas de selos espalhados, então não pense que será uma tarefa fácil.
Um ponto negativo dessa história toda é que para conseguir um bom número de flores é preciso começar o calabouço desde o início. Na verdade isso tem seus prós e contras, pois graças aos benefícios dos Mementos, é possível adquirir centenas de itens para as missões principais.
O Jose não tem hora definida para aparecer e seus itens custam caro. Por isso é importante sempre iniciar essa dungeon a partir dos andares superiores. Também é importante ressaltar que quando um equipamento específico chega às mãos dele, ele consegue trazer à tona o verdadeiro poder do item, garantindo skills especiais e poderosas ao jogador.
Embora Persona 5 Royal tenha diversos palácios, Personas e dungeons aleatórias, ele não vive apenas disso. Além de sair mudando os corações por aí, seu personagem precisa ter uma vida social e interagir com outros NPCs. Afinal, passar um dia inteiro no Metaverse pode ser bem exaustivo.
No papel de Joker você tem cinco atributos essenciais para levar uma boa vida em Persona 5 Royal: conhecimento (knowledge), charme (charm), bondade (kindness), competência (proficiency) e culhões (guts). Todas elas são extremamente importantes para o dia a dia, pois existem atividades que necessitam de um certo nível de experiência em cada uma.
Tendo isso em vista, será necessário assistir filmes, estudar ou passar um tempo com seus amigos para ganhar mais pontos em determinadas categorias. Uma coisa legal que implementaram agora foi a possibilidade de criar uma espécie de “assinatura do estudante” para a videolocadora. Antes, para alugar um filme, por exemplo, era preciso se ater a data de devolução, e caso ela passasse, seria necessário pagar um adicional. Agora não existe mais isso e é possível controlar muito bem o tempo gasto.
Outra coisa bem legal que adicionaram em Royal foi a possibilidade de se fazer coisas no Leblanc após chegar do Metaverse. Anteriormente não se podia fazer nada, nem sequer assistir a um filme. Porém, agora você pode estudar para ganhar knowledge, limpar o banheiro para ganhar kindness ou até mesmo jogar videogame para receber pontos na categoria específica.
O sistema de Confidants (pessoas que você forma uma espécie de contrato e garantem passivas especiais para as batalhas) também melhorou muito. Agora é possível aumentar a relação com eles mesmo que você escolha não interagir com aquele determinado personagem no dia. Atividades do cotidiano podem aumentar um pouco da afinidade, acelerando o processo de level up.
Novos personagens no sistema de Confidants foram adicionados, bem como novas habilidades, principalmente nos pactos formados com os integrantes dos Phantom Thieves, aumentando ainda mais as possíveis estratégias nos combates.
Para animar ainda mais a vida daqueles que gostam de Persona, a Atlus trouxe um esconderijo exclusivo para os Phantom Thieves: o Thieves Den. Ele fica disponível em determinado momento da história e pode ser acessado a partir do menu principal.
Dentro do Thieves Den é possível customizar o ambiente com estátuas de chefes, Personas ou até mesmo mudar o ambiente com o tema de algum palácio. Nele também há uma opção “Movie Theater”, que permite assistir a todos os vídeos do jogo e alguns outros especiais.
Tudo que existe dentro do Thieves Den deve ser adquiridos com moedas exclusivas. Elas são adquiridas ao completar certas condições de batalha como Phantom Thieves ou em sua vida pessoa como um estudante comum.
Embora seja uma atração a mais, não há muito o que fazer lá dentro. Porém, ele serve como distração para quem gosta de decorar e deixar o ambiente com a sua cara.
Embora Persona 5 Royal tenha muito conteúdo extra e legal, há certas coisas que não fazem muito sentido. A adição da nova personagem, por exemplo, não parece ter sido muito bem explorada. Existem sim novas cenas que foram criadas para inseri-la, porém, elas aparecem de forma aleatória e um tanto forçada, como acontece com Patty e Flynn, novos personagens inseridos em Tales of Vesperia: Definitive Edition.
Não estou dizendo que a Atlus fez uma escolha ruim ao trazê-la, mas eles poderiam ao menos ter deixado a participação dela a mais natural possível, pois até mesmo quem não jogou a versão anterior poderá perceber a forçação de barra.
Mesmo com esse ponto negativo, o jogo não perde o brilho. As músicas são incríveis e condizem muito bem com os momentos e estilo gráfico. Alguns jogadores podem não gostar do sistema de dias para cumprir as missões e lidar com sua vida pessoal, porém, o jogo é tão bom e divertido que você acaba se acostumando e tratando como se estivesse lidando com sua própria vida.
Persona 5 Royal se destaca de muitas maneiras além de seu conteúdo, e antes de pegar esse jogo para analisar, me perguntei se realmente valeria investir meu tempo em um título que eu já tive a oportunidade de jogar. E não deu outra. A reposta veio já no início, com os menus mais intuitivos, loadings muito mais rápidos e diversas novas possibilidades de exploração na vida social como estudante e nos palácios como um membro do grupo dos Phantom Thieves.
Caso ainda não tenha tido contato com este título, este é o momento. E se você já teve contato e ainda assim está na dúvida, vá sem medo, pois a Atlus faz você esquecer tudo que achava que sabia de Persona 5 com esta nova versão, que embora não tenha legendas em português, agora possui legendas em espanhol.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Atlus.
Veredito
Persona 5 Royal se mostra um JRPG além daquilo que nos foi apresentado há três anos. Mesmo que você já tenha tido contato com o título, vá sem medo, pois a Atlus fez questão de transformá-lo de um jeito que o deixa ainda mais dinâmico, viciante e divertido.
Persona 5 Royal proves to be a JRPG beyond what was presented to us three years ago. Even if you have already had contact with the title, go for it, because Atlus managed to transfor it in a way that makes it even more dynamic, addictive and fun.
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