O sucesso da franquia Fate ao longo dos últimos anos é inegável. Seja através dos vários animes que a série ganhou, o gigantesco sucesso do jogo mobile Fate/Grand Order ou até mesmo com as visual novels que deram início a tudo, as guerras entre os vários Servants, personificação de vários Heroic Spirits já vem de longa data e com legiões de fãs ao redor do mundo.
Tentando agradar aos fãs que buscam um novo jogo da série longe dos celulares/tablets, a Type-Moon se une novamente à Marvelous para trazer aos jogadores mais um jogo de ação se passando no universo da série Fate/EX (um dos vários universos da franquia) com Fate/Extella Link, jogo publicado no ocidente pela XSEED Games.
Se passando após o final de Fate/Extella: The Umbral Star, o jogador assume o papel do último mestre da Moon Cell, responsável por governá-la, mantendo a paz na Lua com a ajuda do SE.RA.PH, sistema responsável por invocar os Servants, heróis baseados em espíritos heróicos da história da humanidade para lutar ao lado dos Wizards.
Mesmo após um certo período de paz, uma nova ameaça surge na Moon Cell, cabendo ao jogador, com a ajuda dos vários Servants, evitar que o inimigo tenha sucesso na sua busca por assimilar todas as formas de vida existentes ali, acabando com a liberdade e individualidade de todos. Para isso, o jogador tem o auxílio não só dos 16 Servants presentes no jogo anterior, mas também de 11 novos personagens exclusivos desse título.
A história se desenvolve quase que exclusivamente em forma de visual novel, com as poucas cutscenes presentes sendo apenas a abertura do jogo e alguns momentos em que os Servants usam seus Noble Phantasms (ataques especiais super-poderosos). Existem três rotas diferentes, todas partindo de uma missão inicial e com algumas diferentes ramificações entre elas, sendo necessário terminar pelo menos alguma variação das duas primeiras para liberar a terceira (que é a que possui o “final verdadeiro”), totalizando 27 missões da campanha principal.
As três rotas acabam rendendo uma história bem interessante e surpreendentemente concisa, com alguns diálogos bem engraçados e momentos mais sérios bem legais, principalmente na terceira rota, mesmo ainda sendo claramente um jogo para quem acompanha a franquia, com determinados pontos claramente se tratando de fan-service. Felizmente, após concluir cada rota é possível retornar e fazer as missões separadas individualmente, sem a necessidade de rejogar qualquer uma delas para liberar a missão restante.
Essa quantidade de missões é relativamente pequena, algo que é compensado pela possibilidade de jogar todas as missões novamente no Very Hard após conseguir os três finais e, principalmente, pelo modo Extra Missions, que conta com 40 missões diferentes, contando pequenas histórias independentes da campanha principal. Isso acaba totalizando uma quantidade adequada de missões, com o principal problema sendo a necessidade de se jogar algumas delas incessantemente pelos altíssimos requerimentos de nível que certas missões possuem. Há também um modo multiplayer online 4×4 em que as equipes brigam para ver quem consegue alcançar uma determinada pontuação, algo que é feito conquistando setores.
Esse poderia ser um problema grave caso o gameplay do jogo fosse ruim o que, felizmente, passa longe de ser o caso. Os jogadores que já tiveram contato com alguns dos jogos da Marvelous, especialmente do Studio 1, sabem o tipo de jogo de ação que podem esperar. A jogabilidade é bastante similar a de outros jogos do estúdio, principalmente com o da famosa série Senran Kagura, com a sua própria variação de como um jogo beat-em-up/hack-n-slash moderno deve ser.
Cada missão se passa em um mapa com diferentes setores (não muito diferente das bases em jogos como Samurai/Dynasty Warriors), com diferentes missões entre capturar determinados pontos, derrotar certos inimigos ou defender alguns dos setores sob o seu domínio, tudo enquanto o jogador destrói milhares de Attack Programs comuns (e alguns outros tipos de inimigo a depender do Servant inimigo no momento), algumas dezenas de Agressors (inimigos um pouco mais poderosos) e, principalmente, Shadows e Facsimiles diferentes níveis de cópias dos Servants. Pode parecer repetitivo ou monótono, mas essa simplicidade acaba funcionando em favor do desafio, principalmente nas dificuldades maiores, com planejamento se tornando algo fundamental em determinadas fases (e o jogo faz um trabalho adequado de inserir variações suficientes nos padrões dos mapas.
O combate em si funciona de forma bastante similar ao de Senran Kagura ou Dynasty Warriors, mantendo a base de Fate/Extella: o jogador possui ataques fracos e fortes, sendo possível realizar diferentes combinações entre eles. Os outros dois sistemas de combate retornam do jogo anterior são o Moon Drive, uma barra especial que após carregada pode ser ativada, dando uma série de melhorias ao personagem (não existe, entretanto, um Moon Crux nem pra Nero, nem pra Tamamo) e os Code Casts, uma série de efeitos que podem ser ativados pelo jogador a depender do Mystic Code equipado e que vão de itens de cura, remoção de efeitos à buffs de dano e alcance de ataque entre outros.
