Colocar uma variação interessante em um gênero relativamente estático é sempre uma boa ideia. Attack of the Earthlings, novo jogo da Team Junkfish, tenta fazer isso com o gênero de estratégia por turnos de forma bem intrigante: colocando o jogador não no papel de seres humanos lutando contra monstros invasores, mas no controle dos aliens cujo lar está sendo invadido por uma corporação humana gananciosa.
Claramente influenciado pela seminal série de filmes Alien, o jogador assume o comando da Matriarch dos Swarmers em uma luta para repelir a invasão da Galactoil Corporation do seu planeta. Para conseguir isso, você precisará avançar pelos diferentes níveis da Galactoil Drill, uma broca gigante cujo objetivo é drenar o planeta de recursos minerais, causando o máximo de destruição possível no caminho e atrapalhando os planos da corporação.
É um plot simples e que pode até mesmo levar até algumas reflexões interessantes, já que coloca os humanos em uma posição diferente da que costumamos ver em jogos, mas mais próximo do local ocupado na cadeia alimentar, e tudo isso é feito com um senso de humor genuinamente divertido, em especial para quem curte o estilo britânico de comédia. Naturalmente, nem todas as piadas funcionam, mas elas adicionam ao charme do jogo. Talvez isso ocorra pela falta de dublagem completa no jogo, mas, pelo menos o pouco que há, é de altíssima qualidade e responsável por diálogos bastante engraçados.
Para alcançar seus objetivos, a Matriarch deve navegar por diversos andares da Galactoil Drill que são divididos praticamente em um grid, de forma bastante similar a como a movimentação pelos mapas em X-COM acontece, usando Action Points para se mover realizar diferentes tipos de ação a depender das habilidades disponíveis. Ao longo das missões, vários objetivos vão surgindo, variando de eliminar inimigos-chave à destruir determinados equipamentos ou se infiltrar em locais específicos e a constante mudança torna cada fase bastante imprevisível e desafiadora.
Essas áreas são até bem expansivas e variam consideravelmente de uma pra outra, já que os mapas são todos pré-estabelecidos, sem nenhum elemento gerado proceduralmente, fazendo com que a exploração das áreas sempre tenha surpresas e desafios guardados para o jogador, que mantém o jogador sempre entretido. Os inimigos são bastante simples no começo, mas com o tempo uma série de guardas inusitados vão aparecendo e, mesmo com uma inteligência artificial bem defeituosa em determinados pontos, punem facilmente o jogador descuidado ou desatento.
Para contra-atacar, o jogo se usa de uma forma bem criativa para permitir ao jogador criar sua própria equipe. Enquanto no começo de cada fase você controla apenas a Matriarch (e deixá-la morrer é game over instantâneo), é possível utilizar biomassa para criar vários tipos distintos de filhotes, cada um com poderes e habilidades distintas que lhe ajudarão a completar as fases. Essa biomassa é adquirida e reabastecida simplesmente comendo os inimigos ou até mesmo os seus filhotes derrotados, afinal, é necessário reutilizar o máximo possível de elementos no espaço.
Isso é especialmente necessário porque quase todos os seus aliens, apesar de contarem com ataques potentes, são bem frágeis, tornando bastante importante ter números largos e capazes de suprimir os soldados inimigos, já que eles são capazes de matar toda a sua equipe bem rapidamente pois, mesmo que a IA não seja boa, eles costumam dar conta do recado quando acionados (inclusive, se prepare para usar alguns dos seus filhotes como escudo para se manter vivo).
A sua disposição estão quatro tipos diferentes de filhotes, cada qual com alguma vantagem em relação aos demais. O tipo-base são os Grunts, uma classe mais equilibrada, com algumas possibilidades para se esgueirar e causar boas quantidades de dano, podendo se usar um pouco mais de biomassa para criar os Goliath, monstros mais poderosos e que funcionam como tanks, Disrupter, que lhe dá possibilidades de causar dano à distância, algo que os outros não possuem, e o Stalker, uma classe mais ágil e mais volta para o stealth.
Apesar de ser um jogo com poucas fases, AotE coloca à disposição do jogador uma série de possibilidades de customização dessas diferentes classes de extraterrestres, com uma árvore de habilidades distinta para cada uma delas. O jogo te dá a possibilidade de resetar a distribuição de pontos à qualquer momento, sendo possível testar diferentes combinações de habilidades a qualquer momento, sendo essa talvez a maior fonte de replay do jogo.
A grande reclamação com o jogo vem em relação aos inimigos que, por ele colocar tanto foco em stealth para sua sobrevivência e o posicionamento deles seja tão bem feito nos mapas que se esgueirar é realmente um desafio, nem sempre os seus erros são punidos adequadamente. Seja alertando cientistas e fazendo-os correr em pânico ou usando portas e máquinas que fazem com que os soldados “investiguem” a área, muitas dessas buscas são feitas superficialmente e se tornam fáceis de evitar quando você entende como elas funcionam.
Outros pontos negativos que se pode apontar é que o jogo tem uma interface de usuário e aparência geral dos menus bem simplória, que tira muito do seu charme, mas nada que atrapalhe tanto. Existem alguns outros problemas na forma como o jogo controla, com uma constante sensação de que os desenvolvedores não pensaram muito em como fazer a transição do PC para o PS4, mas, novamente, são problemas superáveis.
Apesar destes problemas, dos gráficos simplórios e do jogo ser bastante curto e com baixíssimo fator replay, Attack of the Earthlings ainda é um jogo divertido, com diálogos engraçados e, principalmente, um sistema de combate bem feito e que entrega um bom desafio para os fãs de jogos de estratégia, por mais que talvez seja melhor adquiri-lo em uma promoção.
Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Wales Interactive.
Veredito
Divertido e desafiador, se um pouco curto, com gráficos simples e interface estranha, Attack of the Earthlings é um bom jogo de estratégia e traz uma variação bem única e intrigante para o gênero com considerável sucesso.
Fun and challenging, though a bit short, with simple graphics and weird interface, Attack of the Earthlings is a good strategy game and brings a very unique and intriguing variation to the genre with considerable success.
[/lightweight-accordion]