Disgaea 4 é um dos jogos mais peculiares dentro de uma franquia que, por si só, já é bastante peculiar. O mais novo relançamento do jogo é mais uma prova do porquê, mesmo oito anos após o seu lançamento original, ele continua fazendo jus a miríade de elogios lançados em sua direção ao longo dos anos.
Originalmente lançado para PlayStation 3 em 2011 sob o nome de Disgaea 4: A Promise Unforgotten e posteriormente portado para o PS Vita em 2014 com o subtítulo de A Promise Revisited (que, inclusive, eu analisei à época do lançamento, como você pode ler clicando aqui), o jogo agora chega ao PlayStation 4 através de Disgaea 4 Complete+, finalmente dando ao jogo a audiência e atenção que ele sempre deveria ter tido.
D4C+ traz todo o conteúdo lançado como DLC para a versão de PS3 e todas as novidades que foram adicionadas com o relançamento para Vita, fazendo com que essa seja, de fato, a versão completa e mais indicada para treinar os seus prinnies por horas e mais horas rumo aos números absurdos típicos da série.
Falando em treinar prinnies, há algo de muito especial em reviver a história de Valvatorez, o ex-tirano transformado em vampiro vegano e instrutor de Prinnies no Hades, fazendo o seu melhor para preparar essas almas perdidas enquanto continua a tentar cumprir anos atrás de nunca mais beber sangue humano até conseguir temer uma certa mulher. Enquanto isso, Valvatorez vai vivendo sua vida a base de um dos alimentos mais nutritivos que existem e pelo qual ele é apaixonado: sardinhas.
No entanto, os planos de Valvatorez vão por água abaixo quando o Corrupternment, o governo do Hades, em uma ação para tentar reduzir o excesso de habitantes, acaba destruindo a classe de Prinnies formandos e impedindo que ele cumpra sua promessa de dar sardinhas para seus alunos. Ele acaba concordando com o plano criado por Fenrich, seu leal servo lobisomem, para derrubar o Corrupternment e se tornar o novo presidente do Netherworld.
Muita da qualidade da história vem da ótima dinâmica entre Fenrich, o leal servo que faz de tudo para tentar fazer com que Valvatorez volte ao seu antigo poder e se reinstale como um importante e poderoso tirano do Netherworld, o próprio Valvatorez, cuja estupidez e inocência o fazem concordar com as ideias mais malucas para alcançar seus objetivos, e o resto do elenco, em especial Fuka, Vulcanus e Desco, todos cheios de charme (algo que se torna ainda melhor com a fantástica dublagem do jogo).
Esse charme é muito demonstrado talvez naquela que é a marca registrada da série Disgaea e o que faz com que, apesar de nunca trazer roteiros revolucionários ou profundos, as histórias ainda sejam especiais e memoráveis: a qualidade do seu humor. Escrever comédia não é das missões mais fáceis, mas em D4 a Nippon Ichi Software parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre a comédia pastelão da série, entregar uma boa história e criar personagens com personalidades cativantes ao jogador.
D4C+, ao reunir todo o conteúdo das duas versões anteriores do jogo, traz não só a história original do jogo, mas os capítulos extras explorando a história de Valvatorez com essa mulher. Como já havia sido notado na análise do D4: APR, é necessário concluir o jogo para acessar boa parte do conteúdo extra do jogo, algo que não é mais tão incômodo considerando tempo que se passou até esse relançamento, mas que precisa ser apontado.
Algo que eu ressaltei na análise de D4:APR foi o quanto a PhyreEngine usada pela NIS à época do jogo se adequa bem ao estilo anime adotado pela franquia, algo que combinado com as várias opções de customização visual dos personagens e das armas tornava o jogo muito no display do Vita. A mesma coisa é verdade para a versão do jogo para PS4, vendo tudo em full HD e a 60 fps torna a experiência ainda mais agradável aos olhos.