O resto dos sistemas principais de Fate/Extella foram levemente alterados, tornando o combate muito melhor e mais ativo do que o anterior. A primeira coisa que se nota é que o número de inimigos na tela é muito maior do que no jogo anterior, fazendo com que os seus ataques pareçam muito mais efetivos do que antes, algo que se torna ainda mais evidente pela presença de outros servants em combate, sendo possível realizar ataques em conjunto com eles através do chamado LINK State, sistema que permite que Servants compartilhem habilidades e ataquem em conjunto. Além disso, agora existem uma série de Active Skills para cada Servant, podendo ter até quatro delas equipadas ao mesmo tempo, que variam ataques especiais que causam mais dano, que paralisam os inimigos ou algum tipo de buff para o personagem.
Algumas dessas habilidades ativas possuem propriedade de classe (se tornando mais poderosas caso o jogador tenha por perto companheiros da mesma classe) e, quando utilizadas contra um Shadow Servant, um Facsimile ou um Servant inimigo podem ativar um Rush Attack. Esse Rush Attack substitui a Extella Maneuver, causando um dano considerável aos servants inimigos, sendo possível, inclusive, realizá-los em equipe, caso o LINK State esteja ativo (o que acontece meramente estando no mesmo setor que um aliado). Completando as funções da Extella Maneuver, agora caso o jogador esteja com o Moon Drive ativado é possível realizar um ataque especial chamado Drive Skill (que é visualmente bem parecido com o final da Extella Maneuver).
Por fim, a outra maneira como o jogo foi alterado é na maneira como o Noble Phantasm, o ataque especial final de cada Servant, é carregado. Antes era necessário pegar três Phantasm Circuits espalhados pelo mapa para só então usar o ataque. Agora, trata-se de uma barra que vai carregando quando se derrota inimigos com o Moon Drive ativado (de forma similar ao próprio MD que carrega a medida que se derrota inimigos normalmente) ou coletando itens especiais espalhados pela fase (quase sempre há um circuit que carrega o 100% do NP e outro que carrega 35%).
Com essas mudanças no combate, era natural que elas se estendessem também aos outros sistemas do jogo. As Install Skills retornam da mesma forma (a grande diferença sendo que agora é possível sintetizar as habilidades para gerar uma Double Skill e IS brancas como uma quarta cor de habilidade), sendo possível melhorar determinados aspectos dos Servants com elas e conseguir bônus ainda maiores ao equipar IS do mesmo tipo lado a lado. Ainda é possível desbloquear novos slots para as IS ao aumentar o seu Bond com os Servants, algo que é feito cumprindo missões secundárias no campo de batalha (indo de fazer um combo de x hits, matar x inimigos em x segundos, realizar x rush attacks e por aí vai), conversando com eles ou usando Code Casts.
Aumentar a ligação entre os Servants e o Master não só abre novos Instant Skills para equipar, mas aumenta a quantidade de habilidades de suporte que aquele personagem pode utilizar.
Antes de cada missão é possível determinar dois Servants de suporte que em combate podem utilizar uma habilidade escolhida pelo jogador, que pode ir de defender o Servant ativo de um combo, rebater projéteis, utilizar seus próprios ataques especiais ao mesmo tempo em que o jogador, entre outras. Por fim, as Command Spells também retornam, com o protagonista podendo agora transportar o Servant para uma área escolhida, além de usar selos para dar mais poder ao Servant ou ressuscitá-lo caso ele seja derrotado.
O outro pequeno detalhe trazido por F/EL é que agora existe uma base onde é possível andar com o seu Servant ativo, falar com os outros na base ou no dormitório, customizá-los no My Room ou partir para as missões na sala de operações. Isso tudo combina para um sistema de combate bastante profundo, customizável e, especialmente, muito divertido, algo que é exacerbado pela boa quantidade de Servants, todos com um papel a desempenhar na história e com habilidades e sistema de combate únicos para si, com a diferença entre as classes (Saber, Archer, Rider, Berserker e Lancer) sendo bem notórias.
Por melhor que a história seja e a possibilidade de interação com os personagens renda bons momentos, o grande destaque realmente vai pro combate, que melhorou imensamente em comparação ao jogo anterior e rivaliza facilmente com jogos semelhantes, em especial os já mencionados Senran Kagura e Dynasty Warriors. O conjunto, portanto, acaba sendo um ótimo jogo, em especial para os fãs da série Fate, que finalmente tem em mãos um jogo de ação feito com bastante cuidado e digno da franquia.
Veredito
Fate/Extella Link é um ótimo jogo, colocando a sua própria identidade no gênero de ação hack-n-slash, com combate bastante divertido e uma história em par com outras da sua franquia, permitindo-o se colocar no mesmo patamar de jogos similares e até mesmo clamar algumas vitórias nesta guerra pela atenção do jogador.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela XSEED Games.
Veredito
Fate/Extella Link is a great game, reassuring its own identity in the hack-n-slash/action genre, with a very fun combat system and a story on par with other things in the franchise, allowing it to go toe-to-toe with similar games and even claim a few wins on this war for the player’s attention.
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