Não é surpresa pra ninguém que a nossa realidade vem servindo de inspiração para jogos há décadas. Desde shooters baseados nas grandes guerras que tivemos ou histórias de personagens famosos, os videogames sempre se inspiraram na vida real para incrementar o entretenimento.
Mesmo que muito disso se torne divertido, como um Battlefield V utilizar um período sangrento e agressivo da nossa história, alguns jogos tendem a utilizar a nossa realidade para mostrar outros lados, além do entretenimento. Massira é um jogo assim, que apresenta a realidade do conflito na Síria através de um jogo de aventura.
O jogo conta a jornada de Numi e sua avó Yara, fugindo dos ataques e da guerra civil na Síria na simples intenção de sobreviver a toda esse perigo. O foco aqui é simplesmente a jornada que vários refugiados vêm fazendo ao longo dos anos, em abandonar seu país natal em busca de um local pra sobreviver, se arriscando em fugas e situações desumanas ao longo desse trajeto.
Contando a fuga de Numi, o jogo é uma aventura por capítulos, com algumas partes de plataforma e quebra-cabeças. Cada fase mostra as dificuldade da protagonista em se distanciar do conflito e a coloca em situações que muitos refugiados encontram na realidade, como abusos, violência, preconceitos raciais e sociais.
Mesmo de forma simples, o jogo aborda tais temas aos olhos de uma criança, que mal consegue entender toda a situação mas precisa continuar, já que não há para onde voltar. A narrativa aqui é um entendimento básico da realidade do local, que é mais aprofundada com colecionáveis e textos encontrados no jogo, mostrando assim um pouco mais do que realmente acontece.
Apesar de ser tocante pela história e eventos contados, Massira é um jogo e precisa ser visto como tal. Em praticamente todos os aspectos de um videogame, o jogo é simplista demais. Jogabilidade básica, visuais que se perdem entre o artístico e o funcional além da trilha sonora em arranjos simples.
Lógico que a intenção do jogo não é ser um exímio artefato técnico ou uma obra interessante de design, mas a simplicidade excessiva do título acaba tirando o interesse de vários jogadores que poderiam aproveitar e entender melhor uma situação terrível dos dias de hoje. Olhando pelo conjunto da obra, toda a parte técnica e o design do jogo são contrapontos na premissa que Massira oferece.
A quantidade de limitações pela equipe é compreensível e mesmo sendo um jogo de baixo orçamento e qualidade técnica inferior, Massira ainda sim tem um certo charme e apelo, mesmo que muito disso seja mais pela proposta do que pelo resultado final.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Frost Monkey Games.
Veredito
Cheio de boas intenções ao mostrar uma dura realidade, Massira consegue ser tocante e compreensível, mesmo que o estilo visual, limitações técnicas e jogabilidade possam dizer o contrário. A mensagem de que precisamos ser melhores seres humanos ainda sim é compreendida apesar de todos os defeitos que o jogo possui.
Full of good intentions to show a harsh reality, Massira can be touching and lovely, even if the visual style, technical limitations and gameplay may say otherwise. The message that we need to be better human beings is still understood despite all the flaws that the game has.
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