Considerando todo o conteúdo do jogo, com a campanha, os capítulos extras e a inclusão do Item World e do Chara-World, mecânicas especiais para tornar itens e personagens mais poderosos ao explorar os seus “mundos”, D4C+ é um jogo que vai te render dezenas e dezenas de horas, com muito grind, mas que não chega a incomodar pelo quão variadas as batalhas são e o quão desafiadoras elas conseguem ser.
Falando do combate, ele ainda é o bom e velho sistema conhecido da série. Cada estágio vê o jogador movimentando um grupo de até dez personagens por um tabuleiro, com os “heróis” e os seus adversários se movimentando cada um seu turno, sendo possível atacar, usar golpes especiais, itens, arremessar itens ou personagens ou adversários ou optar por defender.
D4 conta com um dos leques mais profundos da série em questão de combos e habilidades que se pode utilizar, trazendo com ele um dos sistemas mais ricos da série. A adição das Peta-level skills trazem um nível ainda mais poderoso (e maluco) de habilidades para lutar contra os inimigos de nível 9.999 e os seus milhões de pontos de ataque, defesa e energia.
Outros sistemas conhecidos da série retornam, como os Geo Blocks e Geo Panels e toda a profundidade que vem em ter que gerenciar os efeitos que esses blocos causam sobre o mapa, sejam eles positivos ou negativos, saber usar a destruição deles em combos para derrotar os inimigos e no geral observar a distribuição dos blocos pelo mapa para melhor planejar o seu curso de ação.
Entre as missões (e suas subsequentes batalhas), é sempre possível voltar ao Hades para melhorar os seus personagens, curá-los ou alterar os seus equipamentos. Além disso, há o Cam-Pain HQ, local através do qual é possível expandir a sua base de operação, de forma totalmente customizável. É aqui que o jogador poderá propor novas legislações ao senado (e comprar votos para aprová-las, caso necessário) e assim melhorar os itens, lojas e personagens disponíveis para se recrutar.
Algo importante que já havia sido adicionado com o A Promise Revisited (e em Disgaea D2) e que retorna aqui é o Cheat Shop, uma loja que permite alterar os próprios sistemas do jogo (como os “truques” que víamos em consoles mais antigos), permitindo personalizar melhor a sua experiência com o jogo da forma que melhor servir a disponibilidade de tempo do jogador.
Essa vasta gama de sistemas e opções fazem de Disgaea 4 Complete+ um jogo muito especial. A série é baseada em distorcer e brincar com a própria fábrica por trás dos clichês que se vê em SRPGs, fazendo com que coisas vistas negativamente em outros jogos, em especial o termo “grind”, se torne algo importante e divertido, sempre lhe dando algo para buscar e algo melhor para conquistar.
Quando se considera o pacote por completo, então, fica claro que Disgaea 4 Complete+ é o port definitivo daquele que é o melhor jogo da série (ou um dos dois melhores). O jogo ficou ainda mais bonito no PS4 e as melhorias trazidas na versão de Vita tornam o jogo ainda melhor do que ele já era no PS3. Esse é um jogo que deve ser jogado pelos fãs de SRPG e que encapsula tudo de melhor que essa histórica franquia tem.
Veredito
Apesar de ser o segundo port melhorado que o jogo recebe, Disgaea 4 Complete+ é mais uma prova do porquê, mesmo depois de tantos anos, D4 continua sendo o melhor jogo da franquia até aqui. A sua história absurda e divertida captura toda a essência do que a série representa e o sistema de combate refinado contribui para que esse ainda seja um dos maiores expoentes do seu gênero.
Jogo analisado no PS4 padrão com cópia digital fornecida pela NIS America.
Veredito
Despite being the second enhanced port of the game, Disgaea 4 Complete+ is yet another proof of why, despite all these years, D4 still is the best game of the franchise so far. Its absurd and funny story captures the essence of everything that the series represents and the well refined combat system contributes to make this title still one of the exponents of its genre.
[/lightweight-accordion]